O estilosanthes campo grande, é uma mistura de duas espécies de leguminosas, Stylosanthes capitata e Stylosanthes macrocephala, coletadas pela Embrapa Gado de Corte, que após vários multicruzamentos, teve sua seleção definida.
A espécie macrocephala tem um hábito de crescimento mais horizontal, e a espécie capitata um crescimento mais vertical, sendo que ambas podem chegar à um metro de altura, e a principal característica de sua persistência é a ressemeadura natural, já que as suas plantas são predominantemente anuais e bianuais.
• Utilização e Vantagens
Um dos maiores problemas enfrentados na pecuária é a degradação das pastagens, e o seu alto custo de manutenção, principalmente pela necessidade de uso de fertilizantes químicos nitrogenados. O estilosanthes é uma forrageira rica em proteína e executa uma função importante de transformar o nitrogênio encontrado na atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo, reduzindo os investimentos com insumos agrícolas e possibilitando maior produção (carne e leite) pelos animais.
Pesquisas efetuadas pela Embrapa, mostraram que 88% do nitrogênio dos tecidos do estilosanthes foi obtido da fixação atmosférica. Este nitrogênio que o estilosanthes coloca no solo, melhora as condições das pastagens consorciadas.
O ganho animal nas pastagens consorciadas, é de 20% à 30% maior do que na pastagem com gramínea pura, sem adubação nitrogenada.
Além de bom fixador de nitrogênio,e seu alto valor protéico,ainda possui:
• Grande adaptação á solos arenosos e de baixa fertilidade;
• Alta capacidade de ressemeadura natural e de produtividade de sementes;
• Boa capacidade de persistência com Brachiária decumbens;
• Boa digestibilidade;
• Boa tolerãncia à desfolha natural.
• Estababelecimento (Plantio)
Na consorciação, a taxa de semeadura do estilosanthes deve ser de 3 quilos por hectare. As sementes de estilosanthes são pequenas, e a profundidade de plantio não deve ser maior do que 2 centímetros. Para plantio de gramíneas que não toleram profundidade maiores (Andropogon,Panicuns) recomenda-se à distribuição à lanço das duas forrageiras, seguidas de compactação com rolo.
Para gramíneas de gênero Brachiária, pode-se fazer a semeadura à lanço, e incorporar as sementes com uma grade niveladora, com abertura média, logo após, semear o estilosanthes, também à lanço, na superfície e compactar. Outros processos de plantio, também podem ser utilizados, observando-se as recomendações técnicas. O espaçamento mais comum, quando o plantio for em linha, deve ser de 30 á 40 centímetros.
Na recuperação de pastagens, a leguminosa pode ser introduzida em plantio direto, sobre a gramínea, que deve ser bem rebaixada anteriormente. Esta prática é mais recomendada em pastagens em início de degradação. Na recuperação de pastagens, os pastejos devem ser iniciados de 30 à 40 dias após o plantio, e no plantio de pastagens novas de 40 à 50 dias após a germinação, visando controlar o crescimento excessivo da gramínea.
• Doenças e Pragas
O estilosanthes campo grande, tem apresentado elevado grau de resistência à antracnose, característica altamente desejável, tendo em vista tratar-se da principal doença que afeta o gênero Stylosanthes no Brasil. A Embrapa constatou a incidência exporádica de outras doenças neste estilosanthes, porém sem expressão comercial. Em relação à insetos, não foram constatados danos de expressão em áreas estabelecidas com esta forrageira.
• Calagem e Adubação
O estilosanthes campo grande, mostrou-se muito bem adaptado à acidez dos solos de cerrado, podendo crescer e produzir sementes em solos cuja saturação por bases, esteja entre 30% e 35%. Observa-se também que esta leguminsa, pode suportar saturação de alumínio de até 35%, sem prejuízos para a produção. As exigências de fertilidade do solo do estilosanthes campo grande, podem ser consideradas baixas.
Dentre as plantas forrageiras, as gramíneas tem uma demanda maior, e são mais eficientes na absorção de potássio do solo, se comparada ás leguminosas. Assim, o estilosanthes campo grande, plantado em pastagens consorciadas com gramíneas, deve ter como referência, a adubação potássica. As fontes de adubos fosfatados devem ser aquelas que contenham, preferencialmente, fontes solúveis, como o superfosfato triplo e o superfosfato simples.
• Manejo
É recomendável que a gramínea não cresça muito, deixando espaço para que o estilosanthes se desenvolva. Nos meses de outubro e dezembro, período de crescimento e estabelecimento das gramíneas, os pastejos devem ser mais intensos a fim de que surjam novas plantas por ressemeadura natural. No final do período de chuvas, o pastejo deve ser mais leve, contribuindo para a produção de sementes e maior oferta de forragem no período seco.
Devemos sempre considerar que, em pastagens consorciadas, o manejo deve ser conduzido no sentido de controlar o crescimento excessivo da gramínea, para não prejudicar o crescimento da leguminosa.
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