O Brasil deu um grande salto na produção agropecuária, especialmente na produção de alimentos, entre a década de 1960, quando era grande importador, e o final da década de 1990, quando assumiu posição de destaque na exportação, graças à expansão da área cultivada e, principalmente, devido ao crescimento da produtividade.
Esta “revolução silenciosa no campo” não ocorreu por acaso. Ela foi alicerçada na geração de conhecimento para desenvolver o cultivo de alimentos em condições de clima tropical, a chamada Agricultura Tropical, através de significativos investimentos em ciência e tecnologia, principalmente com a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o aperfeiçoamento do seu corpo de pesquisadores, por meio de pós-graduações, no exterior, o aperfeiçoamento dos professores dos cursos de Ciências Agrárias (Agronomia, Veterinária e Zootecnia) e a ampliação do número de universidades.
Outro pilar da revolução foi a criação das empresas estaduais de pesquisa e o fortalecimento da empresas estaduais de assistência técnica e extensão rural (Ematers), a quem coube a nobre tarefa de transferir as novas tecnologias geradas pela pesquisa, para os produtores rurais.
A geração e transferência de tecnologias como a correção e fertilização dos solos ácidos do Brasil Central e o desenvolvimento de novas cultivares adaptadas à região tropical, aliados aos programas de incentivo à colonização do Cerrado, em especial o Programa de Cooperação Nipo-brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER), coordenado pela Companhia de Promoção Agrícola (CAMPO), com apoio dos governos brasileiro e japonês e ao espírito desbravador dos nossos produtores, especialmente da região Sul do país, constituíram-se na mola propulsora que desencadeou o processo de transformação do Cerrado, “uma terra de fazer longe”, como diz o nosso querido Ex-ministro da Agricultura e baluarte desta façanha, Alysson Paolinelli, no celeiro do país e detentora da atual e futura responsabilidade de ajudar a alimentar os 9 bilhões de pessoas, que deverão habitar a terra, no ano 2050.
Uma tecnologia que também deu, está dando e dará grande contribuição para o aumento da produtividade no campo é o sistema plantio direto (SPD), que se baseia no plantio sobre os resíduos vegetais da cultura anterior, sem o preparo do solo e teve a sua origem no ceio de produtores rurais do estado do Paraná, que viam a erosão causada pelas chuvas torrenciais de verão sangrar como artérias rompidas, aniquilando todos os seus esforços e as sua receitas e arrastando o seu maior patrimônio, o solo, para os rios e represas, inviabilizando a atividade.
Até então a nossa agricultura se baseava em práticas de manejo do solo, como aração e gradagem, desenvolvidas em países de clima temperado do hemisfério norte e trazidas com os nossos imigrantes vindos, principalmente, dos continentes europeu e asiático.
O SPD estancou a sangria do solo, trouxe economia para os produtores com a redução do uso de máquinas para o seu preparo do solo, deu a agilidade para a operação de plantio, permitindo a semeadura na época recomendada pela pesquisa, possibilitando a expressão do potencial genético das culturas e resultando no aumento da produtividade e da competitividade.
Também proporcionou a proteção da terra contra as intempéries (chuvas torrenciais, sol escaldante, ventos, estiagens), com a palhada mantida na superfície, permitindo a infiltração da água das chuvas e o seu armazenamento no solo, conferindo maior tolerância aos estresses hídricos e consequentemente estabilidade de produção e recarregando os aquíferos.
Mais recentemente surgiu uma nova tecnologia tropical, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que consiste no desenvolvimento das atividades de agricultura, de pecuária e de silvicultura (floresta) na mesma propriedade, aproveitando-se as sinergias exis aproveitando-se as snergias exixtenteso das atividades de agricultura e de pecudo continente europeu e para os produtores ruratentes entre elas.
A ILPF, associada ao SPD está proporcionado uma nova revolução na nossa agricultura, a “revolução azul”, que pode ser atestada pelos benefícios econômicos, ambientais e sociais gerados no campo.
Os ganhos econômicos são proporcionados pela melhoria das qualidades químicas, físicas e biológicas do solo, pela redução de pragas, doenças e plantas daninhas e podem ser percebidos pela redução dos custos de produção em função da menor demanda por insumos como corretivos, fertilizantes, herbicidas, inseticidas e fungicidas. Ocorre também uma melhoria da receita proporcionada pela diversificação de atividades na propriedade e pela redução dos riscos climáticos e de mercado.
Os benefícios ambientais podem ser mensurados pela redução da erosão, do assoreamento e contaminação das nascentes, rios e lagos e represas; da recarga dos aqüíferos; da redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), em função da diminuição do uso de combustíveis fósseis e de outros insumos que os utilizam na sua fabricação; do aumento da atividade biológica do solo; da recomposição da flora e da fauna; e do seqüestro de carbono pela palhada e pela floresta, auxiliando na redução do aquecimento global.
A contribuição social da ILPF e do SPD é atestada pela redução na sazonalidade da demanda por mão de obra, geração de novos empregos com maior qualificação, melhoria das condições de trabalho no campo, aumento na renda e na qualidade de vida dos produtores e dos colaboradores.
Para que estas tecnologias sejam amplamente adotadas faz-se necessário a sua transferência para os mais distantes rincões do nosso país, o que somente poderá ser conseguido com a revitalização das ATERs, através do estabelecimento de orçamento no plano plurianual (PPA), para realização de concursos, para a capacitação dos funcionários, para a aquisição de veículos, para a modernização de equipamentos (computadores, GPS etc.), implantação de plano de cargos e salários e premiação por mérito.
Deverão ser elaborados e implantados programas de capacitação continuada de multiplicadores ou difusores, por meio da realização de cur
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