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Irene Santana, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
28/04/2016
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Uma nova tecnologia desenvolvida pela Embrapa capaz de reduzir em até 50% o tempo gasto no melhoramento genético de eucalipto será apresentada na Agrishow 2016 - Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, que na segunda-feira (25/04) e vai até o dia 29 de abril em Ribeirão Preto (SP). Trata-se de um chip de genotipagem, denominado EucHIP60k, que permite a análise simultânea de 60 mil marcadores distribuídos por todo o genoma da planta e que tem elevado potencial de aplicação no setor florestal de vários países, pois foi desenvolvida com base nas 10 espécies de eucalipto mais utilizadas em nível mundial.
O chip oferece como vantagem principal ao setor produtivo florestal a possibilidade de reduzir o tempo utilizado no melhoramento genético, que atualmente varia de 9 a 18 anos, para 6 a 9 anos, o que também impacta a redução de custos. Essa redução do tempo é possível pelo fato de o chip permitir ao produtor plantar apenas espécies selecionadas com as características que ele procura e que podem estar relacionadas à produtividade, crescimento, tolerância à seca e resistência a doenças, entre inúmeras outras. Com isso, o produtor consegue pular várias etapas no processo de melhoria genética.
A inovação é resultado de um projeto financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e foi desenvolvido a partir de dados de sequenciamento de 240 árvores de 12 espécies de eucalipto. O critério para a seleção dos 60 mil marcadores foi, principalmente, a sua distribuição homogênea ao longo de todo o genoma da planta. O conhecimento sobre genômica que levou ao desenvolvimento do chip é fruto de mais de uma década de trabalho do pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Dario Grattapaglia em prol do melhoramento genético do eucalipto. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é uma das unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, localizada em Brasília, DF.
De acordo com o pesquisador Dario Grattapaglia, responsável pelo desenvolvimento do chip de genotipagem de eucalipto, o que mais motiva os cientistas na busca de resultados em prol do setor florestal é a pujança desse setor no Brasil, uma vez que o eucalipto, como matéria-prima da indústria responde hoje por 2% do PIB e figura entre os principais produtos na pauta de exportação, com uma contribuição de US$ 6 bilhões por ano e geração de mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos.
Chip é tecnologia "aberta"
A tecnologia foi transferida inicialmente para a empresa norte-americana Geneseek – maior empresa de genotipagem agrícola do mundo e atualmente responsável por sua comercialização - mas é do tipo "aberta", ou seja, não é patenteada e está disponível para todos os países interessados. Para o pesquisador Dario Grattapaglia, essa forma de trabalho promove o intercâmbio e amplia o conhecimento. "É o futuro da ciência, que não pode ter fronteiras", enfatiza.
O próprio desenvolvimento do EucHIP60k é decorrente de um modelo de negócio inovador, chamado de "crowfunding". Essa forma de fazer negócios pode ser comparada a uma "vaquinha" entre várias instituições para se chegar a um resultado que vai beneficiar a todas. Chips como o EucHIP60K já são amplamente usados em programas de melhoramento genético de bovinos e estão ganhando espaço com as grandes culturas agrícolas. "Mas, no setor florestal, somos pioneiros", afirma Grattapaglia.
A Agrishow é considerada uma das três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo. A feira é uma iniciativa das principais entidades do agronegócio no país: Abag - Associação Brasileira do Agronegócio; Abimaq - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos; Anda - Associação Nacional para Difusão de Adubos; Faesp - Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo; e SRB - Sociedade Rural Brasileira.
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