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     23/11/2024            
 
 
    
 
A canola tem colorido o cerrado brasileiro. Na região do triângulo mineiro houve um aumento de 296% em relação ao ano passado, quando foram semeados apenas 675 hectares. Nesta safra foram exatos dois mil hectares implantados, sobretudo nos municípios de Uberlândia, São Gotardo e Tapuirama. Outras localidades como Patos de Minas, Prata, Alfenas e Iraí de Minas também tiveram áreas significativas com canola.
 
O incentivo ao cultivo desta oleaginosa em Minas Gerais surgiu da necessidade crescente de óleos vegetais de alta qualidade para consumo humano, bem como para a produção de biodiesel. A expansão da canola para novos ambientes se justifica pelos quesitos oleicos das principais culturas utilizadas pela indústria: o grão de canola possui teor de óleo de 38%, enquanto que a soja apresenta aproximadamente 19%. Comparativamente, a canola com uma produtividade estimada na região sul do Brasil em torno de 1.500 kg por hectare; se necessita praticamente do dobro de área cultivada com a soja para obter a mesma quantidade de óleo com o cultivo da canola.
 
Outro fator para o aumento da área cultivada no cerrado mineiro está na busca do produtor rural por alternativas na rotação de culturas ou oportunidades de diversificação na propriedade. A canola também é opção econômica interessante como uma segunda safra no período mais seco, já que a planta apresenta um sistema radicular do tipo pivotante, explorando camadas mais profundas do solo, o que permite a produção de grãos mesmo sob condições de deficiência hídrica. Ainda, cultivos subsequentes ao de canola, em sistema de sucessão de culturas, proporcionam benefícios indiretos aos cultivos de grãos, tanto de milho quanto da soja, devido a escarificação natural que as raízes da canola realizam nas camadas compactadas.
 
Empresas nacionais, que fomentam a produção de canola no país, têm oferecido a garantia de compra da produção dos grãos produzidos no cerrado, visto que a demanda para suprir o mercado brasileiro é grande e em constante crescimento. O Brasil importa canola, sobretudo do Paraguai, para atender a demanda nacional por óleos e farelos. Em 2014, o Paraguai cultivou o equivalente a 50 mil hectares, com toda a sua produção voltada à exportação, em especial para o Brasil. Assim, o mercado consumidor crescente serve como estímulo à produção de canola.
 
Por esses motivos, a canola tem atraído os esforços também da pesquisa e instituições de ensino e extensão como a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que, devido a demanda sobre a oleaginosa na região, criou há cerca de um ano o Grupo de Estudos e Pesquisa em Canola (GEPCA), ligado ao Instituto de Ciências Agrárias (ICIAG). As ações de pesquisa envolvem análises de manejo, produtividade e controle de pragas, entre outras. Para investigação e difusão de conhecimentos, foi implantada uma unidade experimental com canola na Fazenda Água Limpa, de propriedade da UFU, com o objetivo de garantir a formação de profissionais especializados para qualificar a assistência técnica aos produtores rurais desta região.
 
A pesquisa oficial está representada pela Embrapa Trigo, órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que possui a missão de trabalhar com a cultura de canola no Brasil, antecipando-se às necessidades de expansão do cultivo no país. O avanço no cultivo é acompanhado pelo avanço do conhecimento, através de projetos de pesquisa e de transferência de tecnologias que contemplam as demandas da cadeia produtiva da oleaginosa.
 
Levantamento
Para avaliar a safra 2015, a Embrapa e a UFU iniciaram uma série de entrevistas para coletar informações junto aos produtores de canola no Triângulo Mineiro. Foram selecionados 20 produtores que cultivaram canola no ano de 2015. A forma de trabalho consiste na aplicação de questionários estruturados para a coleta de dados referentes ao sistema de produção na região, visando identificar os pontos fortes da canola, bem como as dificuldades que os produtores encontram com esta nova cultura, tanto na instalação da lavoura e no desenvolvimento, quanto na logística da produção. O levantamento iniciou em setembro e deverá se estender até o final de outubro, quando encerra o período de colheita.
 
Os resultados preliminares das entrevistas mostram o pouco investimento tecnológico em algumas áreas, principalmente o baixo uso de fertilizantes, que acaba inviabilizando a obtenção de resultados produtivos na colheita de grãos. A percepção dos produtores entrevistados é a de que a canola, por ser uma cultura relativamente nova e não plenamente dominada, foi apenas “semeada” para “ver como se comporta a cultura”. Mesmo assim, foi acentuada pelos entrevistados a possibilidade do cultivo da canola como uma alternativa de diversificação no modelo de produção do Cerrado, especialmente no período de inverno ou safrinha onde, muitas vezes, a área permanece ociosa, permitindo a proliferação de plantas daninhas.
 
Em São Gotardo, mesorregião do Alto Paranaíba em Minas Gerais, em áreas com a altitude de cerca de 1.100 m, a Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap) registrou produtividades de canola na faixa de 30 sacos por hectare – média produtiva das regiões tradicionais de cultivo de canola na Região Sul. Um dos motivos para a elevada produtividade nesta região é a aplicação de insumos modernos, como fertilizantes agrícolas com fórmulas com maior quantidade de nitrogênio – já que a canola requer uma boa demanda deste nutriente para uma alta produção. Além disso, a excelente combinação de solo, clima, relevo, aliada à alta tecnologia de cultivo formam um “laboratório a céu aberto” para a experimentação da cultura.
 
Uma das necessidades apontadas é o acesso do produtor às políticas agrícolas, como o crédito rural e o seguro agrícola, no financiamento das lavouras de canola. Para isso, é preciso que seja feito urgentemente o Zoneamento Agrícola de Risco Climático da canola para as regiões de cerrado – sobretudo para os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Isto permitiria a identificação de áreas de maiores e menores riscos climáticos, definindo a melhor época de semeadura da cultura, além de identificar áreas com maior potencial produtivo. Assim, as condições de rentabilidade financeira poderiam ser aliadas à tranquilidade do agricultor frente às adversidades climáticas. Estas condições podem favorecer positivamente a expansão da área de cultivo para o Brasil central.
 

Perspectivas futuras
O cultivo de canola passa pela redução dos entraves tecnológicos para o cultivo de canola na região Centro-Oeste, focando no aperfeiçoamento tecnológico para elevação da eficiência e rentabilidade do cultivo de canola, sobretudo as questões de semeadura, híbridos adequados, adubação e colheita. A “tropicalização” da canola também deve atentar para o controle de plantas daninhas e de insetos pragas; pois a pesquisa oficial brasileira já demonstrou a viabilidade da expansão do cultivo da canola para regiões tropicais.
 
Diante deste quadro, a canola não deve ser vista apenas como mais uma espécie de cultivo limitado, mas sim como uma cultura com grande potencial de expansão, ocupando as áreas agricultáveis que ficam ociosas no cerrado brasileiro. Ainda, mesmo que o cultivo da canola seja intensificado num futuro próximo, não acarretará necessidade de expansão de área agrícola no Brasil, com o impacto no meio natural e ecossistemas, justamente pela existência de áreas já agricultáveis e que permanecem improdutivas nestas regiões durante parte do ano.
 
A expansão da canola se mostra o melhor caminho para elevar a produção nacional e reduzir – ou mesmo zerar - a importação, gerando renda para o produtor brasileiro e favorecendo a criação de empregos no País. Através de ações em capacitações e difusão de tecnologias, no trabalho conjunto da pesquisa pública e a iniciativa privada, é crescente o aprimoramento tecnológico e a geração de informações sobre a cultura, buscando sempre melhores resultados no cultivo de canola, pois como já foi dito: “a rentabilidade da lavoura é proporcional ao conhecimento aplicado por hectare”!
 
Outros links de interesse:
 
 
 
 
 
Área de canola em cada safra agrícola, em hectares, nos principais estados do Brasil, conforme informações coletadas com as empresas que fomentam o seu cultivo.
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