Neste mês de junho o setor apícola foi presenteado com a informação de que as exportações brasileiras de mel estiveram em alta e que o produto atingiu preços recordes de comercialização no mercado internacional. De acordo com informações do MDIC/SECEX, em relação ao mês de maio foram exportadas 1,9 mil toneladas de mel, com receita de US$ 5.543.022,00, o que representa um incremento de 34% e 32,8% respectivamente, em relação ao mês de maio, além de um preço recorde de comercialização de US$ 2,91/kg.
Esses dados confirmam o potencial deste produto das abelhas na geração de divisas e incremento na renda dos produtores. No entanto, mercados internos e externos estão cada vez mais exigentes em relação à qualidade do mel adquirido, fruto de uma maior procura do consumidor por produtos saudáveis e livres de contaminantes. O Brasil, como já abordado em colunas anteriores do Portal Dia de Campo, apresenta todas as características favoráveis para obtenção desse tipo de produto.
A manutenção desse mercado passa pela atuação constante de órgãos fiscalizadores nacionais e internacionais, que definem qual o padrão de qualidade que o produto deve ter para ser destinado ao consumo humano. No Brasil, esses padrões qualitativos estão estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio do “Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Mel”, publicado na Instrução Normativa (IN) n.11 do ano de 2000. Essa IN define quais as análises que devem ser realizadas no mel, e que permitem obter informações quanto à sua maturidade, pureza e degradação. Em conjunto, os resultados obtidos, quando comparados com os padrões de qualidade estabelecidos, servem para controle de qualidade e fiscalização do mel produzido tanto no Brasil, ou eventualmente importado.
Adicionalmente, essas análises são também utilizadas para a tipificação de méis com características distintivas (ou na busca delas) e que apresentem potencial de agregação de valor ao produto. Também méis pouco estudados são submetidos a essas análises subsidiando o seu melhor conhecimento e a proposição de padrões de qualidade, por exemplo, o mel produzido pelas abelhas indígenas sem ferrão (meliponíneos).
Outras análises complementares podem ser exigidas pelos mercados, principalmente, importadores e o não atendimento a elas pode comprometer a comercialização. Um exemplo foi o embargo da União Européia (UE) ao mel brasileiro no ano de 2006 sob alegação de que o País não atendia às regras de controle de resíduos do bloco europeu. É importante ressaltar que, de acordo com o Governo Brasileiro, nunca houve notificação oficial da UE referente a problemas de qualidade nos méis exportados em relação ao controle de resíduos. Essa situação perdurou até o ano de 2008, quando o embargo foi finalmente suspenso. A situação econômica dos produtores brasileiros não foi tão comprometida em função de uma substituição nos mercados importadores, com os EUA absorvendo parte do produto que deixou de ser comprado pela UE.
Essa situação serve de alerta para a constante adequação de todos os elos da cadeia apícola brasileira à dinâmica com que as exigências de mercados consumidores são ajustadas, garantindo qualidade ao nosso produto, o acesso ao mercado consumidor e a manutenção de preços competitivos.
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Luiz Antonio Sosnowski - SER Apis - Pesquisa, beneficiamento e assessoria apícola Ltda
02/08/2010 - 19:27
Os principais entraves no controle de qualidade do mel e polÝtica de preþos estÒo na falta de profissionalizaþÒo do produtor e quase inexistente representatividade de classe, e polÝticas p·blicas ineficientes para fixaþÒo de profissionais na atividade, limitado pela acentuada participaþÒo de um corpo cientÝfico, distante da realidade de campo, aliado ao corpo de tÚcnicos com experiÛncia apenas te¾rica, e consequentemente inexperiente na soluþÒo dos problemas do cotidiano da produþÒo. O primeiro interfere diretamente na relaþÒo do custo de produþÒo, pois com mÚdia nacional entre 13 a 17 kg/colmÚia/ano, nÒo hß como a atividade ser rentßvel para produtores que nÒo contam com fomentos institucionais como Sebrae e programas sociais (que sÒo assistencialistas) doando materiais, equipamentos, e o segundo, por nÒo haver uma cultura de contrataþÒo de consultorias e assessorias privadas especializadas, ministrar-se cursos de conte·do tecnol¾gico incipientes, nÒo realizando a necessßria anßlise da atividade produtiva como NEGËCIO. Decorrente disso, encontramos remuneraþÒo muito abaixo da necessßria para viabilidade econ¶mica da atividade de produþÒo que motive financiamentos e investimentos agressivos no segmento de apicultura dentro do agroneg¾cio. A atividade Ú mais um TAPAR O SOL COM A PENEIRA (em relaþÒo a um problema s¾cio-econ¶mico dos estados mais pobres da federaþÒo)do que o desenvolvimento de uma atividade atrativa como OPORTUNIDADE DE NEGËCIO Ó populaþÒo rural.
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