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Genética Vegetal    
Pesquisa usa novas ferramentas em busca de plantas versáteis
A base dos avanços genético vegetal sempre estará no melhoramento clássico, mas novas ferramentas entram com força no processo e descortinam vastas possibilidades
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Osvaldo Petrin e Marcelo Pimentel
28/11/2012

A necessidade de suprir a demanda mundial de proteína vegetal exige técnicas de produção cada vez mais eficientes e rápidas. Nesse esforço, a ciência do melhoramento de plantas tem papel fundamental e ganha importância a figura do pesquisador melhorista.

A evolução da ciência na busca da planta geneticamente completa e a demanda do mercado por plantas versáteis, que reúnam atributos de produtividade, resistência, adaptação e outros quesitos, impõem mais empenho dos pesquisadores das instituições do governo, das cooperativas e das empresas. É na esteira desse novo desafio que surge o pesquisador melhorista. Lidando com uma complexidade de conhecimentos e ferramentas que estão sendo descobertas agora, ele é o agente dessa evolução.

Conforme o diretor de Inovação e Transferência de Tecnologias do Iapar, engenheiro-agrônomo Adelar Motter, novas ferramentas estão permitindo que o pesquisador introduza características melhoradoras de plantas em maior velocidade. “Hoje existem máquinas que fazem sequenciamento genético em questão de horas – algo que, pelos métodos científicos convencionais, levaria anos. É uma nova dinâmica que coloca biotecnologia e informática a serviço da engenharia genética, alterando os processos de melhoramento”, diz.

Para Garbuglio, melhoramento clássico sempre será a base de todo o processo

A evolução pode trazer alterações paralelas, observa Motter, citando, entre outros exemplos, a perda da hegemonia da ciência agronômica para a ciência biológica. Mas esses conhecimentos são convergentes e representam saltos de qualidade que beneficiam os usuários da pesquisa – técnicos e produtores – e o consumidor final de alimentos.

Transição
Para Ivan Schuster, gerente de pesquisas da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), isso exige do melhorista criatividade para introduzir as novas tecnologias nas variedades e nos híbridos comerciais, “principalmente devido ao grande número de transgênicos disponíveis e demandados pelos produtores”, alega.

Outras tecnologias que serão demandadas com maior intensidade são os marcadores moleculares. Schuster observa que a geração de pesquisadores que está atuando hoje não foi formada usando método como os marcadores moleculares, por isso esses pesquisadores vão ter que desenvolver o processo dentro das instituições. “Para isso vão ter que ser meio autodidatas porque os novos métodos terão de ser incorporados aos métodos já estabelecidos”.

Semente, o grande veículo
Nesse cenário de mudanças, a semente passa a ser o vetor de novas tecnologias como tolerância a herbicidas, resistência a insetos e algumas doenças, aumento da produtividade e, no futuro, tolerância à seca e estresses bióticos (causados por organismos vivos, pragas e insetos) e estresse abióticos (seca, frio, calor, salinidade, alumínio).

A nova semente, que vai incorporar tecnologias de ponta, certamente terá um custo maior – prevê Schuster. Ele acha que o agricultor está disposto a pagar por isso, desde que obtenha o resultado esperado como maior segurança no controle de plantas invasoras e insetos, maior produtividade, etc. Hoje paga-se entre 75 e 80 reais por uma saca (40 kg) de semente de soja; com a agregação de nova tecnologia esse patamar pode chegar a 150 reais/sc. O valor da semente será somado ao que chamou de taxa tecnológica (royalties). Isto já ocorre com o milho, cujo preço, mais do que duplicou em quatro anos. Portanto, o agricultor vai exigir qualidade tanto fisiológica (vigor, germinação) quanto genética (tecnologia e produtividade).

O pesquisador de plantas neste início de século precisa entender de melhoramento genético clássico e áreas afins (fitotecnia, agrometeorologia, fitopatologia), mas também de biotecnologia, biossegurança, propriedade intelectual e estar conectado com novas demandas do mercado.

Deoclécio Domingos Garbuglio, pesquisador do Iapar e doutor em genética e melhoramento de plantas, entende que as áreas de melhoramento e biotecnologia estarão cada vez mais próximas. Critérios de seleção usados durante décadas estão sofrendo alterações com a incorporação de conhecimentos da biotecnologia de modo a otimizar o processo de melhoramento e obtenção de cultivares melhorados. Ouça a entrevista exclusiva do pesquisador concedida ao Portal Dia de Campo.

Nesse sentido, um ponto comum entre os presentes ao Encontro Paranaense de Melhoramento de Plantas é que as disciplinas dos cursos de graduação e pós-graduação precisam ser atualizadas para uma melhor formação dos novos profissionais que irão atender nas empresas públicas e privadas.

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Jornal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.
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