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Castanha        
Baixo nível tecnológico limita castanha-do-brasil
Mesmo valorizada no mercado internacional, castanha sofre com efeitos de estrutura de produção obsoleta e contaminação dos frutos
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Marcelo Pimentel
04/09/2012

Estudo realizado entre 1998 e 2003, pelo Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar, vinculado ao Ministério da Agricultura, analisou um lote de 491 amostras de castanha-do-brasil em busca de rastros de contaminação. O resultado causou preocupação, pois 236 das amostras, quase a metade, apresentava-se contaminada micotoxinas potencialmente cancerígenas. Passados quase dez anos, ainda se trata de um problema de saúde pública, que tem origem em questões técnicas ainda presentes na cadeia produtiva.

De acordo com a pesquisadora Daniela Bittencourt, da área de biologia molecular da Embrapa Amazônia Ocidental, com o passar do tempo, o nível de contaminação tem diminuído em função de uma série de ações que vêm sendo adotadas. Porém, mesmo sem dados oficiais mais recentes, em alguns lotes de produção de alguns estados produtores a pesquisa ainda continua identificando a presença preocupante desses microorganismos.

A principal razão, segundo ela, é o baixo nível tecnológico da cadeia produtiva nessas regiões. Desde o prolongado tempo de permanência do ouriço da castanha com o solo da floresta — onde o fungo que produz as micotoxinas ocorre naturalmente e entra em contato com o fruto —, passando pela quebra do ouriço, pela lavagem, pela secagem e armazenagem, que acontecem na grande maioria das vezes de forma obsoleta, tudo privilegia a contaminação da castanha (ouça a entrevista na íntegra).

Ouriço da castanha: contato prolongado com o solo causa contaminação

Apesar de ser um alimento com alto valor nutricional, rico em selênio, proteínas, vitaminas e ácidos graxos insaturados, enfim, fatores que o valorizam muito no mercado, a sua cadeia produtiva está ameaçada. A comunidade europeia já detectou a presença de níveis de contaminação acima dos permitidos nos frutos e impôs rigorosas restrições ao produto de origem brasileira. Atualmente, a Bolívia, que se tecnificou fortemente nos últimos anos, compra boa parte da produção nacional e comercializa com a Europa por valores até cinco vezes maiores ao da aquisição.

Pesquisadores de várias unidades da Embrapa, universidades e instituições de pesquisa, articulados no projeto de pesquisa Micocast, sob a liderança da Embrapa Acre, buscam contribuir para o desenvolvimento de novas tecnologias e gerar informações científicas que auxiliem no diagnóstico e controle da contaminação da castanha-do-brasil por essas toxinas.

Perspectivas

Mesmo com todas as dificuldades, o potencial produtivo é muito grande. Em 2010, segundo o IBGE, o Brasil produziu pouco mais de 40 mil toneladas de castanha-do-brasil, dos quais, segundo a Conab, entre 25% e 30% são exportados e o restante é consumido pelo mercado interno.

Cuidado com a limpeza das castanhas é fundamental para que cadeia tire proveito do potencial de mercado

Somente nos quatro primeiros meses de 2012, o Brasil exportou cerca de 5 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 6,5 milhões. Algumas estimativas revelam que até 2020 a demanda alcance de 160 mil toneladas de castanha de boa qualidade. Mas para isso, entre outras coisas, as condições de produção precisam ser aperfeiçoadas e produtores devem intensificar procedimentos ligados às boas práticas.
 

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Jornal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.
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Ricardo Leme Ferreira
20/09/2012 11:55:32
A desconsideração em relação a nossa biodiversidade é absurda não apenas em relação a destruição dos recursos naturais como tb em relação ao aproveitamento da mesma. Como pode perdermos mercado de castanha para a Bolivia devido a baixa tecnificação na cadeia produtiva? Há tempos se conhece este problema relacionado a contaminação com micotoxinas. Atitude Brasil!

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