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Embrapa Cerrados
25/01/2011
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Importantes tanto para a conservação da qualidade da água, quanto para a preservação da biodiversidade aquática e terrestre, as matas ripárias são objeto de estudo do projeto Aquaripária, iniciado neste mês de janeiro e com duração prevista para 36 meses. Os trabalhos de pesquisa estão sendo coordenados pela Embrapa Cerrados - Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - e contam com a parceria do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB). Nesta fase inicial, as possíveis áreas de pesquisa estão sendo selecionadas e caracterizadas.
O objetivo geral do projeto, explica a coordenadora Lidiamar Albuquerque, pesquisadora da Embrapa Cerrados, é iniciar um processo de restauração ecológica em trechos de matas ripárias ao longo das bacias hidrográficas brasileiras. “As ações iniciais vão ser realizadas nas cabeceiras das bacias do São Francisco, Paraná e Tocantins, todas localizadas no Distrito Federal”, informa. Segundo ela, os resultados conseguidos nesses locais poderão servir de base para outros do bioma Cerrado. “Vamos testar metodologias de recuperação nessas áreas para que sejam implantadas em áreas semelhantes do bioma”.
A pesquisadora Lidiamar Albuquerque destaca o caráter multidisciplinar e integrador do projeto. “É realmente o grande diferencial. Esse estudo envolve cerca de 20 profissionais da Embrapa Cerrados e da Universidade de Brasília. Vamos estudar tanto o processo de recuperação das matas ripárias, quanto a sua influência na qualidade da água dos rios. O que se busca é propor métodos mais viáveis economicamente e que permitam melhorar a saúde dos ecossistemas aquáticos e terrestres e de sua biodiversidade”, explica.
O projeto, cujo título completo é “Aquaripária: restauração ecológica de ambientes ripários sob influência de atividades agrícolas e urbanas em mananciais de três bacias hidrográficas”, prevê também a utilização de áreas de referências similares às que existiam antes da degradação. “Isso funcionará como parâmetro das condições desejadas na restauração ecológica”, explica. Segundo a pesquisadora, “com o desenvolvimento do projeto, espera-se uma série de benefícios para o conhecimento científico brasileiro, para as populações humanas afetadas pela degradação das zonas ripárias de nossas bacias hidrográficas e a manutenção do nosso patrimônio estratégico que é a biodiversidade”.
Degradação das matas ripárias
As principais causas de degradação das matas ripárias, explica a pesquisadora, são o desmatamento vinculado às ações de agricultores, pecuaristas, mineradores e madeireiros, assim como a expansão das áreas urbanas, a extração de areias nos rios, instalação dos empreendimentos turísticos mal planejados, dentre outras. Esses processos de degradação e fragmentação dessas formações, além de desrespeitarem a legislação, que torna obrigatória a sua preservação, resultam em vários problemas ambientais e de saúde pública dependendo do seu grau.
As matas ripárias são formações vegetais que estão sob a influência dos cursos d´água e compreendem as matas de galeria e as matas ciliares. A primeira forma galeria em rios de pequeno porte, enquanto a segunda deixa a água exposta a céu aberto em rios de médio e grande porte. Elas atuam na contenção dos processos erosivos ao longo do rio e servem de refúgio e fonte de alimento para a fauna terrestre e aquática.
As matas ripárias funcionam como filtros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água, afetando diretamente a quantidade e a qualidade da água e consequentemente a fauna aquática e a população humana. A sua degradação via desmatamento, queimadas e a disposição inadequada de resíduos sólidos como garrafas, latas, papéis, além de poluírem as águas, servem de abrigo para vetores transmissores de doenças. Entretanto, a grande fonte de contaminação em áreas próximas a centros urbanos é por resíduos orgânicos, proveniente dos esgotos domésticos e/ou industriais. (Juliana Caldas)
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