O controle eficaz das parasitoses exige conhecimentos e intervenções em momentos adequados que visem reduzir ao máximo o impacto das parasitoses sobre os índices produtivos dos animais.
A primeira medida é estabelecermos quais parasitos são importantes na fazenda. Posteriormente devermos buscar informações relacionadas à Biologia e as condições que favoreçam ou desfavoreçam a manifestação dos mesmos, a Epidemiologia. Epidemiologia é a parte da parasitologia que avalia a inter-relação entre os hospedeiros, os parasitos e o ambiente, para estabelecer medidas de controle dos parasitos a níveis economicamente satisfatórios. A erradicação de todos os parasitos é impossível e mesmo em casos específicos é muito onerosa.
Infelizmente, no caso das verminoses por Vermes Redondos, não temos um método simples que assegure o grau de parasitismo dos bovinos. Muitos técnicos e pecuaristas utilizam o Exame Parasitológico de fezes Contagem de OPG, utilizando a Técnica de Gordon & Withlock Modificada ou Técnica de MacMaster. Essa técnica não é adequada aos bovinos, pois foi desenvolvida para estimar a carga parasitária por vermes redondos gastrointestinais em ovinos e caprinos, utilizando de alíquotas com 2 a 5 gramas de fezes. É simples constatarmos diferenças básicas entre os pequenos ruminantes e os bovinos, como: o volume de fezes eliminado por dia pelos ovinos e caprinos é muito inferior ao volume de fezes de um bovino; as características físicas das fezes dos ovinos e caprinos, fezes concentradas e ovaladas (síbalas) são bem diferentes das fezes dos bovinos (hora pastosas, hora muito líquidas, etc).
Epidemiologia
A manifestação das parasitoses em maior ou menor intensidade durante o ano está intimamente relacionada às condições ambientais, especialmente à temperatura média e a umidade relativa do ar (UR). Também tem importância características relacionadas aos animais, como a raça e categoria, e o sistema de criação.
Estudos demonstram que durante o período menos chuvoso (época das secas nas regiões tropicais) ou frio (inverno na Região Sul) há uma menor quantidade de estágios não parasitários (larvas) dos principais parasitos no ambiente. Em contrapartida, com relação às verminoses, temos um grande número de parasitos no organismo dos animais. Nos períodos chuvosos e quentes do ano, temos um grande número de larvas dos parasitos no ambiente e relativamente um menor número de vermes parasitando os animais. Já com relação aos ectoparasitos, nos períodos chuvosos e quentes, também encontraremos número significativo de parasitos sobre os animais.
A raça dos animais também tem grande influência na intensidade do parasitismo. Bovinos de raças européias, em geral, são mais sensíveis que bovinos de raças zebuínas. Animais resultantes dos cruzamentos entre estas raças têm nível de susceptibilidade intermediária, sendo menos susceptíveis que animais puros de raças européias e mais susceptíveis que animais puros de raças zebuínas. Temos ainda a suscetibilidade individual, ou seja, num rebanho homogêneo, há uma parcela de animais mais sensíveis às parasitoses. Essa característica é facilmente percebida com relação às agressões pelo carrapato, por exemplo. Estudos mostram que aproximadamente 25% dos animais de um rebanho homogêneo (mesmas raça, faixa etária, manejo, sexo, etc), carrega consigo mais de 50% do número total de carrapatos desse rebanho. São os animais de “Sangue Doce”, verdadeiras “fábricas” de carrapatos para o restante do rebanho.
Normalmente os animais mais jovens tendem a sofrer mais os efeitos negativos das parasitoses, pois o sistema imunológico (de defesa) desses animais ainda não foi convenientemente estimulado para suportar os desafios. Assim a faixa etária onde os maiores prejuízos ocorrem devido às verminoses compreendida entre os 2 ou 3 meses até os 24 meses de idade. Nos animais adultos, particularmente nas fêmeas, os prejuízos costumam ser mais significativos no peri-parto.
Quanto ao sistema de criação, naqueles à pasto com maior densidade de animais por área, as agressões tendem a ser mais severas pelo fato de maior aproximação entre os animais (hospedeiros) e as larvas dos parasitos, encontradas próximo aos bolos fecais de onde se originaram ou, no caso do carrapato, próximo do local onde surgiram após a eclosão dos ovos colocados por teleóginas no solo. Já nos sistemas totalmente estabulados, a agressão por verminoses tende a ser baixa quando o sistema recebe boas práticas de higiene, com o mesmo ocorrendo em relação ao carrapato. Porém, a agressão por moscas pode ser alta.
Traçando o Programa de Controle Parasitário
É importante, além das informações anteriores, termos conhecimento de: quais são os produtos disponíveis; o que controlam e por quanto tempo controlam; por quanto tempo deixam resíduos penalizáveis no leite e derivados após a aplicação.
➣ Grupos Químicos Disponíveis
Os antiparasitários são divididos em grupos químicos de acordo com a finalidade e o mecanismo de ação. Assim os vermífugos atuam sobre os vermes e os ectoparasiticidas contra os parasitos externos (carrapaticidas, mosquicidas, bernicidas, mata-bicheiras, etc). Temos também os endectocidas, que controlam tanto parasitos internos quanto externos. Os principais grupos químicos são:
1) Grupo das Lactonas Macrocíclicas: são endectocidas e atuam sobre a coordenação nervosa dos vermes redondos e parasitos externos sensíveis, levando-os a paralisia, morte e eliminação do organismo dos animais tratados. Neste grupo temos as Avermectinas (Ivermectina, abamectina, doramectina e eprinomectina) e as Milbemicinas (moxidectina).
2) Grupo dos Benzimidazóis: são apenas vermífugos e atuam interferindo nos mecanismos de obtenção de energia dos vermes. Alguns atual sobre cestodas e trematodas. Os principais representantes são o albendazole, o fenbendazole e o oxifendazole.
3) Grupo dos Substitutos Fenólicos: interferem nos mecanismos de obtenção de energia dos parasitos, matando-os por inanição, mas de forma diferente dos benzimidazóis. Os principais representantes são o Nitroxinil e o Closantel. Têm atuação seletiva sobre algumas espécies de vermes redondos e podem ser empregados para controle de infecções pela Fasciola hepatica (Baratinha do fígado).
4) Grupo dos Imidazotiaz&
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