A cultura da banana destaca-se como a principal dentre as lavouras permanentes cultivadas no Acre e uma das mais importantes fontes de renda para o agricultor familiar, além de constituir produto de exportação para outros estados, como Amazonas e Rondônia.
Em dezembro de 1998 chegou ao estado a sigatoka-negra (Mycosphaerella fijiensis), doença mais severa da cultura, que pode causar até 100% de perdas das principais variedades cultivadas. Por causa da sigatoka-negra os produtores acrianos ficaram impossibilitados de vender sua produção para outros estados, devido à portaria do Ministério da Agricultura, que proibia o transporte de mudas e frutos produzidos nas áreas de ocorrência da doença.
As consequências econômicas da sigatoka-negra desde sua chegada ao Acre foram evidenciadas pela perda de 42% na produção total de banana no período entre 1999 e 2001, repercutindo na menor geração de emprego e renda nos diversos segmentos da cadeia produtiva. No município de Acrelândia, o maior produtor de banana do Acre, houve redução de 64% da produção, afetando severamente todas as variedades de banana, principalmente as do subgrupo Terra, as mais plantadas no estado.
Nesse período de crise, na ânsia de resolver o problema do setor bananeiro, foram distribuídas mudas de cultivares de banana, “tidas” como resistentes à doença, a vários produtores da região. Essas mudas passaram por um período de aclimatação no viveiro da Embrapa Acre. Detalhe importante é que ainda não tinham sido avaliadas e nem recomendadas pela Embrapa Acre para plantio nas condições de clima e solo do estado quando foram repassadas aos produtores.
Em visita aos vários locais de produção de banana e conversando com os produtores, percebe-se que a maioria dos que receberam mudas das cultivares “ditas” da Embrapa têm uma percepção diferente daqueles produtores que receberam mudas cuja adaptação às condições ambientais do Acre foi avaliada e validada pela pesquisa. A grande reclamação dos produtores é que as mudas apresentaram problemas de pragas, doenças e pouca aceitação pelos consumidores.
A introdução de todo material vegetativo em um ambiente novo deve passar por um período de pelo menos três anos de avaliação científica para se garantir os resultados esperados. O material ideal para o ambiente em estudo é selecionado por meio da pesquisa, evitando danos e prejuízos aos produtores. A pesquisa também realiza teste de aceitação das novas cultivares junto aos consumidores.
Desde o surgimento da sigatoka-negra no estado, a Embrapa Acre desenvolve pesquisas em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), para encontrar alternativas da doença que não sejam agressivas ao meio ambiente, entre elas o uso de variedades resistentes. Fruto dessa parceria foi a recomendação em 2003 das variedades de bananas do tipo prata, Preciosa e Maravilha.
Quando maduros, os frutos dessas cultivares apresentam polpa de coloração creme e sabor doce com baixa acidez e rusticidade. Cultivadas sob irrigação e condições nutricionais adequadas, a produtividade pode chegar a 50 toneladas por hectare.
As duas variedades têm como característica mais importante a resistência à sigatoka-negra e ao mal-do-panamá. A Preciosa e a Maravilha foram recomendadas na mesma época em que as “tais mudas de banana” foram distribuídas, causando confusão para o produtor.
A fim de evitar problemas como esse, é importante que antes de iniciar o plantio, o produtor procure o serviço de extensão rural para se informar sobre as mudas de banana que deve utilizar. Anualmente a Embrapa Acre capacita extensionistas do estado para atuar como multiplicadores de conhecimentos sobre essa cultura junto às comunidades rurais. A informação e o conhecimento ainda são aliados importantes e podem garantir o sucesso da cultura da banana, evitando prejuízos ao produtor rural e assegurando frutos de qualidade para o consumidor.
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