Quando se pensa em comprar mudas de plantas frutíferas, ornamentais ou de qualquer outra finalidade logo vem a imagem de uma planta com muitas folhas bem verdes, ereta, grande e aparentemente saudável. O problema está no aparentemente saudável! Não custa nada lembrar que a boa produção de um pomar, por exemplo, depende da qualidade das mudas. Muitas vezes o agricultor pensa que o pouco desenvolvimento e rendimento do pomar se devem a problemas da terra ou de adubação, quando na verdade a origem de tudo pode estar na má qualidade das mudas, provenientes de plantas matrizes contaminadas por pragas e doenças. E vale enfatizar que a primeira medida de manejo de pragas e doenças a ser tomada em qualquer situação é justamente evitar com que fungos, bactérias, nematoides, vírus e insetos adentrem a propriedade escondidos nos materiais de propagação.
Existem algumas doenças cujos patógenos sobrevivem no solo por anos e mais anos, sendo praticamente impossível eliminá-los da área onde estão instalados, impedindo, dessa forma, uma produção rentável ao produtor. Exemplos assim são observados nas plantações de banana-maçã, muito suscetível ao “Mal-do-panamá”, doença que praticamente impede sua produção comercial nas áreas afetadas; ou doenças de parte aérea como o greening nos pomares de produção de citros, cuja forma de manejo após sua detecção tem sido a eliminação das plantas para evitar maior disseminação da doença para outros pomares.
Esse tipo de problema não está restrito apenas a grandes produtores, ocorre também, e talvez em maior número de vezes, com pequenos produtores e demais consumidores que resolveram comprar suas plantas sem o cuidado ou assistência técnica necessários. Mas então como adquirir plantas isentas de pragas e doenças? O primeiro passo é comprar as mudas em um viveiro certificado. O viveiro deve ser registrado na entidade certificadora e fiscalizadora do Estado, para tanto há necessidade da existência de um responsável técnico pelo viveiro e cumprimento de todas as normas estabelecidas quanto a qualidade e sanidade dos produtos ali comercializados. Cada estado possui sua própria entidade certificadora, informação que pode ser consultada no sitio de Internet do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no seguinte endereço http//www.agricultura.gov.br.
A facilidade em encontrar um caminhão vendendo mudas das mais variadas espécies, porém de viveiros não certificados, não deve ser levada em conta, visto o risco que se corre em comprar uma muda de baixa qualidade ou até contaminado por pragas e doenças de difícil controle. O agricultor que trabalha com o fornecimento de materiais genéticos, como mudas frutíferas, necessariamente precisa tomar cuidados que vão desde a escolha do método de propagação até a instalação e manutenção dos viveiros, garantindo assim a sanidade de seus materiais. Compre sempre mudas de viveiristas credenciados, já conhecidos, e observe se o viveiro oferece garantias da sanidade e identifica corretamente suas mudas.
Essa preocupação pode até parecer um pouco exagerada, mas nossa história nos prova que não. Um exemplo do impacto da introdução de uma praga ou doença em uma área foi a instalação do cancro cítrico, em 1957, na região oeste do Estado de São Paulo e sua posterior disseminação para o resto do País. Há mais de 50 anos se combate essa doença nos pomares comerciais e domésticos de laranja, limão e tangerina, e mesmo tendo-se arrancado e queimado milhares e milhares de plantas na tentativa de erradicação da doença, até hoje, se detectam plantas e mudas em viveiros contaminadas pela bactéria em praticamente todos os estados do Brasil. E tudo isto começou com a simples aquisição de mudas ou ramos contaminados, provavelmente importados da Ásia.
Ao interessado em começar a trabalhar como viveirista, seguem algumas recomendações para instalação e manejo de um viveiro de mudas: (a) o local deve ser isolado, distante de pomares, limpo, arejado, organizado, com pessoal treinado para trabalhar nesse ambiente; (b) evitar temperatura, umidade e luminosidade extremas; (c) atentar ao substrato (terra de barranco ou subsolo) livre de qualquer tipo de patógeno e com adubação adequada; (d) utilizar água de boa procedência, evitando-se contaminação das plantas do viveiro no processo de irrigação; (e) na possibilidade de construir bancadas elevadas do solo para colocar as mudas, fazer com que elas não recebam respingos vindos do solo; (f) manter sempre limpas as ferramentas de trabalho no viveiro, bem como as ferramentas de enxertia, podendo-se utilizar hipoclorito de sódio 1% (água sanitária) na limpeza desses materiais; (g) utilizar sementes sadias - várias doenças e pragas podem atacar seriamente as mudas ainda no viveiro, destruindo-as ou depreciando sua qualidade.
Muitas vezes o viveirista não percebe a presença de doenças ou pragas na ocasião da compra das mudas, pelo fato de elas estarem atacando as raízes, caules ou por serem insetos minúsculos. Dessa forma, quando o pomar é implantado, as doenças e pragas podem se manifestar de forma mais intensa, causando a morte ou reduzindo o desenvolvimento das plantas ou contaminando um pomar já implantado. Algumas doenças e pragas, como cancro cítrico, viroses, nematoides, leprose e ácaros, podem ser disseminadas a longa distância por meio de mudas contaminadas. Por essa razão, ao adquirir as mudas, o fruticultor deve estar ciente da presença ou não dessas doenças e pragas no local onde as mudas são adquiridas. Dessa forma, além da fiscalização própria, o comprador deve exigir um certificado de garantia e um atestado de sanidade.
Caso o produtor deseje fazer suas mudas na propriedade, ele deve tomar uma série de medidas fitossanitárias para que suas mudas apresentem, por ocasião do plantio, um bom aspecto fitossanitário, que são as seguintes: (a) escolher sementes sadias para formação de porta enxerto, de preferência de plantas menos susceptíveis ao ataque de doenças, e tratá-las com fungicidas apropriados antes da semeadura; (b) escolher garfos ou borbulhas de plantas resistentes às doenças; (c) tratar o substrato a ser utilizado no enchimento dos sacos de mudas com objetivo de evitar a contaminação por fungos de solo, bactérias e nematoides fitopatogênicos; (d) evitar danos mecânico e fitotoxides durante os tratos culturais, capinas, adubação, irrigação e aplicação de defensivos; (e) realizar inspeções diárias no viveiro visando detectar pragas e do
|