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O solo da Região Semiárida é, em geral, carente de nitrogênio, fósforo e matéria orgânica. Para tentar melhorar esse quadro, muitos agricultores da região utilizam o esterco animal como adubo orgânico nas plantações. No entanto, além de não haver quantidade suficiente de esterco para adubar toda a área agrícola, a qualidade da maioria do esterco usado é baixa, devido às precárias condições de armazenamento. A melhor solução para os solos semiáridos seria o uso de adubos verdes com o plantio de leguminosas arbóreas, principalmente a gliricidia sepium, que tem resistência à seca. Dessa forma, haveria um grande aporte de matéria orgânica de qualidade no solo aumentando a produtividade de culturas como feijão, milho, batata e hortaliças entre 100% e 400%.

— Fizemos um levantamento e vimos que o máximo que se poderia adubar das áreas cultivadas com esterco animal é cerca de 20%. Muitas vezes o esterco disponível está acumulado no curral, muito tempo levando chuva e sol, o que causa o empobrecimento da sua qualidade e a perda de alguns nutrientes, principalmente, o nitrogênio. A maioria dos estercos não é rico em nitrogênio e o que acontece é que ele pode até prejudicar a cultura agrícola mais do que beneficiar, principalmente as culturas de ciclo curto como hortaliças, milho e feijão. Temos feito pesquisas com leguminosas arbóreas e a que tem tido bastante destaque é a gliricidia sepium, originária da América Central, que tem uma enorme capacidade de produção de biomassa de alta qualidade, com alto teor de nitrogênio. O mais importante é que ela é extremamente resistente à seca — explica o engenheiro agrônomo Rômulo César Menezes, professor da Universidade Federal de Pernambuco, que trabalha com o desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis na região Semiárida.
Menezes é um dos palestrantes da 18ª Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, que acontece entre os dias 8 a 13 de agosto, em Tersina, Piauí. Ele ressalta a importância de pesquisas que estudem o uso de leguminosas nativas da Região Semiárida como adubos verdes. Além de estarem bem adaptadas à área, algumas delas têm boa capacidade de produção de biomassa, principalmente na época das chuvas. Segundo o professor, a UFPE e outras instituições já estão desenvolvendo pesquisas neste sentido.
— É também muito importante para pesquisas futuras estudar o potencial das plantas nativas da região semiárida como adubo verde. Principalmente na época das chuvas, existe uma série de plantas que produzem uma boa quantidade de biomassa. Na própria propriedade existe uma gama enorme de resíduos vegetais que podem ser transformados em adubo orgânico, que é a compostagem. Você mistura resíduos vegetais de baixa qualidade com esterco e realiza o empilhamento da leira com revolvimento desta matéria orgânica durante cerca de 90 dias. O problema é que esta prática muito interessante, muitas vezes, não é viável na Região Semiárida porque exige água por um tempo prolongado e também mão-de-obra — diz Menezes.
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