A doença Mofo Branco, cujo agente causal é o fungo Sclerotinia Sclerotiorum (Lib.) de Bary, tem causado nas últimas safras prejuízos significativos aos sojicultores brasileiros. O Mofo Branco foi diagnosticado pela primeira vez na cultura da soja, nos Estados Unidos, em 1924, e desde então foi constatada em vários outros países. No Brasil, a doença foi relatada pela primeira vez no estado de São Paulo em plantas de batata. Atualmente o patógeno encontra-se disseminado por todo o país, tendo maior incidência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que apresentam condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do patógeno.
Nos últimos anos a doença tem ocorrido de forma bastante severa nos cultivos de soja, embora tal patógeno possua como hospedeiros mais de 200 gêneros de plantas, abrangendo 408 espécies. A monocultura e o incremento da população de plantas têm contribuído substancialmente para o aumento da incidência do Mofo Branco na cultura da soja.
O patógeno pode ser introduzido na área por sementes contaminadas e escleródios associados a sementes. Máquinas e implementos agrícolas, adubações com dejetos de animais alimentados com material contaminado, além da dispersão de ascósporos do fungo pelo vento e água de irrigação ou chuva podem levar escleródios e introduzir a doença em áreas ainda isentas do patógeno. Uma vez presente na área, o patógeno é de difícil controle, por isso é preciso evitar ao máximo sua introdução.
As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do patógeno são altas umidades e temperaturas amenas variando de 11°C a 25°C. Nesta situação, uma lavoura de soja pode apresentar perdas da ordem de 30% ou mais, com possibilidade de 100% de danos em períodos chuvosos e quando medidas preventivas de controle não são adotadas. O patógeno sobrevive no solo principalmente na forma de escleródios ou como micélio em resíduos de plantas. Os escleródios podem permanecer viáveis até 11 anos e são altamente resistentes a substâncias químicas, calor a seco e congelamento. Em condições ambientais favoráveis, os escleródios germinam e a presença de um hospedeiro susceptível pode produzir micélio que penetra diretamente nos tecidos da base da planta ou pode formar apotécios, que emergem na superfície do solo liberando os ascósporos. Em condições de alta umidade relativa, acima de 70%, e temperatura ao redor de 20°C, os apotécios liberam ascósporos durante várias semanas, que são responsáveis pela infecção da parte aérea das plantas. O estágio mais propício ao aparecimento do Mofo Branco é no momento do fechamento da cultura, que no caso da soja, pode coincidir com a emissão dos primeiros botões florais.
Os sintomas iniciais da doença são lesões encharcadas nas folhas ou outro tecido da parte aérea que normalmente tenham contato com as flores infectadas. As lesões espalham-se rapidamente para as hastes, ramos e vagens. Nos tecidos infectados, aparece uma eflorescência que lembra algodão, constituindo os sinais característicos da doença.
O controle do Mofo Branco deve ser realizado mediante manejo integrado, uma vez que medidas isoladas não proporcionam controle satisfatório ao patógeno. Dessa forma, o uso de sementes certificadas, o tratamento químico de sementes e o plantio em áreas sem histórico da doença são fundamentais para conter o avanço do fungo. O uso de cultivares de porte ereto, os quais proporcionem maior aeração à cultura, assim como o plantio de áreas menos adensadas diminuem a umidade e desfavorecem as condições ao desenvolvimento do Mofo Branco. Outra medida importante utilizada para reduzir o número de escleródio é seu interrio a 20 ou 30 cm de profundidade, assim como o controle de plantas invasoras, as quais podem servir como hospedeira do fungo em períodos de entressafra.
Atualmente o controle biológico é uma realidade para o patógeno a partir da utilização de formulações comerciais à base de Trichoderma spp.. Já o controle químico deve ser realizado preferencialmente de forma preventiva, devendo-se redobrar a atenção durante o florescimento da cultura. Os fungicidas devem atingir o alvo e com cobertura adequada. Seguir a recomendação do fabricante e contar com o auxílio de um profissional da área é fundamental para o sucesso das lavouras.
|