A mastite, ou mamite, é a doença de maior impacto econômico nos rebanhos leiteiros do mundo todo. Estudos realizados nos Estados Unidos dão uma dimensão de quanto o problema impacta a pecuária leiteira, ocasionando prejuízos de aproximadamente US$ 225,00 por vaca a cada ano – cálculo que inclui a diminuição na quantidade e na qualidade do leite, descarte da produção, de vacas, custos com a reposição destes animais, gastos com medicamentos, mão de obra e assistência veterinária.
A doença é principalmente de origem infecciosa, sendo as infecções por bactérias as mais importantes. Dependendo da espécie de bactérias envolvidas na infecção podemos classificar as mastites em contagiosa ou ambientais. Alguns cuidados relativamente simples são eficientes para evitar a infecção e o contágio dos animais dentro de um rebanho, impedindo que a doença se espalhe.
Nos casos de mastites contagiosas, determinados pelas bactérias Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Mycoplasma e o Corynebacterium bovis, a doença é transmitida quase que exclusivamente entre os animais no momento da ordenha, por meio de elementos de ligação entre vacas infectadas e vacas sadias, ou mesmo entre um quarto mamário afetado e um quarto mamário sadio de uma mesma fêmea. Já nas incidências de mastite ambiental, os microorganismos causadores são encontrados no ambiente dos animais. Assim, locais sujos, ricos em matéria orgânica como lama, esterco, camas sujas, são os principais focos. Neste contexto, os coliformes – Escherichia coli, Klebsiella e Enterobacter – e estreptococcus ambientais têm grande importância.
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A detecção de casos subclínicos poderá ser realizada por meio da Contagem de Células Somáticas no leite
Marcos Malacco, da Merial.
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Visto que os agentes ambientais estão disseminados em todo o ambiente das vacas, é impossível erradicar a mastite ambiental, ao contrário da mastite contagiosa. Neste último caso, a situação geralmente se caracteriza pela baixa incidência de casos clínicos e alta incidência de casos subclínicos – quando sinais evidentes de inflamação do úbere e de alterações no leite não ocorrem –, demandando cuidados maiores na hora da ordenha e do manuseio das ordenhadeiras. Ao contrário, nas mastites ambientais temos sinais clínicos claros de inflamação do úbere e, em muitas situações, há sério risco de comprometimento da vida do animal.
Nos casos subclínicos o problema pode estar mascarado, o que exige muita atenção por parte do produtor, pois vacas com infecções subclínicas são fontes de infecção para outras vacas do rebanho e, além disso, apresentam alteração na quantidade e na qualidade do leite produzido. A detecção de casos subclínicos poderá ser realizada por meio da Contagem de Células Somáticas no leite, feito em equipamentos específicos ou estimada por meio de métodos simples como, por exemplo, o Teste CMT (California Mastitis Test) ou WMT (Wisconsin Mastitis Test).
Apesar dos impactos, o tratamento realizado com produtos antimicrobianos eficazes é eficiente na solução do problema. Na maioria das situações apenas o tratamento antimicrobiano intramamário se faz necessário, entretanto, nos casos mais severos, há necessidade de combinação de tratamento antimicrobiano intramamário e sistêmico. Em algumas situações também se deve empregar produtos antiinflamatórios por via parenteral e, nestes casos, os antiinflamatórios não esteroidais são os de eleição. Fluidoterapia também poderá ser necessária, porém, tais procedimentos são recomendadas em casos mais agudos da doença, facilmente perceptíveis devido à evidência dos sinais de inflamação do úbere e de alterações no leite – neste caso, o teste da caneca telada de fundo escuro é muito útil e é possível observar alterações no aspecto do leite.
Independentemente do tipo de problema, os produtores devem estar sempre atentos ao seu rebanho, buscando sempre identificar os casos de mastite e aplicar o tratamento adequado – que deve ser conduzido por um médico veterinário, profissional capacitado para indicar o melhor tratamento. Casos subclínicos determinados pela bactéria Staphylococcus aureus, por exemplo, respondem melhor ao tratamento com antimicrobiano adequado aplicado no início do período seco entre lactações da vaca (dia da secagem). Uma vez diagnosticada, o pecuarista ainda terá chances de evitar que a doença se espalhe e, como conseqüência, terá menos impactos na sua atividade.
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