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Sanidade vegetal    
Helicoverpa armigera no Manejo Integrado de Pragas de Milho
Controle tradicional das espécies que atacam as espigas é dificultado pela localização das lagartas, geralmente protegidas dentro da espiga, sob as palhas
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Embrapa Milho e Sorgo
07/06/2013

O cultivo de milho pode ser atacado por diferentes espécies de inseto desde o plantio até próximo à colheita. No entanto, algumas espécies merecem maior atenção por parte dos agricultores devido ao local de ataque. É o caso, por exemplo, das espécies que atacam as partes reprodutivas da planta, como o complexo de insetos denominados “lagartas”. A espécie mais tradicional e reconhecida como a mais importante é a lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea. No entanto, nas espigas é também possível ser encontrada a lagarta-pequena, Dichomeris famulata, a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda e a broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis. À exceção da H. zea e D. famulata, que são intimamente associadas à espiga, as outras espécies podem ocorrer em outras partes da planta, como folhas e colmos.

O controle tradicional das espécies que atacam as espigas é dificultado pela localização das lagartas, geralmente protegidas dentro da espiga, sob as palhas. Quando o controle é através da pulverização com produtos químicos, além da baixa eficiência, há sempre o risco de eliminação de agentes de controle biológico e contaminação ambiental. Além do mais, a pulverização depende da disponibilidade de equipamentos apropriados que possibilitem a aplicação sobre plantas de tamanho elevado, incluindo, além da aplicação tratorizada, a aplicação via água de irrigação ou até mesmo a aplicação aérea. Tais equipamentos não são disponíveis para grande parte dos agricultores brasileiros e, portanto, nesta situação a pulverização não é feita. A ausência de inseticidas permite ao longo do tempo, a colonização de insetos benéficos específicos que acabam por reduzir a população da praga a níveis insuficientes para causar danos econômicos. É o caso, por exemplo, do parasitóide de ovos do gênero Trichogramma que pode atingir taxas de parasitismo acima de 70% em ovos de H. zea (“lagarta-da-espiga”). Outros agentes de controle biológico, também importantes e complementares, incluem a tesourinha, Doru luteipes e o percevejo Orius. Ambos são normalmente encontrados na espiga do milho.

Recentemente, uma nova espécie de praga foi identificada no Brasil atacando entre outras espécies vegetais, o milho, a soja e o algodão, notadamente no Oeste da Bahia com grande severidade, causando perdas elevadas na produtividade, mesmo com a aplicação de inseticidas químicos. A espécie em questão, conhecida cientificamente como Helicoverpa armigera é muito próxima da lagarta-da-espiga, H. zea, não sendo ambas facilmente separadas visualmente. É uma espécie muito severa em países da Ásia, África e Austrália. Tem como hospedeiro, além dos cultivos já mencionados, o sorgo granífero; painço; girassol; cereais de Inverno, como trigo, aveia, cevada e triticale; linhaça; grão de bico; feijão; e culturas hortícolas, como cerejas, tomate, pepino e frutas cítricas.

O que torna a praga importante e severa é o fato de possuir alta mobilidade, polifagia e alta taxa de reprodução. Um problema agravante ao manejo da praga tem sido também o desenvolvimento da resistência aos inseticidas, já documentado na literatura, especialmente em relação a piretróides sintéticos, embora já haja registro de resistência a outros grupos de inseticidas, como carbamatos e organofosforados.

Como a espécie H. zea, os ovos de H. armigera são geralmente postos sobre o “cabelo” do milho. Ao eclodir as larvas consomem os grãos em desenvolvimento e, além deste dano direto, é comum ocorrer infecções bacterianas secundárias. As larvas também podem se alimentar das folhas do cartucho, das folhas mais desenvolvidas e do pendão.

O ciclo de vida do inseto é em torno de um mês, o que permite a existência de várias gerações anuais e contínuas especialmente nas áreas mais quentes. Ocorrem seis estágios larvais e a larva quando completamente desenvolvida chega a 35-40 mm de comprimento. A pupa é marrom escura, com 14-18 mm de comprimento, com superfície lisa, arredondada, tanto anterior como posteriormente, com dois espinhos paralelos na ponta posterior.

Manejo da praga
A fase de ovo é crucial no ciclo de vida de H. armigera uma vez que alta taxa de mortalidade é verificada nesta fase. A literatura mundial tem relatado acima de 88% de mortalidade de ovos de H. armigera, principalmente nos primeiros três dias de oviposição. Esta taxa de mortalidade pode chegar a 95% de mortalidade, considerando-se a fase de ovo e os primeiros estágios larvais. O principal agente de controle biológico para liberação em nível de campo para o controle de ovos de diversas espécies de Lepidoptera é o Trichogramma, um inseto diminuto, porém com alta eficiência no controle das pragas. Além desta eficiência, já existe disponibilidade comercial em diferentes países, incluindo o Brasil. A liberação deste agente de controle biológico deve estar associada com armadilha contendo feromônio sexual que, ao ser utilizado no campo, serve para detectar a chegada da mariposa na área alvo e indicar a época de liberação. A armadilha, bem como o feromônio sexual, já está disponível no mercado internacional.

O correto manejo das pragas de milho necessariamente deve considerar a possibilidade de liberação de Trichogramma tanto para o controle da lagarta-do-cartucho, como para o controle do complexo de Helicoverpa. O alto índice de parasitismo natural de ovos da “lagarta-da-espiga” indica a adaptação da espécie no agroecossistema milho e a real possibilidade de uso também para o controle da nova espécie, H. armigera. Na realidade, muito se tem pesquisado no Brasil mostrando a importância dos agentes de controle biológico das diferentes espécies de insetos fitófagos associados ao milho. Tanto em áreas de produção onde se utiliza o milho convencional, como em áreas onde há utilização de milho Bt a importância de insetos (parasitóides e predadores) e de microrganismos como tática essencial no manejo integrado não pode deve negligenciada.

A introdução de uma nova espécie de praga no sistema agrícola brasileiro mostra a importância de se ter rotineiramente o Manejo Integrado como princípio fundamental, de tal modo que o produtor possa rapidamente adequar medidas que também sejam eficientes, econômicas e ambientalmente adequadas para reduzir a população da nova praga a níveis não econômicos.  Obviamente, as demais espécies de insetos fitófagos não devem ser negligenciadas por conta do aparecimento de novas pragas. Todo o conhecimento gerado pelas Instituições de Pesquisa deve ser normalmente entendido e utilizado para reduzir a probabilidade de haver prejuízos aos produtores e à sociedade como um todo. Mais informações sobre aspectos biológicos e estratégias de manejo podem ser obtidas neste site.

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