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Em nossa casa, fora do alcance dos olhos, cresce a cidade dos outros. Sonhando com uma boa governança entregamos aos bons políticos o destino coletivo. Como a vida é boa e tem que ser vivida, fazemos o papel de "bons consumidores" ampliando a galope a distancia que separa ricos e pobres. O poder da individualidade familiar resulta numa dívida impossível de pagar com o futuro. O resultado é um ambiente hostil para todos que enfrentam ou que fogem.
Iniciamos em séculos passados uma educação para a riqueza, para o pró-econômico, e para o anti-humano. Formamos guetos, extremos, quadrilhas promovendo o desenvolvimento da cidade. Aqueles que detêm conhecimento, omitem; encaram o social de acordo com suas conveniências e necessidades. Nunca, antes tivemos tanto silêncio, apesar de várias manifestações o canto coletivo ainda não ecoou. Silêncio que protege os políticos, governantes e gente do mal.
O momento atual é um raio de luz para hipócritas e mal intencionados, que corroboram a grande mentira que é o desenvolvimento humano em nossas cidades. A cada ano a cidade fica mais violenta, mais drogada, oprime mais os jovens, limita a mobilidade, segrega e discrimina a população humilde. Além de tudo isto os hipócritas falam de sustentabilidade e preservação ambiental. As manifestações clamam justiça contra corruptos mas silenciam diante do crescimento desordenado que avança sobre áreas ambientalmente frágeis e estratégicas, privilegiando sempre setores organizados como mercado imobiliário, construção civil, industria e comercio. A cidade cresce e possibilita mais condições para manifestação de novas versões do antigo poderio da oligarquia que controla as políticas sociais e econômicas em benefício de interesses próprios. Com o "silêncio das passeatas" os dominadores se mostram mais capazes de manipular a sociedade em qualquer lugar da cidade.
A verdade é que este modelo de construção de cidades baseado no tecnicismo do poder privado associado ao poder público não é bom. É necessário uma terceira força: a comunitária. Somente com uma organização comunitária consolidada possibilita manter relações leais com um desenvolvimento em escala humana fidelizado com o bem estar e a qualidade de vida. Alias, na verdade a cidade mostra que o único tipo efetivo de desenvolvimento que existe não é técnico é humano. O produto da cidade tem que ser cidadão desenvolvido, cada vez mais educado para a vida comunitária.
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Maurício Carvalho de Oliveira
04/08/2016 - 12:43
Faço comentários e não consigo enviá-los,
Maurício Carvalho de Oliveira
04/08/2016 - 13:00
Concordo em parte com o levantado pelo pesquisador Afonso. Mas essa visão de organização comunitária, sem um objetivo específico, tais como associações de produtores e congêneres, é um caminho utópico. Brasileiro não aparece nem em reunião de condomínio. Sobre o caos que tem se instalado nas cidades, aí o buraco é mais embaixo. Uma família ausente da educação dos filhos, escolas de uma esquerda medíocre (como se houvesse esquerda virtuosa), uma mídia televisiva perniciosa aos valores morais da sociedade, a demagogia e pobreza de nossos políticos que, gostam mesmo é de projetos para beneficiar essa ou outra classe social, pensando que os recursos para tal são gerados por mágica, e não por tributos para todos, e, entre outros, governos que mal enxergam o próprio umbigo e refestelam em Paris com guardanapos nas cabeças, por exemplo.
Carlos Mendes
10/08/2016 - 17:03
Ótimo artigo, Dr Afonso. Forte abraço
Onévio Antonio Zabot
13/08/2016 - 19:54
A cidade, como diz Lefebre, é um lugar de consumo, e um consumo de lugar. Verdade: em geral geral terras férteis, pois situam-se no vales. Há que se repensá-las antes que seja tarde.
Érika Carvalho
18/08/2016 - 09:13
Caro Dr. Afonso acredito e vivo a experiência de construção de um outro modelo de cidade, a inclusiva e sustentável no movimento da Agricultura Urbana. A inserção desta prática na solução dos conflitos socioambientais nas cidades, principalmente de forma coletiva, leva os cidadãos a refletirem o quão é importante um ambiente coletivo com qualidade de vida para todos, isto estimula o olhar para sociobiobiversidade.
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