O setor suinícola tem obtido destaque no País nos últimos tempos. O que mais tem despertado a atenção, além da própria atividade, é a importância da limpeza e da desinfecção da granja de suínos. A profissionalização e o desenvolvimento do setor vieram acompanhados da adoção de uma série de procedimentos para garantir a sanidade das propriedades.
A suinocultura moderna é baseada na criação intensiva e sistemática dos animais. Apesar dos indiscutíveis ganhos de produtividade em escala, a sanidade se torna cada vez mais comprometida em função da grande concentração desses animais em granjas, facilitando a disseminação de doenças infecciosas. Nesse contexto, a adoção de medidas para diminuir ou eliminar a contaminação ambiental por microorganismos patogênicos é o ponto principal para garantir que os suínos atinjam bons índices de desempenho zootécnico ao abate.
Hoje, diante da necessidade de se produzir mais no menor tempo possível, os produtores acabam abrindo mão da qualidade e não se preocupam como deveriam com a higiene das instalações rurais. Quando uma granja de suínos possui ineficiente programa de limpeza e desinfecção, as principais doenças que podem se instalar são as infecciosas, causadas por vírus, bactérias, micoplasma e protozoários. Particularmente, as doenças infecciosas causadas por vírus, tal como a Circovirose, são as que têm maior potencial de se desenvolver, uma vez que os antibióticos utilizados atualmente na suinocultura não agem sobre esses microorganismos.
Para um programa de limpeza e desinfecção ter qualidade é preciso seguir quatros etapas - remoção física, umidificação, limpeza e desinfecção -, mesmo que a forma de realização do saneamento varie em função das necessidades das diferentes fases ou sistemas de produção de suínos.
O procedimento completo deve ser adotado sempre que houver disponibilidade das instalações sem a presença dos animais. Entretanto, a limpeza seca (retirada das fezes com auxílio de ferramentas) deve ser realizada diariamente, uma vez que as fezes e a sujidade (matéria orgânica) presentes nas instalações são as principais fontes de contaminação para doenças infecciosas.
A maior preocupação na desinfecção das instalações é a garantia de que o programa adotado está sendo eficiente. Tenho convicção de que um ponto essencial desse processo é o comprometimento e o treinamento dos funcionários da granja na realização sistemática e periódica de todo o protocolo de limpeza e desinfecção. De nada adiantará utilizar o melhor desinfetante se não houver pessoas treinadas e motivadas para realizar todas as etapas do processo.
Outro ponto fundamental é o efeito limitado que a limpeza física das instalações com auxílio de ferramentas tem sobre a eliminação ou diminuição das doenças infecciosas. Isso ocorre em função do tamanho microscópico de vírus, bactérias, micoplasmas e protozoários, que permanecem no ambiente, mesmo com uma boa limpeza seca nos locais.
De forma geral, os desinfetantes modernos utilizados na suinocultura possuem amplo espectro de atuação, mas dificilmente um único desinfetante existente no mercado atuará de forma eficiente para todos os microorganismos.
Desta forma, a escolha do tipo de produto a ser adotado em um programa de desinfecção deve ser baseada no(s) microorganismo(s) a que se quer eliminar ou reduzir no ambiente. Identificado o alvo, o próximo passo é a realização de testes de eficiência dos diversos tipos de desinfetantes disponíveis frente aos microorganismos alvo.
Infelizmente, esse procedimento ainda é pouco adotado pela maioria dos suinocultores, mas é essencial para garantir o sucesso do programa de desinfecção da granja. Sem isso, há o risco de comprometer todo o trabalho em equipe voltado para redução da contaminação ambiental de microorganismos causadores de doenças infecciosas importantes dentro da suinocultura.
Outro aspecto importante que devemos nos atentar se refere à capacidade desses microorganismos, principalmente vírus e bactérias, em desenvolver resistência aos desinfetantes. Por essa razão, devem ser realizados testes de eficácia dos produtos periodicamente, repetidos a cada 4 a 6 meses ou sempre que houver suspeita de ineficiência do programa.
Vale lembrar ainda que a ação das soluções na presença de matéria orgânica (sujidade) é bastante limitada. Assim, a limpeza física das instalações é imprescindível para uma boa atuação dos desinfetantes.
A ação da cal e seus derivados está baseada na capacidade de desidratação dos microorganismos e é considerada uma ferramenta adicional ao programa. Seu uso deve ser limitado às instalações já limpas, desinfetadas e secas. Deve ser utilizada com cuidado devido ao seu potencial quando em contato com a pele dos animais.
Portanto, a importância de manter a eficiência da sanidade e trabalhar com o conceito de prevenção estão somados à necessidade de preservar o espaço conquistado na economia e que é indispensável ao produtor.
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