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A rotação de culturas traz muitos benefícios aos agricultores. É o que mostram as pesquisas e os resultados na prática. A diversidade de culturas na mesma lavoura faz com que haja menos incidência de doenças, reduzindo os custos de produção com a menor necessidade de aplicação de químicos, além da maior fixação biológica de nitrogênio, aumentando a qualidade do solo e dando maior estabilidade às produções. Os agricultores que adotam a rotação de culturas ficam menos suscetíveis a problemas de produtividade, principalmente em épocas adversas como a que está acontecendo nesta safra com os problemas causados pelo La Niña como o atraso e a má distribuição de chuvas. Com o solo em melhores condições, estes produtores vão sofrer bem menos do que os que não adotam a rotação e, consequentemente, vão ganhar mais porque não sentirão uma diferença muito grande na lavoura.
— A rotação de culturas já é bem estudada há muitos anos, mas ainda temos um nível de adoção no campo bem abaixo do que seria o ideal. É uma questão de planejamento. A rotação exige um planejamento de longo prazo e, às vezes, o produtor só se preocupa com o curto prazo. Temos plantações com 25 anos de experiência em rotação de culturas e observamos que em termos de rentabilidade do sistema ela fica mais estável. Os produtores que fazem rotação ficam menos suscetíveis à perda em condições adversas como na safra atual, com o La Niña, em que o produtor precisa do solo com boa qualidade. A rotação é muito importante para ter diversificação do sistema porque você tem espécies diferentes, que produzem quantidades de palha diferentes, com sistemas radiculares diferentes, trazem benefícios como a ciclagem de nutrientes e a própria fixação biológica de nitrogênio com as culturas de cobertura ou de interesse econômico, como a soja — explica o engenheiro agrônomo Julio Franchini, pesquisador da Embrapa Soja.
Franchini diz que a melhor opção para rotação de cultura com a soja no Estado do Paraná seria o plantio de milho no verão e não apenas o uso de milho safrinha no inverno. Ele ressalta que é importante que o produtor plante entre 20% a 25% de milho no verão, o que evita, inclusive, problemas com os nematóides da soja. Durante o inverno, a melhor opção seria o plantio do trigo e nas regiões mais frias, ao sul do Estado, o uso de aveia ou nabo forrageiro. Não se deve usar a mesma espécie que está em rotação com a soja. O ideal é que o produtor mude a cada dois anos. Se ele optar pelo trigo deve mudar para outra cultura como o nabo forrageiro depois de dois anos, porque a partir do terceiro ano os problemas com doenças começam a aumentar.
Já na região do Cerrado, o clima é diferente com chuvas mais bem distribuídas, temperaturas mais altas e um período seco bem determinado, impedindo o plantio de culturas de inverno. Para os produtores de soja do Cerrado, a rotação de cultura ideal é com o milheto, que é excelente para fazer a cobertura do solo. Outra opção interessante e que também tem um bom valor econômico de mercado é o feijão-caupi, que é uma espécie leguminosa. Durante o inverno, o ideal é o uso do milho safrinha, que já é bastante utilizado na região. Uma outra opção muito interessante, segundo Franchini, é o sistema de integração lavoura-pecuária.
— Outro sistema que dá a possibilidade de rotação é o sistema lavoura-pecuária. Dessa forma nós estaríamos fazendo a rotação de grãos introduzindo a pastagem no sistema agrícola. A Embrapa tem trabalhado bastante nesta idéia há alguns anos e essa opção melhorou bastante a produtividade das lavouras estudadas. A pastagem tem uma característica muito interessante que é a de recuperar o solo rapidamente, ela tem um desenvolvimento muito bom com produtividade alta. O mais interessante para os agricultores é que ela recupera a parte física do solo, com um sistema radicular bastante agressivo — incentiva.

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