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Nutrição Animal      
Nova cultivar de capim-elefante apresenta produtividade 30% maior
BRS Capiaçu produz cerca de 50 toneladas de matéria seca por hectare/ano
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Rubens Neiva, Embrapa Gado de Leite
13/10/2016

Cerca de 50 toneladas de matéria seca por hectare/ano, média de 30% a mais do que as cultivares disponíveis. Essa é a produção da BRS Capiaçu, nova cultivar de capim-elefante, que será lançada pela Embrapa Gado de Leite no dia 26 de outubro. Entre as principais cultivares de capim-elefante, a BRS Capiaçu é também a que apresenta o maior teor de proteína (ver tabela 1).

Capiaçu, em tupi-guarani, significa "capim grande". A cultivar não nega o nome, ultrapassando cinco metros de altura. O resultado é alta produção de biomassa. "Essa é sua melhor característica", afirma o pesquisador Mirton Morenz. A gramínea é indicada para cultivo de capineiras. No período da seca, pode ser fornecida para os animais picada verde no cocho ou como silagem.

Potencial de produção e valor nutritivo
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Tabela 1: A BRS Capiaçu se destaca pela alta produtividade e qualidade da forragem, quando comparada com outras cultivares de capim-elefante (plantas com 60 dias de crescimento)

A vantagem de utilizar o capim verde é que, assim, apresenta maior valor nutritivo. Conforme explica Morenz, "quando o capim é cortado aos cinquenta dias, chega a ter 10% de proteína bruta, índice superior ao da silagem de milho, com cerca de 7%". O teor de proteína cai para 6,5%, com o corte aos 90 dias e 5,5%, cortado aos 110 dias. O processo de ensilagem também diminui a quantidade de proteína, que passa a possuir um teor pouco acima de 5%.

Silagem de Capiaçu
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Tabela 2: 1 – Base da matéria seca; 2 – Proteína Bruta; 3 Fibra em Detergente Neutro; 4 – Digestibilidade in vitro da Matéria Seca; 5 – Energia Metabolizável

Segundo o pesquisador Antônio Vander Pereira, que coordenou o desenvolvimento da cultivar, a forrageira representa uma alternativa para a produção de silagem de baixo custo. "O que se gasta com a produção de silagem de BRS Capiaçu é três vezes menos comparado à silagem de milho ou de sorgo", diz. O valor nutritivo é comparável à silagem das forrageiras tradicionais e superior ao da cana-de-açúcar.

Para atender aos requerimentos energéticos e proteicos do rebanho, tanto na silagem de milho quanto na de BRS Capiaçu, a suplementação concentrada é necessária. Comparando as duas silagens na alimentação de vacas em lactação, a silagem de BRS Capiaçu implica na necessidade de maior quantidade de concentrado na dieta. Mas, segundo Morenz, ainda assim, seu uso é economicamente vantajoso, por causa do menor custo de produção.

Melhoramento genético do capim-elefante
A BRS Capiaçu foi obtida por meio do Programa de melhoramento genético de capim-elefante da Embrapa. A cultivar é o resultado do cruzamento de variedades pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma de Capim-Elefante (BAGCE), mantido pela Embrapa. O Programa foi criado em 1991. A primeira cultivar desenvolvida foi a Pioneiro, lançada em 1996. Em 2012, lançou-se a BRS Kurumi, que, por apresentar porte baixo, é mais adaptada ao pastejo rotacionado.

Foram necessários 15 anos para se desenvolver essa nova variedade de capim-elefante. Vander explica que uma série de cruzamentos e avaliações foram conduzidos. Os cruzamentos deram origem a cerca de dois mil híbridos, tendo sido selecionados apenas 50 materiais promissores, que foram testados em 17 estados pela Rede de Ensaios em Capim-Elefante. Os híbridos com melhores resultados foram a BRS Capiaçu, com boa adaptação em todo o Brasil, e a BRS Canará, que apresentou boa adaptabilidade em capineiras para os biomas amazônico e cerrado.

"A boa adaptabilidade das gramíneas africanas às condições brasileiras é responsável pelo sucesso da pecuária brasileira", avalia Vander. O uso das gramíneas nativas, foi sendo substituído paulatinamente, por variedades exóticas, que encontraram aqui as condições de solo e clima ideais para se propagarem. De forma acidental, essas variedades chegaram ao Brasil junto com os escravos entre 1530 e 1850. Forrageiras como colonião, Jaraguá e capim-gordura vieram como cama nos navios negreiros.

Em meados do século passado, foram introduzidas na pecuária nacional algumas variedades de braquiária. No entanto, foi nos anos 1990 que o melhoramento genético ganhou o contorno que tem hoje, com o desenvolvimento de diversas cultivares. "O melhoramento genético de forrageiras tropicais é um dos pilares da pujante pecuária do Brasil, o segundo maior produtor mundial de carne e o quinto maior produtor de leite", conclui Vander. O País possui um dos maiores programas de melhoramento de forragens do mundo e exporta cultivares para a América Latina e para a própria África.

O lançamento da BRS Capiaçu ocorrerá na semana em que a Embrapa Gado de Leite comemora 40 anos de fundação. No dia 26, no campo experimental da Unidade, em Coronel Pacheco (MG), será realizado um dia de campo apresentando informações sobre a nova cultivar. A área de negócios da Embrapa Gado de Leite selecionou viveiristas para produzir mudas de BRS Capiaçu, visando sua distribuição em todo o Brasil. A cultivar deverá ser comercializada em meados de 2017. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (32) 3311-7559 ou pelo e-mail samuel.oliveira@embrapa.br.

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Elielton Luis
26/05/2017 - 17:11
Parabéns pelo artigo!
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