Reprodução é uma atividade de “luxo” para os bovinos, ou seja, só ocorrerá se as necessidades básicas estiverem supridas. Carências de energia, proteína, minerais e/ou vitaminas, estresse (por calor excessivo) ou doenças infecciosas e parasitárias provocam falhas na atividade reprodutiva, que vão desde a falta de cio até a ocorrência de abortos.
O parasitismo causa perdas de desempenho e alterações no ciclo reprodutivo dos bovinos. A ação direta e/ ou ação indireta dos parasitos reduz o peso dos animais, transmite doenças, como a Tristeza Parasitária Bovina (TPB) e causa estresse, provocando perdas produtivas ou mesmo mortalidade dos animais.
A verminose afeta o crescimento de animais jovens, atrasa sua puberdade e a idade ao primeiro acasalamento. A Fascíola Hepática (conhecida também com Baratinha do Fígado ou Saguaypé) provoca lesões severas e alterações do fígado dos bovinos e ovinos, afetando diversas funções, dentre elas a reprodutiva. Os tratamentos devem incluir toda a gama de parasitos presentes, portanto, o diagnóstico é muito importante.
O carrapato, a mosca-dos-chifres e as larvas do berne provocam perdas de desempenho tanto pelo parasitismo direto, como pela transmissão de doenças e estresse, o que leva à redução do apetite e peso, alterações na secreção de hormônios e no desejo sexual (libido).
Bianchi e Alves (2002), no Mato Grosso do Sul, estudaram por quatro anos o impacto do controle da mosca-dos-chifres durante a estação reprodutiva. A percentagem média de prenhez das vacas tratadas, nos quatro anos, foi 15% maior do que nas vacas não tratadas. Uma das razões foi o menor parasitismo sofrido pelos touros durante a estação de monta.
Dados semelhantes foram observados por Wecker et al. (2010) no controle do carrapato durante a estação reprodutiva, comparando fluazuron pour on (Acatak®) e banhos de caldas que associam cipermetrina e clorpirifós. As vacas que receberam fluazuron apresentaram uma taxa de prenhez 20,7% maior do que as tratadas pelo método tradicional (70% vs 58%, respectivamente; P= 0,013). O melhor escore corporal das vacas livres dos carrapatos proporcionou as condições necessárias para obter esta superioridade.
Os produtos usados também podem interferir na reprodução. Banhos com carrapaticidas tradicionais (organofosforados, piretróides ou amitraz) podem favorecer abortos ou queda no consumo de alimentos pós-banho. Sampedro et al. (2002) compararam banhos com amitraz a cada 21 dias vs fluazuron pour on e detectaram abortos em vacas na ordem de 2,2% vs. 0,75% (P<0,05), respectivamente. No mesmo trabalho avaliaram novilhas de reposição e aquelas tratadas com o fluazuron apresentaram um ganho de peso superior ao das que receberam o banho (124 kg vs. 108 kg, respectivamente; P<0,05), atingindo, assim, o peso mínimo de acasalamento mais cedo. A maior toxicidez do amitraz e traumatismos durante o banho são causas comuns de prejuízo em tratamentos convencionais.
Assim, o manejo reprodutivo dos rebanhos deve seguir rotinas que envolvam uma correta nutrição, exames andrológicos para substituição de touros com problemas e a adoção de programas sanitários, dando condições à expressão da fertilidade do rebanho, traduzida por altas taxas de prenhez e natalidade e melhores condições para futura lactação e criação do bezerro.
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