A soja tem conquistado, ano a ano, maior espaço dentro da produção agrícola do Brasil. A leguminosa é hoje um dos produtos mais cultivados em terras brasileiras e tem papel importante na economia do país, pois é um dos principais itens de exportação do Brasil.
Anualmente a soja registra recordes de produção. Mas, para a safra 2011/2012, estima-se que o país deverá produzir aproximadamente 68,75 milhões de toneladas de soja, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cerca 0,7% abaixo da safra anterior em função de condições climáticas adversas. Enquanto na região sul as perdas foram decorrentes da estiagem, em outras regiões o excesso de chuvas, principalmente no período de florescimento e enchimento de grãos, gerou condições favoráveis para o desenvolvimento de várias doenças, dentre elas o Mofo Branco, surpreendendo produtores, inclusive em áreas de primeiro ano com a cultura.
A preocupação com a doença vem crescendo a cada ano, mesmo em áreas que nunca tiveram soja, como áreas com 30 anos de cultivo de café, por exemplo, que apresentaram 15% das plantas com Mofo Branco. Acredita-se que a transmissão através de sementes seja o principal veículo de disseminação da doença. Outra forma de disseminação é por meio das fezes de animais alimentados com resíduos de beneficiamento de sementes contaminadas com escleródio da doença. Nestes dois casos, a disseminação na área é homogênea, causando um grande impacto de perdas logo no primeiro ano de cultivo.
O Mofo Branco é causado por um fungo (S. sclerotiorum) e ataca cerca de 500 espécies, dentre elas a cultura do feijão, algodão, girassol, tomate, ervilha e alface. No Brasil, foram encontrados relatos de estados que apresentaram ao redor de 45% de área plantada com soja contaminada pelo Mofo Branco na safra 2008/09. Em 2012, áreas com perdas de 40% foram constatadas em diversas regiões.
O contágio do fungo pode ser feito de outras maneiras, como pela disseminação dos ascósporos pelo vento ou até mesmo com máquinas agrícolas, que ao passarem por áreas contaminadas pelo fungo, podem transportar os escleródios. Uma vez introduzido na área, o Mofo Branco pode ficar por mais de 10 anos no solo, comprometendo as lavouras que serão trabalhadas no local.
No caso da soja, o Mofo Branco ataca especialmente a haste principal, hastes laterais e as vagens. No caso do ataque à haste principal, a morte da planta pode ocorrer rapidamente caso não se faça um manejo preventivo. Os sintomas iniciais causados pelo Mofo Branco na soja são manchas de aspecto encharcado, que podem afetar toda a parte aérea da planta. Em condições de alta umidade, forma-se o micélio branco do fungo sobre o tecido afetado, as lesões se alastram, podendo evoluir até a morte da planta. A partir do micélio, são formados inúmeros escleródios nas partes externa e interna das plantas. Na colheita, muitos desses escleródios caem no solo, o que gera a contaminação da cultura que será plantada na próxima safra.
O manejo integrado envolve várias ferramentas visando o controle da doença. Estas ferramentas estão presentes antes mesmo da semeadura da soja. O produtor deve seguir as indicações de cada parte do processo de maneira correta para garantir o controle da doença.
Entre os passos do manejo integrado, destaca-se, por exemplo, o uso de sementes certificadas. Com isso, o produtor consegue garantir que não estão sendo trazidos ao campo novos escleródios, já que para que a semente seja certificada é necessário que não haja nenhum vestígio de contaminação. Outro caminho para evitar a contaminação por meio da semente é o seu tratamento antes da semeadura, ferramenta essencial para a garantia de stand no campo e controle de possíveis novos focos de mofo branco provenientes da semente contaminada.
A escolha de variedades com maior grau de resistência à doença também é importante. Recomenda-se ainda a formação de palhada, que é uma barreira física para a germinação de escleródios no solo. A limpeza dos implementos agrícolas é outro aspecto de extrema importância para evitar que esses equipamentos carreguem ou disseminem o fungo.
O controle químico é recomendado, preferencialmente, de forma preventiva, para obter a melhor eficiência do produto. O fungicida deve atingir hastes, ramos, folhas, flores e pétalas, com cobertura adequada, e é preciso repetir aplicações, conforme o monitoramento indicar necessidade, seguindo recomendações do fabricante.
Por isso é muito importante que o produtor se informe sobre o assunto e busque a ajuda de um profissional para adotar as medidas adequadas de controle da doença.
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