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O cajueiro é uma planta nativa do Brasil, que pertence à família Anacardiaceae e ao gênero Anacardium. Esse gênero é constituído por 22 espécies, encontradas principalmente nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga. Devido à sua dispersão, realizada pelos colonizadores desde o século 16 (entre 1563 e 1578), o cajueiro atualmente é encontrado em diversos locais do mundo (entre as latitudes 30°N e 31°S), vegetando e produzindo mesmo em condições ecológicas consideradas insatisfatórias, o que lhe caracteriza como planta com grande capacidade adaptativa.

De todas as espécies de cajueiro, apenas a Anacardium occidentale L. é explorada comercialmente. Os cajueiros dessa espécie são divididos em dois tipos: o cajueiro comum ou gigante e o cajueiro-anão-precoce.

A copa do cajueiro-comum pode atingir até 20 m de altura, sendo, por isso, também chamado de gigante. No entanto, é mais comum os cajueiros entre 8 m e 15 m de altura, com diâmetro da copa (envergadura) proporcional ou superior à altura. Em regiões de clima seco e com solos arenosos de baixa fertilidade, as plantas apresentam porte inferior, de tronco atarracado, tortuoso e esgalhado a partir da base, com ramos longos, sinuosos, formando copa ampla e irregular.

Já o cajueiro-anão-precoce caracteriza-se pelo porte baixo, raramente ultrapassando os 5 m de altura e 8 m de diâmetro de copa. Possui copa mais compacta e homogênea do que o cajueiro-comum.

Cajueiros comum (à esquerda) e anão-precoce (à direita) em Pio IX, Piauí

O caju, tão popularmente conhecido como fruto, na verdade é o conjunto entre o pedúnculo (pedicelo da flor hipertrofiado - pseudofruto) e a castanha (fruto verdadeiro). No interior da castanha encontra-se a amêndoa da castanha de caju – ACC, que é o principal produto comercializado da cultura em todo o mundo.

Caju ‘CCP 76’ com pedúnculo alaranjado e castanha de tamanho médio, em Ubajara, Ceará

Amêndoas da Castanha de Caju ‘CCP 76’ produzidas em Picos, Piauí. A amêndoa é o principal produto comercializado na cultura do cajueiro em todo o mundo

O início do cultivo comercial do cajueiro no Brasil, teve início na década de 1960. A expansão do cultivo foi realizada com base no plantio de sementes colhidas dos cajueiros gigantes nativos. Por ser uma planta que apresenta fecundação cruzada (alogamia) os pomares formados por mudas de pé-franco (sementes) apresentam elevada desuniformidade genética, morfológica, fisiológica e produtiva, comprometendo também a uniformidade e qualidade da castanha. Toda esta desuniformidade acarreta em baixas produtividade e retorno econômico.

Desse modo, buscando a uniformização dos pomares e também um incremento na produtividade e uma melhor homogeneização dos produtos comercializados (castanha e pedúnculo), a Embrapa por meio de programas de melhoramento genético, selecionou vários genótipos de cajueiro que apresentavam porte baixo (até 5 m), precocidade produtiva (a partir do 1º ano) e elevada produtividade (>1.000 kg de castanhas por ha), denominados de cajueiro-anão-precoce. Esses materiais passaram a ser disponibilizados aos produtores por meio de mudas enxertadas (clones) via garfagem lateral ou borbulhia.

Os dois primeiros clones comerciais de cajueiro-anão precoce foram lançados em 1983, o ‘CCP 06’ e o ‘CCP 76’, sendo este último o principal clone cultivado no Brasil. Em 1987, foram lançados os clones ‘CCP 09’ e ‘CCP 1001’, e em 1996, foram lançados os clones ‘Embrapa 50’ e ‘Embrapa 51’. No ano 2000, foi lançado o clone ‘BRS 189’, com dupla aptidão, ou seja, aproveitamento do pedúnculo para o mercado de mesa, e da castanha para a indústria. Em 2002, foi a vez do clone ‘BRS 226’, recomendado para o plantio comercial em sequeiro na região dos Baixões Piauiense. Mais dois clones de cajueiro-anão precoce ‘BRS 253’ (2004) e ‘BRS 265’ (2005); um clone de cajueiro comum ‘BRS 274’ (2007) e um híbrido (cajueiro comum x cajueiro-anão) ‘BRS 275’ (2007) também foram lançados.

Normalmente, os cajus produzidos pelas plantas de cajueiro-anão-precoce apresentam pedúnculo grande e castanha pequena, sendo esta relação, em média, de 9:1. Dependendo do clone de cajueiro-anão-precoce, a coloração do pedúnculo do caju maduro pode ser amarela, alaranjada ou vermelha. O peso do pedúnculo também varia de acordo com o clone, entre 87 g (‘CCP 09’) a 155 g (‘BRS 189’). Do mesmo modo a castanha também varia entre 7 g (‘CCP 06’) a 16 g (‘BRS 274’). As amêndoas, após o processamento, pesam entre 1,8 g (‘CCP 76’) a 3,4 g (‘BRS 274’).

Com o cultivo do cajueiro-anão-precoce, a produtividade alcançada em cultivos de sequeiro pode alcançar os 1.000 kg ha-1 de castanhas e 10.000 kg ha-1 de pedúnculos. Em cultivo irrigado e com adequado suprimento de fertilizantes, a produção pode atingir mais de 3.000 kg ha-1 de castanhas e de 30.000 kg ha-1 de pedúnculos. Ademais, devido ao porte da planta, os cajus passaram a ser colhidos de forma manual ainda na planta, fato que incrementou o aproveitamento do pedúnculo, que até então era praticamente descartado. Hoje, do pedúnculo do caju fabrica-se o fermentado ou “vinho” de caju, a polpa de caju pasteurizada e congelada para a produção de suco, néctar de caju, xarope de caju, refrigerante de caju, doce de caju em massa, doce de caju em pasta, doce de caju em calda, geleia de caju, caju-ameixa, cajuína, rapadura de caju e mel clarificado de caju.

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vicente junior
18/09/2013 - 17:57
participei do curso sobre cajueiro na frutal achei muito bom aspraticas adquirida

Flávio Aloisio
03/12/2020 - 05:31
Quando comento sobre cajueiros na Ilha de Santa Catarina todos se surpreendem.
Desde que aqui cheguei, em 1988, vi muitos cajueiros nos quintais dos "ilhéus" carregados de "frutos" vermelhos ou amarelos nos galhos curvados das pequenas árvores de 3 até 4m de altura.
Mas vi também uma árvore que devia ter uns 20m ou mais num condomínio fechado, embargado durante anos, que depois foi liberado e o cajueiro gigante não foi poupado, teve o mesmo fim dos tantos cajueiros dos antigos quintais.
Até hoje não consegui saber quando, como e porque o caju chegou nesta Ilha de Santa Catarina?
Alguém pode me ajudar?

Mauri Silvestre Spezia Junior
07/06/2021 - 17:29
O cultivo do cajueiro no litoral de Santa Catarina deve ter começado já no período colonial, com cultivos tímidos, as pessoas costumavam plantar em terrenos arenosos bem drenados. Se não me equivoco existe um relato do cultivo dessa fruta na Praia de Camboriú no século XIX.

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