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Tão preocupante quanto o aumento no número de habitantes do planeta – em 2050, seremos mais que nove bilhões de pessoas, 70% em centros urbanos − é o descompasso que existe no fato de que a população crescerá mais em regiões onde é baixa a capacidade de ampliar a produção agrícola.

A ousadia de a vida se multiplicar em locais em que há falta de alimentos é um desequilíbrio que aqui chamamos de assimetria. Para a maioria das espécies, obedientes à regulação da natureza, o normal é a vida florescer onde há fartura de alimentos. Mas, com gente é diferente, já nos ensinou Jair Rodrigues, em “Disparada”: gente não gosta de ser regulada, gosta de ter liberdade para ousar e errar.

Sob condições favoráveis, as pessoas se organizam para produzir com eficiência e garantir sua segurança alimentar. Elas controlam os fatores de produção e de sobrevivência. Reduzem a mortalidade, aumentam a longevidade e, para manter o equilíbrio entre oferta e demanda por alimentos, controlam a natalidade. E há aquelas que, nos desertos ou nas geleiras, com restrições para produzir alimentos e mesmo sem controles de natalidade e de mortalidade, conseguem superar os limites da natureza e fazer suas populações crescerem.

Na Ásia, a China e a Índia, duas entre as três nações maiores produtoras de grãos, com sólidas políticas públicas e investimentos em ciência, já usam grande parte de suas terras aráveis. A maioria dos países da região convive com restrições para expansão da área agrícola e com poucos investimentos em ciência e tecnologia. A África tem muitas terras agricultáveis, mas ainda depende de um amplo esforço de geração e adoção de tecnologias para obter ganhos consistentes de produtividade nas lavouras, eficiência no uso de recursos e estabilidade na produção. Mudanças estruturais profundas, como construção da infraestrutura de produção, são necessárias.

É possível prever, nesses dois continentes, crescente desequilíbrio entre o aumento de população, a sofisticação da demanda (com a melhoria na renda familiar) e a disponibilidade de áreas para maior produção agrícola. A demanda por alimentos, nas próximas duas décadas, deve crescer mais que a capacidade de ofertá-los.

Tudo isso impactará o mercado de alimentos, em quantidade e qualidade, abrindo novas perspectivas para o Brasil (quarto maior produtor de grãos) e países sul-americanos, que reúnem condições para a expansão da produção agrícola. Os avanços da produção local vão garantir a segurança alimentar dos brasileiros e podem suprir a parcela significativa dessa nova demanda internacional. Mas não será tarefa simples.

O Brasil terá que aumentar ainda mais a produtividade na agricultura e pecuária, o que vai requerer novas tecnologias do tipo “poupa recursos” (terra, água, etc.). Só assim poderá liberar pastagens degradadas para cultivo de grãos. Será necessário investir no amplo campo das “novas ciências” (nano, bio e geotecnologias), automação e mecanização, para aumentar a produtividade do trabalho e consolidar a agricultura de precisão em propriedades de médio e pequeno porte, ajudando-os a poupar insumos e viabilizar novos modelos de negócios agrícolas sustentáveis. Inovações em tecnologias da informação e comunicação terão que ajudar mais produtores, sobretudo os de pequeno porte, a participarem desse crescimento.

A intensificação da produção e da movimentação de safras vai pressionar a logística de transporte e armazenagem. Os alimentos terão que circular de forma mais intensa pelo mundo com implicações para a produção, o comércio, a defesa agropecuária, a segurança dos alimentos e a pesquisa agrícola mundial. O Brasil terá que estreitar a malha de monitoramento de pragas e doenças e ser mais ágil em operacionalizar as estratégias de segurança biológica.

Enfim, mudanças cada vez mais rápidas, em cenários mais móveis e complexos. Garantir que assimetrias se transformem em oportunidades para os brasileiros exige que o país aumente a sua capacidade de antecipar mudanças e de redefinir o foco de intervenção dos setores público e privado. Requer, também, mais inteligência estratégica para antecipar e planejar ao invés de simplesmente reagir. Significa a chance de aprofundar a profissionalização da agricultura brasileira. Não é oportunidade que se perca.

 

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Cleso Pacheco
12/12/2013 10:27:17
Parabéns pelo artigo e pela visão abrangente. Me lembrei de uma palestra do nosso querido e saudoso Jorge Bolaños sobre tolerância a seca, num seminário sobre utilização de fósforo, como forma de incorporar áreas marginais ao processo produtivo. Na hora das perguntas eu lembrei Lavoisier e coloquei que também será preciso reaproveitar o fósforo que, depois de seguir seu ciclo de utilização, acaba se acumulando no fundo dos rios e oceanos como também investir muito mais no cultivo das seringueiras. Ele comentou sobre o fósforo e disse que não havia entendido o comentário sobre as seringueiras. Eu completei dizendo que o problema da fome é bem mais complexo e que para rechaçar mais uma vez a expectativa de Malthus, teríamos que envolver muitos outros setores da sociedade nessa discussão em que o látex, sem dúvida, é uma opção muito mais nobre do que para evitar as DST.

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