A mancha de Ramulária, causada pelo fungo Ramularia areola Atk, foi descrita pela primeira vez em 1890 e desde então tem sido relatada em todas as regiões produtoras de algodão do mundo. A doença ocorre em condições de alta umidade e, na maioria das vezes, causou poucas perdas econômicas, devido à sua ocorrência apenas no final do ciclo da cultura. Atualmente é considerada uma das principais doenças do algodoeiro na região do Cerrado brasileiro graças à sua ocorrência com abrangência e intensidade, principalmente em áreas onde se cultiva o algodoeiro sem utilizar a prática da rotação de culturas.
Os sintomas da doença manifestam-se em ambas as faces da folha, consistindo inicialmente em lesões geralmente angulosas, de coloração branca, e posteriormente de coloração amarelada e de aspecto pulverulento, caracterizado pela esporulação do fungo, sobretudo na face inferior da folha. Manchas arroxeadas são observadas nesses pontos de esporulação.
Em períodos chuvosos podem ocorrer manifestações precoces, provocando a queda das folhas e apodrecimento das maçãs do terço inferior das plantas. O desfolhamento extensivo da planta em infecções severas resulta em perdas qualitativas e quantitativas. Plantas afetadas pela doença apresentam abertura prematura de cápsulas, podendo ocasionar uma redução na produtividade em até 35%.
Quanto às perdas causadas pela doença, pode-se considerar que dependem das condições climáticas, cultivares e densidades de semeadura. Em muitos países onde se cultiva o algodoeiro, os maiores problemas em relação à mancha de ramulária são no final do ciclo da cultura, causando pequenas perdas. Contudo, em lavouras em que ocorrem periódicas precipitações e denso dossel de plantas, pode ser severa ainda no início da cultura, justificando, desse modo, medidas de controle químico. Em locais onde o cultivo do algodão é sucessivo, com o passar do tempo, a doença pode se tornar endêmica, com sérias consequências à produção, sendo necessárias várias aplicações de fungicidas. A doença é responsável por sérias perdas no Brasil e na Índia, especialmente em cultivares de algodoeiro altamente suscetíveis à doença.
Tendo em vista a importância das folhas infectadas na sobrevivência do fungo, a principal forma de remoção do inóculo primário pode ser a aração ou a destruição de resíduos, bem como evitar o cultivo contínuo em um mesmo local. Os fungicidas podem controlar a doença eficientemente, desde que o controle seja iniciado nos primeiros sintomas do processo de infecção do fungo. Dependendo da agressividade da doença, podem ser necessárias pelo menos três aplicações.
A dispersão do patógeno é bastante rápida e perdas significativas podem ocorrer se intervenções de controle não forem adotadas em tempo hábil. O controle químico desponta como uma das táticas de manejo que reduz a taxa de progresso da doença no campo. Nesse caso, recomenda-se a aplicação de fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e aconselha-se a alternância dos grupos químicos de fungicidas para que não ocorra a resistência do patógeno.
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