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A resistência parasitária (RP) causa preocupação entre parasitologistas, veterinários e produtores, fruto das dificuldades no surgimento de novas moléculas. A cada ano, reduzem-se as alternativas ao controle parasitário, devido à adaptação do parasito aos princípios ativos, que cria mecanismos para anular o efeito dos antiparasitários e, assim, sobreviver à sua ação.
Diversos laboratórios públicos e privados oferecem aos produtores testes de avaliação da sensibilidade dos carrapatos aos carrapaticidas. O método de rotina é o Teste de Imersão de Adultos (Drumond et al. 1973) ou Biocarrapaticidograma para avaliação de produtos que agem por contato, tais com os piretróides sintéticos (PS), os organofosforados (OP), o amitraz, o fipronil e as associações de PS + OP.
O produtor deve recolher de 150 a 200 carrapatos adultos, oriundos de animais que não foram tratados há pelo menos 30 dias com produtos de contato ou 45 dias com endectocidas injetáveis (avermectinas). Esses carrapatos devem ser colocados em caixa de papelão com entrada de ar e enviados imediatamente ao laboratório (Martins e Furlong, 2005) .Os parasitos são separados em grupos e imersos em soluções padronizadas de cada princípio ativo a ser testado, sendo colocados em placas e levados à estufa com umidade e temperatura controladas para observar sua ovopostura.
A eficácia é obtida através da diferença de eclobilidade observada entre ovoposição e eclosão de ovos oriundos de parasitos tratados em comparação aos parasitos controle, não tratados. Geralmente o teste leva cerca de 40 dias para se obter o resultado.
Que importância tem se conhecer o status da resistência parasitária em sua fazenda?
Ao conhecer a sensibilidade dos carrapatos aos produtos carrapaticidas disponíveis, o pecuarista tem melhores condições para estabelecer programas de controle parasitário eficazes, adotar o rodízio de princípios ativos e agir no momento certo dentro do ciclo parasitário.O surgimento da resistência parasitária ocorre, em geral, pelo uso contínuo de um mesmo parasiticida (seleção genética de resistentes) e/ ou erros na preparação das caldas (mistura), o que leva à formação de populações tolerantes ou resistentes à sua ação. Estes genes da resistência, muitas vezes, já estão presentes na população, em baixa frequência. O uso repetido de uma só molécula faz com que essa proporção vá aumentando gradativamente, pois as novas gerações serão formadas por indivíduos resistentes. Com o tempo, se observa falhas de eficácia do princípio ativo, levando ao abandono do uso de molécula por ineficácia, em caráter permanente.Vale ressaltar que a resistência é permanente e hereditária, ou seja, filhos de indivíduos resistentes, também sobreviverão à ação do produto quando aplicado.
A recomendação de uso de um princípio ativo até seu esgotamento, ou seja, até que não funcione mais e então substituí-lo por outro, teve certa valia quando os lançamentos de novas moléculas eram frequentes. No entanto, estamos há mais de 15 anos sem o surgimento de nenhum novo princípio ativo, que possua um mecanismo de ação distinto daqueles já em uso, demonstrando que a perda de uma molécula representa a redução nas armas do produtor contra os carrapatos.
O rodízio de princípios ativos é muito importante para manter sua eficácia. Cada molécula tem um mecanismo de ação específico: os produtos de contato e injetáveis têm efeito sobre diferentes pontos do sistema nervoso do parasito, enquanto que o fluazuron (Acatak®) atua na formação da cutícula dos carrapatos após sua muda. Assim, o parasito que desenvolve resistência a um determinado grupo, poderá sofrer o efeito de outro.
Este processo deve ser implementado antes que todas as moléculas estejam inativas mantendo a população de parasitos.Em resumo, os testes de sensibilidade são ferramentas importantes de tomada de decisão para o futuro dos programas de controle de parasitos nas fazendas.
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