Segundo o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área brasileira cultivada com grãos na safra 2010/11 foi de 50,4 milhões de hectares (ha) e a área cultivada com Plantio Direto (PD) foi de aproximadamente 35 milhões de ha, considerando a área cultivada com milho safrinha e com culturas de inverno, como trigo e aveia. A Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP) estima que a área estática (não considerando a área de safrinha e de culturas de inverno) de PD seja de aproximadamente 27 milhões de ha, atingindo 53,6 % da área cultivada com cereais.
A Fundação Agrisus, juntamente com a Agroconsult, vem fazendo um levantamento anual, por amostragem, da situação do PD no Brasil, desde o ano de 2007, através do “Rally da Safra”, visitando milhares de pontos aleatoriamente, nas principais regiões produtoras de cereais do país.
Neste levantamento o Brasil foi dividido em quatro regiões:
Região 1: caracterizada por inverno frio e úmido, propicia o plantio de trigo e de aveia no inverno (RS, SC e parte do PR).
Região 2: caracterizada por inverno ameno e úmido com variação imprevisível de temperatura e de umidade. Propicia, no inverno, o plantio de trigo, de aveia, de milho safrinha e de sorgo (parte dos Estados do MS, PR e SP).
Região 3: caracterizada pelo inverno quente e semi-úmido. Milho e sorgo são as principais culturas utilizadas como safrinha (Estado do MT e partes dos Estados do MS, SP, MG e GO).
Região 4: caracterizada pelo inverno quente e seco. O plantio de culturas no inverno é dificultado pela escassez de chuvas (Estado do TO e partes dos Estados de MG, BA, MA, PI e GO).
Como pode-se observar nas tabelas abaixo o percentual de resíduos vegetais que cobria o solo no momento das amostragens realizadas em janeiro/fevereiro dos respectivos anos demonstra que boa parte dos produtores rurais brasileiros, em especial da região 4 estão descuidando da proteção dos seus solos ao deixarem de investir na formação de palhada para o PD.
A palhada tem a função de proteger o solo e pode ser comparada com um guarda-chuva, no verão (estação chuvosa) protege o solo da ação direta dos raios solares, mantendo a sua temperatura amena e retendo a sua umidade, o que favorece significativamente a germinação das sementes, o desenvolvimento e a produção das lavouras; protege o solo da ação desagregadora do impacto direto das gotas de água das chuvas, reduzindo a erosão, que causa a perda de solo e de água, a contaminação e o assoreamento de nascentes, rios e reservatórios de água.
Na estação seca (inverno) protege o solo contra a perda de umidade provocada pelo sol e pelos ventos, resultando numa economia de água de irrigação de até 30%. Ela também tem contribuído para a redução de plantas daninhas e de doenças severas das culturas irrigadas como o mofo branco do feijoeiro, que atualmente também tem afetado a cultura da soja no verão.
A palhada tem ainda outras funções extremamente nobres como proporcionar maior atividade biológica no solo potencializando o controle biológico de pragas e doenças, permitindo o aumento do teor da matéria orgânica do solo (MOS), que pode responder por até 80% da capacidade de troca catiônica (CTC) dos solos do Cerrado.
A CTC é capacidade de armazenamento de fertilizantes dos solos, então se ela for pequena e forem realizadas adubações em doses elevadas, grande parte será perdida, não aproveitada pelas plantas, podendo causar a contaminação do lençol freático.
Então pode-se concluir que devemos aumentar o volume de palhada nas nossas áreas com PD, seja dos resíduos que ficam após a colheita (milho, sorgo, trigo, aveia, cevada etc.) ou que são produzidos com essa finalidade (milheto, braquiárias, crotalárias, nabo forrageiro, azevem etc.).
Visando apresentar alternativas para a formação de palhada aos produtores da região Centro-Oeste, a Coopa-DF, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Agrário (SAGRI), com a Emater-DF e com a Campo implantou uma Unidade Demonstrativa (UD) permanente de PD e Integração Lavoura-Pecuária (ILP) na área da Feira AGROBRASÍLIA.
Nesta UD é feita a rotação de pastagem com soja, feijão, milho e sorgo. O milho e o sorgo são cultivados em consórcio com gramíneas forrageiras (Sistema Santa Fé-Embrapa), em especial com as braquiárias, visando altas produções de grãos e de palhada e a diversificação de atividades na propriedade, por meio da utilização da ILP.
Rotação de culturas (feijão/soja com milho/sorgo) cultivadas com PD sobre palhada de braquiária
Os interessados poderão visitar a área a qualquer momento e/ou, em especial, no Dia de Campo que será realizado durante a Feira (www.agrobrasilia.com.br), provavelmente no dia 18/05/12 (sexta-feira).
Artigo originalmente publicado em 01/02/2011
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