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A cultura do mamoeiro representa grande importância econômica e social para o Brasil e outros países de outros continentes, gerando emprego e renda o ano inteiro. Seu consumo em nível mundial vem crescendo, o que tem se constituído em importante oportunidade e fonte de divisas para o Brasil.

Segundo a FAOSTAT (2015), a produção mundial de mamão atingiu 12,5 milhões de toneladas em 2013, tendo como principais produtores a Índia, Brasil, Indonésia, Nigéria e México. O Brasil, segundo maior produtor, responde com 12,6% da produção mundial.
Conforme dados do IBGE (2014), os Estados da Bahia e do Espírito Santo concentram 71% da produção brasileira.

O volume exportado de mamão mundialmente em 2012 foi de 271,8 mil toneladas, correspondendo a US$ 209,4 milhões. O México foi o maior exportador da fruta, sendo responsável por aproximadamente 40% das exportações. Ocupando a segunda posição vem o Brasil, com 9,6% da exportação, seguido da Guatemala, com 8,2% (FAOSTAT 2015).

Entre as frutas da pauta de exportação brasileira de 2013, o mamão está entre as oito primeiras, com uma participação de 6,4% (Santos, 2013), e o volume exportado neste ano representou menos de 2% da produção nacional da fruta.

Analisando a evolução recente do mamão no mundo, notamos um excepcional crescimento em sua produção. Nesse sentido, entre 2003 e 2013, houve um incremento de 50,1% no volume produzido, sendo que a Índia foi o país que mais contribuiu para esse aumento da produção, tendo passado de 1.692 mil toneladas em 2003 para 5.544 mil toneladas em 2013, o que representou 44,1% da produção mundial. Em 2003 o Brasil era o maior produtor mundial, sendo responsável por 20,5% da produção. Em 2013, esse percentual foi de 12,6%, com o Brasil se colocando na segunda posição entre os países produtores, posição essa que parece sustentar, na atualidade.

Com relação ao mercado mundial, entre 2002 e 2012, houve um incremento de 26,5% no volume das exportações de mamão. Apesar de o México aparecer nos dados da FAO como sendo o sexto país maior produtor, ele é também o maior exportador mundial de mamão, sendo responsável por 39,9% das exportações em 2012.

Liderando as importações, temos em primeiro lugar os Estados Unidos e, em segundo, Cingapura. Os Estados Unidos aumentaram suas importações de 88,5 mil toneladas em 2002 para 142,1 mil toneladas em 2012, o que representou 52,3% das importações mundiais de mamão.

No Brasil, o mamoeiro é cultivado praticamente em todos os Estados. Porém, são nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte que são empregados maiores índices tecnológicos em sua produção.

Os ganhos observados na qualidade e na produtividade do mamão nestas regiões têm sido devidos à melhoria das práticas culturais e à implantação de novos métodos de cultivo. E esse estímulo para produção tem sido decorrente da crescente demanda desta fruta pelos consumidores, considerando que o mamão é a fruta que tem apresentado os maiores incrementos de consumo no país. 

As crises econômicas pelas quais o mundo vem passando nos últimos anos têm influenciado a produção mundial de mamão, o que tem tido seus reflexos também no Brasil. Com isso, área plantada e produtividade, que vinham crescendo bastante nos principais Estados produtores, têm variado nos últimos anos. Como exemplos, podemos citar alguns casos, como o da Bahia, maior produtor nacional, em que a produção caiu de 784,3 mil toneladas em 2003 para 718,7 em 2013, o que representa uma queda de 8,3%. No Espírito Santo, segundo maior produtor nacional, a queda na produção foi bem maior, 40,4%. O terceiro maior produtor nacional é o Estado de Minas Gerais, seguido por Ceará e Rio Grande do Norte. Nestes estados houve aumento da produção nos últimos anos.

No caso de Minas Gerais, o aumento da produção foi acompanhado também por aumento no rendimento médio, que passou de 20,7 mil quilos por hectare para 53,8 entre 2003 e 2013. Este último exemplo demonstra a importância da aplicação de tecnologias na cultura, o que traz imediatos reflexos para a socioeconomia local.

As exportações brasileiras de mamão atingiram 41 mil toneladas em 2003. Esse número caiu para 33,6 mil em 2014. Em 2003 o Espírito Santo foi responsável por 67% das exportações brasileiras. Em 2015 esse percentual caiu para 30,4%. O Rio Grande do Norte aparece como segundo maior exportador, sendo responsável por 26,1% das exportações em 2015.

Considerando os cenários mundial e nacional da produção, consumo interno e exportação de mamão, podemos concluir que existe um grande potencial para as expansões de seu cultivo, com oportunidades de colocação da produção tanto no mercado interno como também para a exportação. Devido à baixa produtividade da cultura do mamoeiro na maioria dos Estados brasileiros, aliada às dimensões territoriais de nossos Estados, o mercado interno apresenta-se como promissor, ainda mais com o crescente consumo dessa fruta no país, conforme sugerem as pesquisas recentemente realizadas. Outrossim, os Estados que estão situados estrategicamente em regiões limítrofes a outros países, como é o caso do Amazonas, poderão se beneficiar das exportações, gerando importante fonte de receitas para a economia regional.

Procedendo a uma revisão de literatura sobre a cultura do mamoeiro no Amazonas, constatamos uma produtividade extremamente baixa, oscilando entre 14,4 t./ha/ano (IBGE, 2009) a 23,9 t./ha/ano (IBGE, 2013).

Pacheco et al. (2006) afirmam que o Amazonas produziu 15.504 t. de frutos, numa área de 646,5 hectares, com um rendimento médio de 24 t./ha/ano. Afirmam ainda que o Amazonas possuía 797 produtores, com um módulo médio de 0,81 ha/Produtor.

Três anos depois, o IBGE (2009) reporta que a quantidade produzida no Amazonas foi de 9.684 t. de frutos, numa área colhida de 675 hectares, de uma área total estabelecida de 695 hectares, com uma produtividade de apenas 14,4 t./ha/ano. Relata ainda o IBGE que naquele ano o valor da produção foi de R $ 1.462 (mil reais).

Por sua vez, dados mais recentes do IBGE (2013) relatam uma produção física do Estado de 21.682 t., de uma área colhida de 908 hectares, de um total de 1.017 hectares implantados, com média de produtividade de 23,9 t./ha/ano. Para o ano 2013, o valor da produção foi de R $ 38.644 (mil reais).

No ano de 2009 a Embrapa Amazônia Ocidental realizou um experimento no município de Iranduba, onde testou quinze cultivares de mamoeiros do grupo varietal “solo”. Destas, doze foram introduzidas do Estado do Espírito Santo, uma foi do material mais cultivado pelos produtores da COOAPIR de Iranduba, a cultivar denominada Regina e, duas cultivares foram adquiridas no comércio local de Manaus, sendo uma da Empresa Isla e a outra, da Empresa Plus Seed. Para a instalação e condução do experimento, foi aplicado um elevado grau de tecnologia, replicando as técnicas empregadas nas áreas de cultivo do Estado do Espírito Santo, o detentor da maior produtividade do país, cerca de 72 t./ha/ano. Mesmo enfrentando todas as condições adversas de clima e solo do Amazonas, em apenas seis (6) meses de colheitas foi possível bater o record de produção do Amazonas, com a cultivar Caliman 01 (Calimosa) produzindo cerca de 37 toneladas de frutos de padrão comercial, superando em 51% a cultivar mais plantada pelos agricultores de Iranduba na época, a cultivar Regina, que produziu nos mesmos seis (6) meses cerca de 18 toneladas. Quanto as cultivares adquiridas no comércio local, Isla produziu 19 toneladas (48% a menos que a Caliman 01) e a Plus Seed, 12 toneladas (68% a menos que a Caliman 01). Esse experimento, que foi conduzido entre os anos 2009 e 2010, foi amplamente visitado pelos produtores da região de Iranduba e de Manacapuru, que puderam constatar, in loco, a superioridade da cultivar Caliman 01, que ficou aqui na região amplamente conhecida pelo nome de Calimosa. Esta cultivar, por ser um híbrido produzido pela Caliman Agrícola S. A., empresa sediada no município de Linhares/ES, teve desempenho superior a todas as demais, certamente pelo vigor híbrido que possui, considerando que ela teve origem no cruzamento entre mamoeiros de dois grupos varietais distintos, ou seja, um progenitor do grupo Solo e o outro, do grupo Formosa. As flores das cultivares de mamoeiros do Grupo Solo não toleram elevadas temperaturas do ar, ao passo que as do Grupo Formosa são mais adaptadas a essa condição desfavorável que, aqui no Amazonas, é muito frequente.

Os dados levantados até agora pela Embrapa Amazônia Ocidental mostram ser possível produzir aqui no Amazonas mamão em escala competitiva, tanto para atender ao mercado brasileiro como também, em especial, para as exportações para outros países, com destaque para o maior importador em todo o mundo, os Estados Unidos. Manaus, que possui um dos melhores aeroportos internacionais do país, dista de Miami por via aérea 3.880 km, com tempo estimado de voo de 4 horas e 49 minutos, ao passo que, o Estado maior produtor de mamão do país, a Bahia, tem uma distância entre o seu principal aeroporto (Salvador) a Miami de 6.241 km. Estabelecendo-se essa mesma comparação, desta vez com o segundo produtor nacional, temos a distância entre a capital do Espírito Santo (Vitória) e Miami de 6.697 km. Esses dados mostram claramente que a posição geográfica do Amazonas é bastante favorável a esse comércio internacional, apresentando vantagens sobre os dois maiores produtores nacionais, um do nordeste e o outro do sudeste brasileiro.

Destaca-se que a marca Amazonas, amplamente difundida no mundo, é outro diferencial nesta competição que favorece nosso Estado. Ademais, com cerca de 97% da mata preservada, esse Estado, que detém o maior percentual do território nacional entre seus entes federados, possui quantidade de área aberta suficiente para a prática da agricultura, sem a necessidade de se efetuar novos desmatamentos.

No ensaio conduzido com mamão pela Embrapa Amazônia Ocidental, além da produtividade de frutos comerciais, foram avaliadas também diversas outras características, tais como produção de frutos não-comerciais; número de frutos comerciais; número de frutos não-comerciais; números de folhas e correlações com a produção; estado nutricional das plantas; teores de nutrientes avaliados no limbo e no pecíolo foliar; avaliações de doenças, etc., tudo para as quinze cultivares avaliadas. Essas informações estão sendo organizados para em breve serem publicados em revistas científicas indexadas, bem como em Comunicados Técnicos da Embrapa, para serem disponibilizados ao produtor do Amazonas. Novos projetos estão sendo preparados para o Amazonas, desta vez com o enfoque em Produção Integrada de Mamão, sistema esse que poderá, definitivamente, colocar a cultura do mamoeiro no circuito nacional e internacional da produção e comercialização desta fruta de grande valor nutricional. O Sistema de Produção Integrada é um sistema baseado na sustentabilidade, aplicação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes, utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos procedimentos e a rastreabilidade de todo o processo, tornando-o economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo. Cumprindo as Normas Técnicas Específicas deste sistema, o produtor poderá obter o Selo de Conformidade, o que lhe garantirá vantagens competitivas, especialmente nos mercados internacionais.

Diante dos fatos aqui apresentados e fazendo-se uma análise ampla das possibilidades, concluímos que é possível sim o Amazonas se tornar um grande produtor e exportador de mamão de qualidade.

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