Mais uma vez, o Plano de Safra 2011/2012 deu ênfase à Agricultura de Baixo Carbono, destinando recursos para o financiamento de práticas sustentáveis: 3,15 bilhões de reais, com juros de 5,5% ao ano e limite máximo de 1 milhão de reais por produtor. Também foram agregados 2 programas que já existiam no Ministério da Agricultura, mas que agora ganharam maior destaque: o Plantio Comercial de Florestas ou de Recuperação Florestal; e o Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável.
Os recursos disponíveis podem financiar a recuperação de Áreas de Preservação Permanente e também as áreas de Reserva Legal.
O programa tem metas ambiciosas: aumentar de 25 para 33 milhões de hectares de áreas de Plantio Direto; recuperar 15 milhões de hectares de áreas degradadas; aumentar em mais 4 milhões de hectares a tecnologia de Integração Lavoura/Pecuária/Floresta; e expandir de 6 para 9 milhões de hectares a área de florestas plantadas.
O governo brasileiro com isso reforça os programas voltados para a sustentabilidade.
Esta ação governamental, na verdade, se insere num conjunto de outras iniciativas que conferem à realidade ambiental brasileira uma qualificação realmente invejável. Em recente artigo, o Dr Evaristo de Miranda, Doutor em Ecologia e Pesquisador renomado da Embrapa, mostra com abundância de argumentos, o fato do Brasil já ser hoje uma potência ambiental. Seus números são definitivos, e entre eles podem ser destacados os seguintes:
- o Brasil tem 2,4 milhões de quilômetros quadrados (88% do seu território) hoje protegidos. É o país com mais áreas protegidas no mundo todo, à frente da China, com 1,6 milhões de km2 e da Rússia, com 1,2 milhões, respectivamente 17% e 8% dos territórios totais. Estados Unidos, com 1,2 milhões de km2 protegidos, está em 4º lugar, enquanto a Austrália, com 730 mil km2, vem em quinto. E muitas áreas protegidas destes países são desertos ou cadeias montanhosas inacessíveis, fato que não ocorre no Brasil.
E mais ainda: nossas áreas protegidas já cobrem 54% da Floresta Amazônica Brasileira. A própria ONU considera o Brasil como o líder mundial na criação de áreas protegidas: nos últimos 7 anos, cerca de 700 mil km2 foram criados no mundo todo, dos quais 75% no Brasil.
Estes números devem ser suficientes para mostrar o compromisso brasileiro com a sustentabilidade.
Mas tem mais: a Europa tem apenas 0,1% das florestas originais do Planeta; a África tem 3,4%, a Ásia tem 5,5%. O Brasil tem hoje 28,3% das florestas originais do Planeta.
Chega? Não: somos o único país que exige 20% a 80% das áreas das fazendas com Reserva Legal. Segundo o Censo do IBGE de 2006, os agricultores brasileiros já têm 858 mil km2 de florestas, o que equivale a 10% do território nacional. Onde mais isso existe?
Temos ainda a agroenergia, grande responsável pelo diferencial da nossa matriz energética, que tem 47,8% de energia renovável, enquanto o mundo todo tem menos de 20%, e os países da OCDE não chegam a 10%. Só a cana de açúcar já vale 18,3% da energia brasileira, maior até que as hidroelétricas, e a palha de cana cortada crua pode valer uma Belo Monte! E tem muito mais: somos o 17º país em emissão de CO2 (só 1,4% do total do mundo) e somos o campeão mundial da reciclagem.
Tudo somado, já somos o líder mundial em economia de baixo carbono. Há um índice, representado pelo quociente entre o total de CO2 emitido e o Produto Interno Bruto de cada país, que representa a medida de eficiência energético/ambiental dos países na geração de riquezas. Quanto menor o quociente, melhor é o resultado. O do Brasil é 0,24, sendo o 104º colocado do mundo, posição privilegiada.
Portanto, o Plano de Safra vem sacramentar uma inequívoca tendência do agro brasileiro, na direção da sustentabilidade, da mitigação do aquecimento global, e de sua característica de agricultura de baixo carbono.
Estamos bem na foto. É só olhar para ela com atenção!
Artigo originalmente publicado em 09/09/2011
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