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Manejo da Lavoura      
Cupuaçu é alternativa de renda para agricultura familiar
Projetos de capacitação estimula produção da fruta, que conta com boa valorização no mercado
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Felipe Rosa, Embrapa Amazônia Ocidental
29/01/2014

Cultivar o cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum), árvore que produz o cupuaçu, pode ser uma boa alternativa para o agricultor familiar. A valorização no mercado e o aproveitamento total do fruto por diversos segmentos da agroindústria comprovam isso. No entanto, a incidência de pragas e doenças tem desencorajado alguns produtores a investir na fruteira. Neste contexto, a Embrapa Amazônia Ocidental, em parceria com instituições como o Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas), tem realizado capacitações em boas práticas agrícolas da cultura, com o objetivo de ajudar o agricultor a identificar as principais ameaças aos plantios e as formas de controle destes problemas.

Na sexta-feira passada, 24, foi a vez do município de Rio Preto da Eva receber a capacitação. Durante todo o dia, cerca de 40 agricultores familiares do Ramal do Tucano aprenderam sobre diversos aspectos relacionados ao cupuaçu, como importância econômica, propagação e implantação da cultura, além de coleta e beneficiamento do fruto. Porém, foi a parte do curso que abordou as doenças e pragas que mais chamou a atenção dos agricultores.

Para Manuel dos Santos, agricultor familiar que possui cerca de 50 cupuaçuzeiros, a capacitação foi fundamental para o seu trabalho. “Nós temos muito medo destas doenças e aprender a controlar elas vai ajudar muito no nosso dia-a-dia. Com este aprendizado, até já penso em aumentar a produção, porque fico mais seguro”, comentou. Para o produtor, a vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, era o único problema que afetava a cultura. Durante o curso, porém, aprendeu que existem outros. Entre eles está a broca-do-fruto (Conotrachelus sp), inseto-praga que, se presente no cupuaçu, inviabiliza o seu aproveitamento. “A gente tinha o conhecimento sobre a existência da vassoura-de-bruxa, mas esta broca-do-fruto é uma novidade para nós. É importante conhecer também”, relatou Manuel.

O curso faz parte do projeto intitulado Pesquisas e Inovações Tecnológicas para o Desenvolvimento da Cultura do Cupuaçuzeiro no Estado do Amazonas, coordenado pela Embrapa Amazônia Ocidental para buscar soluções de controle aos principais problemas da cultura. O projeto, financiado pela Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas), propõe ações integradas entre a pesquisa, a extensão e os agricultores, em um processo de pesquisa participativa, com atividades de capacitação a diversos multiplicadores e troca de informações entre os atores envolvidos na cadeia produtiva do cupuaçu.

Conforme a pesquisadora líder do projeto, Aparecida Claret, para controlar estas pragas e doenças é preciso saber identificá-las, para depois fazer o manejo adequado. “Este projeto é uma soma de esforços para poder revitalizar a cultura do cupuaçu. A gente vê que há uma carência de informação de boas práticas que o produtor poderia estar fazendo e não tem feito. Isso tem agravado o problema principalmente com a broca-do-fruto e com a vassoura-de-bruxa”, destacou a pesquisadora, que completou: “é por isso que um dos objetivos do projeto é fazer o máximo de capacitações em boas práticas do cupuaçu”.

Além da identificação correta dos problemas que estão afetando a cultura, o produtor deve tomar alguns cuidados. No caso da vassoura-de-bruxa, é necessário fazer a poda fitossanitária, que consiste no corte dos galhos atacados pela doença, preferencialmente no estágio em que ainda estão verdes. A poda também pode ser feita com as vassouras secas – quando ficam de cor marrom. Após a retirada das vassouras, elas devem ser queimadas ou encobertas, sem ter acesso à luz. Quanto à broca-do-fruto, é preciso fazer o recolhimento diário dos frutos brocados, e queimá-los ou enterrá-los em covas com, no mínimo, 70 cm de profundidade, em local fora do plantio. É importante não deixar frutos abandonados na área de plantio e não mover frutos de locais de ocorrência de broca para áreas sem a infestação da praga.

O produtor que tenha interesse em informações mais detalhadas para controlar os problemas da cultura do cupuaçu ou que tenha outras dúvidas sobre o assunto pode entrar em contato com a Embrapa Amazônia Ocidental, através do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), pelo telefone (92) 3303-7836 ou por meio do e-mail cpaa.sac@embrapa.br.

Cupuaçu
O cupuaçu tem grande aceitação no mercado. De sabor agradável, a polpa é usada para sucos, balas, cremes, sorvetes, licores e iogurtes. As amêndoas, ricas em gorduras e proteínas, podem ser utilizadas para a produção do cupulate e têm espaço na indústria de cosméticos. A casca também tem utilidade, e pode ser aproveitada para artesanato ou como adubo. “Eu vejo que o cupuaçu não é uma fruta qualquer. É uma fruta que dá muito retorno se você souber trabalhar com ela. Já vi o preço chegar a R$ 12,00 o quilo”, destacou o agricultor Manuel dos Santos.

Confiante no retorno financeiro que o cupuaçu pode oferecer, o produtor Ozair Gomes de Britto, também presente na capacitação, plantou, há dois anos, cerca de 700 pés da fruteira. “Acredito que o cupuaçu é uma alternativa muito boa, e acredito que toda a comunidade (Ramal do Tucano), amadurecendo os conhecimentos que teve neste curso, estará, em breve, muito forte na produção de cupuaçu, porque o fruto deixa uma boa renda para o produtor”, disse.

Segundo o técnico agropecuário e florestal do Idam em Rio Preto da Eva, Marivan Marinho, o plantio do cupuaçu já foi muito forte no município, até ser reduzido devido à incidência das pragas e doenças. Agora, conforme o técnico, os produtores estão voltando a ter interesse pela cultura. “Aos poucos, trabalhando com capacitações, estamos tirando o medo do agricultor em plantar o cupuaçu, apresentando as soluções que existem, e assim estamos conseguindo retomar os plantios aqui no município, que tem potencial para o cupuaçu”, destacou.

Queda
O otimismo dos agricultores do Ramal do Tucano pode ajudar a reverter um quadro desfavorável ao cupuaçu. Nos últimos três anos, segundo dados do Idam, a área plantada no Amazonas caiu 54%, passando de 11 mil hectares para aproximadamente cinco mil hectares. A queda se deve justamente à baixa produtividade em consequência da alta incidência da broca-do-fruto, à suscetibilidade das plantas à doença vassoura-de-bruxa e ao manejo inadequado da cultura.

No projeto liderado pela Embrapa Amazônia Ocidental, o objetivo é desenvolver pesquisas e inovações tecnológicas como contribuição para o desenvolvimento da cultura do cupuaçuzeiro no Estado do Amazonas. Em relação à vassoura-de-bruxa, o estudo sobre o seu manejo terá ênfase no controle genético, cultural, biológico e alternativo, de modo que, em curto, médio e longo prazo, sejam produzidas tecnologias de controle da doença, através do manejo integrado. Quanto à broca-do-fruto, busca-se ampliar o conhecimento sobre os aspectos bioecológicos do inseto, para embasar estratégias e táticas componentes do manejo integrado da praga.

O projeto está sendo desenvolvido em rede, em parceria entre Unidades da Embrapa no Amazonas (Embrapa Amazônia Ocidental), Rondônia (Embrapa Rondônia) e Brasília (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) do Amazonas e Rondônia e o Idam.

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