A criação de abelhas Apis mellifera tem sido uma das atividades de destaque na região Nordeste, com expressivo crescimento em produtividade e qualidade. Com uma aptidão ambiental nata, já é possível observar mudanças promovidas na paisagem socioeconômica de municípios localizados nos Estados do Maranhão e Piauí, região Meio-Norte do Brasil.
Estudos sobre a cadeia produtiva apícola, realizados no período de 1995/1996, já assinalavam para o surpreendente crescimento da atividade. Nesse período, estimava-se a presença de aproximadamente 9.500 famílias envolvidas na apicultura, passando para cerca de 18.000 no levantamento de 2000, sem considerar as ocupações indiretas.
Nesse novo levantamento foram buscadas informações que permitissem um melhor conhecimento sobre o desempenho da cadeia produtiva apícola e de seus gargalos tecnológicos. O "Estudo da Cadeia Produtiva do Mel no Estado do Piauí” se tornou um marco no desenvolvimento do setor apícola da região e subsidiou a montagem e estruturação do Núcleo de Pesquisas com Abelhas (NUPA) da Embrapa Meio-Norte.
As informações levantadas em 2000 ainda hoje norteiam as pesquisas que são desenvolvidas pelo NUPA e direcionam as linhas de atuação da equipe, com destaque para temas voltados à alimentação de abelhas, manejo de colmeias, tipificação e qualidade do mel, flora apícola, apicultura orgânica, meliponicultura e polinização. Para um melhor atendimento às demandas de pesquisa ligadas à qualidade e processamento de produtos apícolas foi instalado na Embrapa Meio-Norte o Laboratório de Controle da Qualidade de Produtos Apícolas (LPA), que também atende ao setor produtivo por meio da prestação de serviços com a realização das análises oficiais exigidas para controle da qualidade de produtos e emissão de relatórios de ensaio analítico.
Além das informações obtidas em diagnósticos de cadeia produtiva, as definições de linhas temáticas e área de atuação do NUPA mantêm um alinhamento com interesses de seu público interno e externo, obtidas por meio de reuniões e análise de questionários que apontam as tendências, oportunidades, ameaças, forças e fragilidades, levando em consideração as especificidades dos seis biomas que compõem a área de atuação da Embrapa Meio-Norte.
Muitas das ações desenvolvidas no NUPA são conduzidas por meio da cooperação técnica entre o setor produtivo (associações, cooperativas e produtores) e parceiros, como Unidades da Embrapa, Universidades e outras instituições, atuando cada um destes agentes em sua área de competência. Como reflexo dessa atuação conjunta, o Estado do Piauí despontou como um dos principais estados produtores de mel das abelhas A. mellifera. Em números, esse incremento produtivo do estado se deu a uma taxa média de 14,8% a.a. entre 2001 e 2008, enquanto a produção brasileira cresceu 8,2% a.a. no mesmo período de acordo com dados do IBGE.
Além do aumento no volume de produção, também a qualidade tem sido um constante foco de trabalho, buscando-se a conscientização do produtor para o uso de boas práticas apícolas no campo e nas unidades de beneficiamento, armazenamento e comercialização de produtos. Essas ações resultaram em um rápido crescimento do mercado para o produto da região, principalmente no mercado internacional, com foco em alimentos orgânicos e livres de resíduos. Prova desta qualidade é a obtenção por associações da região da certificação orgânica para seu mel, além da Eco-Social e do Mercado Justo e Solidário, garantindo a venda do produto com preços diferenciados aos normalmente praticados no mercado. Essas certificações obtidas demonstram, além do reconhecido nível de qualidade e profissionalismo praticado pelo setor apícola do Estado do Piauí, a preocupação com a melhoria da qualidade de vida dos apicultores.
A diversificação da produção apícola também tem sido buscada como alternativa à produção de mel, possibilitando a geração de novas fontes de recursos financeiros para os apicultores. A cera de abelhas e própolis tem sido alguns desses produtos estudados.
Recursos naturais pertencentes à realidade dos criadores também vem sendo avaliados como alternativas alimentares e de bem-estar das abelhas durante épocas do ano em que o ambiente apresente características adversas à atividade. O calor excessivo e a escassez de alimento são exemplos desses problemas, que têm sido minimizados com a busca de alternativas para sombreamento de apiários e de alimentos regionais, com níveis nutricionais que garantam a manutenção das colônias entre os períodos produtivos. Nesses estudos são buscados, preferencialmente, produtos que sejam de fácil acesso aos produtores, com baixo custo de aquisição, e que maximizem a produtividade das abelhas.
Além das abelhas A. mellifera, também as abelhas nativas sem ferrão são foco de ações de Pesquisa e Desenvolvimento que buscam viabilizar o uso desses insetos para a diversificação da produção e o uso sustentado dos recursos naturais da região, com reflexos positivos sobre a conservação desses agentes polinizadores. Semelhante às abelhas Apis, as abelhas nativas apresentam diversos produtos com potencial de uso, sendo o mel o mais conhecido e ao qual se atribuem características particulares. No entanto, o nível de conhecimento sobre seus produtos e de racionalização e padronização para atividade ainda está muito aquém do que se pratica para as abelhas africanizadas. De forma a reduzir esse déficit de informações, trabalhos vem sendo conduzidos com o objetivo de se conhecer as espécies de abelhas nativas existentes na região, criar e adaptar tecnologias para as espécies regionais e transferir informações sobre aspectos biológicos e do manejo aos criadores, inserindo a meliponicultura como alternativa de desenvolvimento sustentável em comunidades carentes do Piauí e Maranhão.
A atuação para melhoria desses índices zootécnicos e qualitativos em nível de produtor e para a ampliação na gama de produtos das abelhas com possibilidade de exploração na região é feita por meio de ações de capacitação e transferência de tecnologia, como a realização de Cursos e Dias de Campo, e a instalação de Unidades Demonstrativas. O contato com o público externo é realizado ainda por meio da
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