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A soja louca II é uma grave anomalia presente nas plantas de soja em diversas áreas de lavoura pelo país, principalmente no Norte do Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Pará. O problema causa deformação na planta que chega a não produzir vagem ou reduzir a qualidade dos grãos colhidos por provocar retenção foliar e hastes verdes, que podem até comprometer o processo de armazenagem causando apodrecimento da massa de grãos. A situação se agrava pelo desconhecimento do agente causador da anomalia, o que impede que ações sejam tomadas para evitar a soja louca II. Uma grande rede de pesquisa se formou no Brasil para discutir o problema e tentar descobrir o motivo da anomalia e até o momento os estudos apontam para uma relação entre a soja louca II e a presença de plantas invasoras durante a entressafra.
O fitopatologista Maurício Meyer é pesquisador da Embrapa Soja e um dos cientistas que está a frente das pesquisas. Ele diz que a experiência está mostrando que a anomalia é mais grave e se manifesta em uma área maior quando a dessecação é feita perto da data de plantio da soja ou quando houve muita presença de plantas invasoras. Os efeitos mais brandos da soja louca II nesta safra estão confirmando as suspeitas dos pesquisadores. Este ano a seca foi maior e o cenário foi desfavorável para a formação de grandes quantidades de plantas invasoras. Isto pode explicar porque esta safra está tendo menos problemas com a doença do que a safra do ano passado, em que a intensidade foi maior.
— Na verdade, ainda não existe nenhum estratégia de controle do problema porque ainda não conhecemos o agente causador da soja louca II. À princípio, existem algumas observações experimentais a nível de lavoura que mostram que o manejo na entressafra, principalmente de plantas daninhas invasoras na área é importante e tem uma correlação com o problema. A gente vê que áreas com bastante infestação de plantas daninhas sendo dessecadas muito próximo da data de plantio, normalmente tem uma existência maior da soja louca II. Quando essa dessecação é feita com maior antecedência do plantio da soja ou na entressafra essa área permanece mais livre de plantas daninhas, existe uma redução da incidência do problema — indica Meyer.
A preocupação dos produtores é grande porque não há nada que possa ser feito para diminuir os estragos causados pela soja louca II depois que ela entrar na lavoura. No passado, esta anomalia de abortamento de grãos era causado por um intenso ataque de percevejos ou por um problema de desbalanço nutricional. Porém, o fenômeno que está ocorrendo atualmente nas lavouras não têm a ver com nenhum destes dois motivos.
— Montamos uma parceria de força-tarefa entre a Embrapa, Aprosoja, Fundação Mato Grosso, universidades, associações de produtores e cooperativas. Está havendo uma grande congregação de esforços, estamos estudando este problema e a gente espera o mais breve possível ter um esclarecimento da causa do problema para poder estabelecer as estratégias de controle. Existem algumas distorções que circulam por aí e algumas informações que não têm fundamento. Por exemplo, já ouvi algumas pessoas falarem que a doença ocorre mais em soja transgênica e isso não é verdade. O problema ocorre tanto em cultivares tradicionais quanto em transgênicas e independe também do uso de glifosato na área — explica o fitopatologista.
Outra hipótese que tem sido levantada é a presença de um agente causal tipo fitoplasma. Amostras já estão sendo coletadas em campo e analisadas pelos pesquisadores. Os interessados em maiores informações sobre as pesquisas devem entrar em contato direto com a Embrapa Soja pelo telefone (43) 3371-6000.
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