Existem 17 mil espécies de moscas identificadas nas Américas, sendo que os papéis que elas desempenham na natureza são variados: polinização, elo na cadeia alimentar, degradação de matéria orgânica animal e vegetal e disseminação de agentes patogênicos como vírus, bactérias, fungos, liquens, micoplasmas e parasitas.
A infestação de moscas é um problema de manejo, o qual é complicado pelos diferentes tipos de instalações, práticas de limpeza, higienização, saneamento e manutenção adotados, bem como das próprias condições climáticas e sazonais da região.
Os princípios básicos de controle de moscas, se adequadamente compreendidos, poderão ser adaptados a quaisquer condições locais com sucesso. O controle de moscas requer uma abordagem de manejo envolvendo a integração de métodos de controle de maneira compatível com as práticas correntes adotadas na produção animal.
A biologia da Mosca doméstica
As moscas domésticas (Musca doméstica) são sinantrópicas, ou seja, vivem próximas ao homem e se adaptam a diversos ambientes. A temperatura ideal para seu desenvolvimento varia de 15° a 40°C. Compreender suas fases de desenvolvimento pode colaborar nas ações deste inseto.
As moscas desenvolvem-se através do processo denominado metamorfose completa, ou seja, compreendendo os estágios de ovo, larva, pupa e adulto.
O tempo transcorrido entre a fase de ovo e a fase adulta pode variar de 7 a 35 dias, dependendo da temperatura e umidade. A mosca vive cerca de 30 dias e acasala apenas uma vez, pondo durante sua vida em torno de 700 ovos, em 4 a 6 períodos de postura.
A fêmea põe seus ovos numa grande variedade de substratos orgânicos em putrefação, decomposição ou fermentação, tanto de origem animal quanto vegetal, daí sua particular preferência por estercos, fezes e lixo. Alguns exemplos desses substratos são: estercos de suínos, aves, bovinos (principalmente o de bezerros em aleitamento), fezes humanas (latrinas abertas), esterco de equinos, lixo doméstico e outros.
Supõem-se que o que vemos, em termos de moscas, represente apenas 20% da população total de moscas na área. Os outros 80% estão nas formas de ovos, larvas em diferentes estágios e pupas, localizados nos focos de criação.
Doenças transmitidas através das moscas domésticas
Muitas pessoas vêem as moscas apenas como um incômodo, mas para os criadores de animais de produção, elas são responsáveis por prejuízos significativos.
Os impactos econômicos surgem através da queda na produção leiteira, de carne e de ovos devido ao grande estresse causado pela infestação nos animais e pelas doenças transmitidas.
As moscas são atraídas por excreções e secreções dos olhos, corrimentos nasais, vômitos, escarros, umbigo dos recém nascidos, feridas abertas, gotejamento de leite pelo esfíncter dos tetos. Esses insetos carregam uma enorme quantidade de bactérias e vírus que se desenvolvem nos pontos de contato e levam a uma série de doenças, tais como: ceratoconjutivites, mastites, onfaloflebites, salmoneloses, certas verminoses, tuberculose, colibacilose, rinite atrófica, coccidiose, coriza aviária e outras tantas doenças (Greenberg et al. 1973; Gerhardt et al. 1982; Iwasa et al. 1999; Fischer et al. 2001 ; Föester et al. 2009).
Além dos prejuízos causados na produção, as moscas também são responsáveis por problemas sociais, causando estresse nos funcionários e nos vizinhos e pela contaminação de alimentos transmitindo diversas doenças a crianças e adultos (Fotedar et al. 1992).
Controle da infestação
O controle das moscas domésticas deve compreender o manejo dos dejetos, evitando a aglomeração de esterco, que proporciona um ambiente favorável ao desenvolvimento dos ovos e larvas, e a adoção de produtos larvicidas seletivos e adulticidas que eliminem as diferentes fases dos insetos.
Larvicidas específicos, como a ciromazina, devem ser pulverizados sobre o esterco ou nos locais onde haja proliferação de larvas. São estratégicos no controle das moscas, pois não afeta ácaros e besouros, que agem como predadores destes tipos de dípteros, nem outros integrantes da fauna natural de degradação das fezes. Uma nova aplicação dependerá do manejo e volume do esterco produzido.
Para controle das moscas adultas, temos que fazer aplicações nas instalações onde elas frequentam, de inseticida adulticida que atraem e eliminem as mocas. Sendo ideal que esse produto tenha um efeito residual prolongado.
Como controle estratégico, sempre aplicar o adulticida utilizando anéis sanitários, para que não ocorra a entrada de moscas em locais indesejados.
O produtor verá a diferença, e os animais sem o estresse e as doenças associadas às moscas, poderão expressar seu potencial produtivo, gerando mais lucros.
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