O Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo que a cada três sacas produzidas no mundo, uma delas é produzida nas fazendas brasileiras. Mas como qualquer cultura agrícola, o café está sujeito aos efeitos do clima, como excesso ou falta de chuva, geadas, e a ocorrência de pragas e doenças. Além disso, o cafeicultor ainda lida com os efeitos da bienalidade, que é o hábito de o café produzir bem em um ano, e produzir pouco no ano seguinte. Como resultado, há poucas oportunidades de ganhar dinheiro durante a sua jornada como cafeicultor, porque a sua única chance durante o ano é na colheita, então é essencial que o agricultor consiga lucrar o máximo possível a cada oportunidade. É importante entender que a colheita é o fruto do que foi feito durante toda a implantação e manutenção do cafezal, e que um bom manejo resulta em uma lavoura mais produtiva e na produção de grãos de qualidade. Mas, não adianta produzir bem sem vender bem.
Além de todos os riscos de perdas de produção, o mercado de café tem um comportamento de preços muito instável, sendo que em alguns anos os preços chegam a níveis muito altos, como aconteceu em 2011, que os preços dispararam, e em outros anos alcança preços que não chegam a pagar nem mesmo o custo de produção. Como alternativas, existem mecanismos de gerenciamento de riscos, que contribuem para diminuir o risco de o produtor vender o seu produto a preços baixos, que são os mercados futuros.
Mercado futuro é um mercado onde são negociados contratos, que são compromissos em que uma pessoa se compromete a comprar, e a outra a vender, sendo que cada contrato negociado possui a quantidade e o preço do produto fixados, e possuem data de vencimento futura, e são todos negociados nas bolsas de valores. O mercado futuro é composto por muitas pessoas, que possuem intenções diferentes. Participam especuladores, que são pessoas que não trabalham no mercado físico com café, ou seja, é qualquer investidor que tenha interesse de ganhar dinheiro no mercado futuro, e são importantes para que o mercado tenha alta liquidez, que é a facilidade de investir ou sair do investimento, ou seja, vender ou comprar contratos. Também participam os hedgers, que são pessoas que possuem alguma ligação no mercado físico com o café, ou seja, podem ser os cafeicultores, armazenadores ou mesmo os beneficiadores do grão. Outro participante é o arbitrador, que é uma pessoa que procura diferenças entre o preço futuro e o preço físico do café, que é essencial para que não ocorram grandes diferenças de preço entre os mercados, aumentando a eficiência do gerenciamento do risco de preço.
Mas, e como que o cafeicultor pode diminuir o risco de preços baixos e vender melhor o seu produto através dos mercados futuros? Como primeiro passo, o produtor deve escolher entre participar do mercado com contratos ou com minicontratos, o que vai depender do tamanho da produção. As duas modalidades são negociadas em dólares dos Estados Unidos da América, possuem os meses de vencimento março, maio, julho, setembro e dezembro, sendo que as principais diferenças são: cada contrato é referente a quantidade 100 sacas de 60 kg de café arábica cru, em grão, tipo 4/5 ou melhor, bebida dura ou melhor, e o minicontrato refere a quantidade de 10 sacas de 60 kg de café arábica em grão, tipo 6 ou melhor, bebida dura ou melhor.
Após definir o seu objetivo, é necessário procurar uma corretora, porque toda a negociação nas bolsas de valores é feita através da corretora. A partir de então, o cafeicultor pode dar a ordem de venda ou de compra de contratos. Ele garantirá o seu preço da seguinte forma: ao garantir o preço em junho de R$400,00/saca para o mês de vencimento de setembro, ao chegar setembro e o preço estiver R$350,00/saca no mercado físico, ele poderá dar o aviso de entrega no mercado futuro, entregando a mercadoria em São Paulo, por R$400,00/saca em setembro, sendo que esta forma de saída do mercado é chamada de encerramento por entrega; outra opção é entregar a mercadoria no mercado físico por R$350,00 mas receber a diferença (R$50,00) no mercado futuro, totalizando os R$400,00, que é o encerramento por liquidação financeira; ou então, se o cafeicultor não quiser esperar chegar na data de vencimento, ele pode sair a qualquer momento do investimento, fazendo a operação inversa no mercado futuro, ou seja, se ele vendeu contratos futuros, ele deve comprar a mesma quantidade de contratos, com a mesma data de vencimento.
Portanto, os mercados futuros são opções muito interessantes para o cafeicultor que pretende vender bem o seu produto e planejar a sua atividade, seja para reduzir os riscos da atividade, aumentar seu lucro ou para cumprir com financiamentos estabelecidos antes da safra. Antes de investir, é importante buscar orientação na área e se registrar junto a uma corretora que atua na bolsa de valores.
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