Os parasitos internos causam perdas de eficiência nos animais pela redução do apetite, efeitos sobre o metabolismo de nitrogênio, queda na absorção dos nutrientes da dieta, complicações no funcionamento dos órgãos e anemia, devido às perdas de sangue.
O impacto das parasitoses sobre a produtividade do rebanho é enorme, principalmente nas categorias mais jovens, que estão em crescimento. Alterações na absorção de nutrientes resultam no atraso da ocorrência da puberdade e um maior período para atingir o peso de abate de novilhos.
As verminoses podem ser divididas em dois grupos:
- Quanto ao tipo de parasito: nematódeos (vermes redondos), cestódeos (vermes chatos) e trematódeos (Fasciola spp, Paramphistomum spp)
- Quanto ao local de fixação do verme adulto: pulmorar, gastro-instestinal (GI), renal e hepático.
Principais vermes pulmonares e gastro-intestinais que afetam os bovinos
A principal forma de infestação dos bovinos é a ingestão de larvas de terceiro estádio (L3) durante o pastejo (Figura 1). Estas larvas no aparelho digestivo dos bovinos irão evoluir à L4 e depois à fase adulto, fixando-se no seu órgão-alvo, no qual irá reproduzir e liberar os ovos através das fezes.
Os vermes pulmonares causam severos transtornos respiratórios, com a irritação do tecido e a predisposição a doenças associadas, tais como as bronquites e broncopneumonias. Os principais sintomas são tosse, dificuldade de respirar, frequência respiratória aumentada, perda de peso, pêlo arrepiado e sintomas de pneumonia, a qual não é resolvida apenas com antibioticoterapia.
Os vermes GI são aqueles que se localizam nas diferentes porções do trato digestivo, podendo ser encontrados no abomaso (coalheira ou estômago verdadeiro), no intestino delgado ou no intestino grosso. Cada espécie habita um dos locais, não sendo encontradas, de forma natural, em outras regiões do organismo.
No estômago, a Teladosargia spp (antigamente classificada como Ostertagia) perfura a mucosa e altera a secreção de enzimas e do suco gástrico, altera a digestão. Já o Haemonchus spp. suga sangue, causando anemia e produzindo lesões na mucosa.
No intestino delgado encontramos a Cooperia spp, que causa a destruição das vilosidades do intestino, impedindo a absorção dos nutrientes da dieta, causando perda de apetite e maior trânsito intestinal, levando à diarréia. Já no intestino grosso, o Oesophagostomun spp e o Trichuris spp são os mais comuns, com um impacto menos intenso que as espécies descritas anteriormente.
O impacto das parasitoses
O principal efeito das verminoses nos bovinos é a perda de apetite, que causa a redução no consumo de alimentos e todas as perdas resultantes deste processo. A destruição das vilosidades do intestino, responsáveis pela absorção dos nutrientes, causada pela Cooperia spp, faz com que a dieta atravesse rapidamente o aparelho digestivo, com a digestão incompleta dos alimentos e a perda de seus nutrientes através das fezes, geralmente associada à diarréia.
Perry e Randolph (1999) descreveram um fluxograma que aborda diferentes pontos, nos quais as parasitoses podem agir e prejudicar o desempenho do animal (Fluxograma 1).
Se colocarmos valores (R$) em cada um dos componentes deste sistema - custo da dieta não aproveitada; eventual perda de animais; menor obtenção de produtos comercializáveis (carne, leite, lã, pêlo, ovos); menor produtividade per capita e do rebanho; desperdício dos investimentos feitos em genética; custos de transporte e maior impacto ambiental causado pelo excesso de dejetos eliminados; incapacidade de aumentar o tamanho do rebanho e a sua renda; entre outros tantos impactos, veremos que as parasitoses são responsáveis por perdas consideráveis ao produtor e à Nação, devendo ser uma das principais preocupações dos produtores que desejam sucesso. À direita da linha pontilhada estão os reflexos das perdas dentro da produção.
O que se vê, no entanto, é uma grande preocupação no controle do carrapato, também importante, mas um cuidado menos intenso em relação as endoparasitoses. A maioria dos produtores não vê, ou mede, os impactos dos parasitos internos sobre seu rebanho e, portanto, preocupam-se menos.
O uso da vermifugação apenas nas épocas das campanhas oficiais de vacinação, visando aproveitar a movimentação dos animais ao curral, não acompanha, nem de perto, a demanda real de controle dos parasitos internos e de seus prejuízos, principalmente em bovinos jovens.
O produtor deve acompanhar o desempenho de seu rebanho, adotando indicadores de ganho de peso e de fertilidade e usando produtos de qualidade comprovada como ferramenta de controle.
O diagnóstico das verminoses
O método de diagnóstico das verminoses mais tradicional é a Contagem de Ovos nas Fezes (OPG - ovos por grama). Este sistema, no entanto, pode ser falho na interpretação dos resultados, especialmente quando usado para bovinos mais velhos ou em pastejo a campo, pois há grandes variações na concentração de água e de ovos nas fezes, devido ao fluxo da digesta.
O ideal é associar ao OPG um exame de coprocultura, com o estudo das espécies predominantes nas amostras fecais, para após definir o programa de tratamento e controle mais eficaz. As necropsias parasitárias são ferramentas de suporte ao diagnóstico, principalmente em surtos com mortalidade.
Todo programa deve contar com a orientação de um médico veterinário, evitan
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