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Evento    
Centro de Frutas IAC completa 75 anos
A comemoração envolve evento técnico, palestras e lançamento de boletim técnico online sobre cultivo protegido de uva
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IAC
01/12/2011
Os avanços na ciência demandam tempo. Os resultados só são possíveis por conta das pesquisas que levam anos para desenvolver variedades e tecnologia de cultivo para colheita e pós-colheita que sejam interessantes aos produtores rurais, à cadeia de produção e aos consumidores. No Brasil, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, foi o responsável pela expansão das frutas de clima temperado para regiões quentes. Se hoje é possível produzir uva, pêssego, nectarina e abacaxi em São Paulo, isso se deve às pesquisas realizadas pelo IAC, por meio do Centro de Frutas, localizado em Jundiaí. No dia 28 de dezembro de 2011, o Centro de Frutas IAC completará 75 anos. Em comemoração, o Centro de Frutas lançará nesta quinta-feira, 1º de dezembro, o Boletim Técnico online “Sistema de condução em manjedoura na forma de ‘Y’ e cultivo protegido para a videira”, disponível gratuitamente no site do Instituto (http://iac.impulsahost.com.br/publicacoes/porassunto/pdf/bt_211.pdf). O lançamento fará parte da cerimônia de aniversário, que terá início às 8h, e envolverá visita às áreas da Unidade de Pesquisa e palestras sobre viticultura com pesquisadores do Instituto e profissionais de outras instituições e empresas. Também como parte da celebração, o Centro de Frutas IAC realizará evento técnico em viticultura com tarde de campo, no dia 2 de dezembro, em um sítio em Louveira, a partir das 8h. No evento será mostrado o cultivo protegido de uva em Y, que aumenta em 100% a produtividade dos vinhedos e reduz em 70% a aplicação de defensivos agrícolas. 
 
O cultivo protegido de uva em “Y” – resultante de trabalho do IAC — melhora a qualidade dos frutos, gera cachos maiores de uva e protege a plantação contra chuvas de granizo e ataque de pássaros, que podem acabar com toda a produção ou prejudicar seriamente a qualidade das uvas atingidas. O estudo é inédito no Estado de São Paulo.
 
A principal contribuição do cultivo protegido está na diminuição da ocorrência das principais doenças da viticultura. “O uso de cobertura de plástico ou de outro material impermeável protege as folhas e cachos da incidência direta da chuva e, consequentemente, reduz as condições que favorecem o desenvolvimento de doenças fúngicas”, diz José Luiz Hernandes, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
 
Ainda segundo Hernandes, a cobertura impermeável funciona como um guarda-chuva sobre a videira e os fungos não têm como se instalar, já que não há água livre sobre as plantas. “Em ensaios que foram conduzidos sem nenhuma pulverização para controle de antracnose, míldio, mancha-das-folhas e podridão, que são as principais doenças da uva Niagara Rosada, constatou-se a redução de 60% a 70% da ocorrência de enfermidades”, afirma Mário José Pedro Júnior, pesquisador do IAC, também responsável pelo desenvolvimento da tecnologia. 
 
Neste mesmo percentual é a queda do uso de defensivos agrícolas. “Essa redução, além do retorno financeiro devido à diminuição do uso de defensivos, economia de mão de obra, combustível e diminuição do desgaste de equipamentos, gera ainda um retorno que, em geral, não é capitalizado, como a proteção do meio ambiente e também um ganho humano, tanto para a saúde dos aplicadores como dos consumidores finais”, explica Hernandes.
 
Normalmente, os produtores utilizam o sistema de condução em espaldeira a céu aberto (parecido com uma cerca com três fios de arame) para o cultivo da uva Niagara Rosada. Neste método, as parreiras ficam um pouco mais baixas e são distribuídas pelas ruas de maneira uniforme. Os ramos anuais são conduzidos na vertical e precisam ser amarrados aos fios de arame para não serem derrubados ou quebrados pelos ventos ou pelo peso da uva. “No sistema em Y, os ramos ficam quase na horizontal e deitam-se naturalmente sobre os arames, reduzindo a necessidade de amarrio para que eles não caiam. A condução quase horizontal dos ramos provoca atrofiamento dos ramos laterais reduzindo também a necessidade de desbrota das plantas, uma operação que demanda muitas horas de trabalho no vinhedo”, diz o pesquisador do IAC.
 
O sistema já está sendo implantado em alguns municípios paulistas, como Louveira, Jundiaí, Indaiatuba e Itupeva. “Há um aumento da procura de informações por parte dos produtores. Eles estão percebendo a vantagem do cultivo protegido em “Y” e querem implantar em seus vinhedos, por isso, produzimos um boletim técnico para orientá-los”, comenta Hernandes.
 
O Boletim Técnico “Sistema de Condução em Manjedoura na Forma de ‘Y’ e Cultivo Protegido para a Videira”, está disponível gratuitamente no site do IAC, no link http://iac.impulsahost.com.br/publicacoes/porassunto/pdf/bt_211.pdf.
 
No material, há informações sobre a conversão de vinhedos com sistema de condução em espaldeira para o “Y”, montagem e instalação do sistema de sustentação. A publicação traz também informação sobre os materiais utilizados, as principais doenças fúngicas da videira, o tratamento fitossanitário no cultivo protegido, o manejo da cobertura do solo quando a técnica é utilizada, os cuidados na adoção do sistema, recomendações para instalação de quebra-ventos, além de casos bem sucedidos de produtores que utilizam a tecnologia desenvolvida pelo IAC.
 
O boletim, escrito pelos pesquisadores do IAC, José Luiz Hernandes e Mário José Pedro Júnior, possui 48 páginas e é ilustrado com fotos e tabelas coloridas para facilitar o entendimento dos produtores. 
 
Investimento
 
O custo inicial para implantação do sistema é elevado. Para plantar um hectare de espaldeira a céu aberto o produtor investe em média R$ 30 mil. No sistema protegido em “Y” com cobertura impermeável, o valor pode chegar a R$ 70 mil. “Pelo valor mais elevado do investimento, a recomendação é que o produtor faça a conversão aos poucos, ao longo dos anos”, diz. Hernandes ressalta que o investimento é recuperado em pouco tempo por conta da maior produtividade e menores gastos com defensivos e mão de obra.
 
O material utilizado para colocar sobre a estrutura é o filme plástico impermeável, a ráfia plastificada ou o telado plástico. Este último não é impermeável e perde a principal vantagem que é a diminuição de doenças. 
 
O pesquisador do Instituto Agronômico alerta para a necessidade do uso de quebra-ventos nos vinhedos que adotam a técnica, que pode ser tanto natural, como a plantação de renques de plantas altas, como artificial, com a colocação de tela.
 
Centro de Frutas IAC
 
A expansão da fruticultura de clima temperado no Estado de São Paulo está diretamente ligada às atividades desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. 
 
Pode-se assegurar que a evolução verificada no cultivo das fruteiras de clima temperado no Estado de São Paulo deve-se à adoção das variedades IAC, especialmente adaptadas às condições do inverno ameno paulista. As fronteiras das áreas mais apropriadas para o cultivo dessas fruteiras, que antes ficavam restritas às encostas das Serras do Mar e da Mantiqueira, expandiram-se consideravelmente para as regiões de clima subtropical temperado e até mesmo para as de clima tipicamente subtropical. 
 
O IAC aclimatou espécies estrangeiras e melhorou a qualidade e a produtividade de suas seleções, além do desenvolvimento de novas tecnologias, como suporte aos variados tipos de cultivo. O resultado é a produção paulista de pêssego, nectarina, ameixa, uva, abacaxi e outras frutas, em várias épocas do ano, inclusive em regiões quentes do Interior paulista.  O plantio de frutas em São Paulo mostra que a ciência pode, ao longo dos anos, gerar condições sustentáveis de cultivo e contribuir para que os produtos agrícolas estejam disponíveis em vários períodos do ano, gerando oportunidades aos agricultores e opções aos consumidores. 
 
Um dos principais trabalhos do Centro de Frutas IAC diz respeito à viticultura. O programa de melhoramento da videira com o objetivo de obter variedades e porta-enxertos adaptados às condições edafoclimáticas paulistas datam de 1944. Dentre os resultados mais destacados estão o lançamento da série de porta-enxertos tropicais de videira do IAC (IAC 766 “Campinas, IAC 313 “Tropical”, IAC 572 “Jales” e IAC 571-6 “Jundiaí”), responsáveis pela expansão da viticultura para as regiões tropicais do Estado de São Paulo e pela instalação do polo vitícola no Nordeste brasileiro em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Atualmente o uso desses porta-enxertos vem se expandindo em todas as regiões produtoras do Brasil.
 
Inicialmente a quase totalidade dos trabalhos de melhoramento de variedades de videira no IAC tinham por objetivo a obtenção de variedades para elaboração de vinho, já que na década de 60 as atividades vitinícolas foram economicamente importantes para São Paulo. Variedades como a IAC 21-14 (Madalena), IAC 116-31 (Rainha), IAC 138-22 (Máximo), IAC 960-9 (Sanches), IAC 960-12 e IAC 931-13 (Tetê) merecem destaque para a produção de vinho.
 
Com a perda da importância da indústria vinícola em São Paulo, posteriormente a 1960, o melhoramento genético da videira mudou de foco, passando a buscar quase que exclusivamente a obtenção de uvas de mesa. 
 
Os lançamentos mais recentes datam de 2001, quando o IAC apresentou a variedade IAC-Juliana (IAC 157-29), de sabor moscatel, como opção para a Niagara Rosada, a uva mais cultivada em São Paulo, com cerca de cinco mil hectares de vinhedos plantados. 
 
A cultura do pessegueiro também teve grandes contribuições do IAC. Em 1960, a variedade Talismã (IAC 1353-11), desenvolvida pelo Instituto, chegou a ocupar 80% das áreas plantadas por variedades de mesa em São Paulo. Na década de 80, a persicultura teve grande impulso com o plantio das novas variedades IAC, de alta produtividade e maturação precoce, como Sérias Tropical, Jóia, Aurora, Ouromel e Douradão. Mais recentemente foi lançado o Douradão (IAC 6782-83), que em razão de suas características, em pouco tempo passou a ocupar posição de destaque na persicultura paulista.
 
O IAC contribuiu no desenvolvimento de variedades de nectarina, ameixa, nêspera, maçã, pêra, caqui, macadâmia, marmelo, damasco-japonês, além de abacaxi. O último lançamento do Centro de Frutas IAC ocorreu em 2010, ocasião em que foi apresentado o abacaxi IAC Fantástico. A variedade se destaca com características importantes aos produtores e atrativas aos consumidores finais.
 
O IAC Fantástico é resistente à principal doença do abacaxi – a fusariose – e não possui espinhos na coroa, o que diminui os custos de produção, já que o produtor não precisa usar roupas especiais para a colheita. Sua coloração amarelo intenso, baixa acidez e doçura interessam ao consumidor final. A variedade pode ser consumida in natura ou processada pela indústria. No final deste ano, os frutos devem chegar, em pequena escala, aos supermercados. (Carla Gomes)
 
Serviço
 
Comemoração os 75 anos do Centro de Frutas IAC 
 
I Semana de Viticultura
 
Data: 1º e 2 dezembro de 2011
 
Horário: das 8h às 12h40 (1º/12/2011) e 8h às 14h (2/12/2011)
 
Local: Centro de Frutas IAC
 
Endereço: Av. Luiz Pereira dos Santos, 1.500, bairro Curupira, Jundiaí – SP
 
Boletim Técnico online “Sistema de condução em manjedoura na forma de ‘Y’ e cultivo protegido para a videira”
 
Disponível no link: http://iac.impulsahost.com.br/publicacoes/porassunto/pdf/bt_211.pdf
 
 
 
Aviso Legal
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