Ainda em fase de testes a campo, nova variedade de braquiária gerou 2,5 vezes mais ganho cabeça/dia e dobrou a taxa de lotação na seca comparada à BRS Piatã, que por sua vez, já é melhor do que Marandu e Xaraés na seca. No cômputo anual, a B6 (como é chamado o material que ainda não possui nome comercial) deu 20% a mais de ganho médio diário (kg/animal/dia) comparado a Piatã na média de três anos.
A forrageira que só chega ao mercado ano que vem, apresenta características muito propícias ao emprego no sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP). Dentre elas, pouca competitividade com outras culturas, um bom comportamento com sombreamento e ampla cobertura de solo em função da ausência de perfilhamento aéreo. Os testes em áreas com floresta ainda estão sendo feitos.
De acordo com a pesquisadora e melhorista da Embrapa Gado de Corte, Cacilda Borges, responsável pela coordenação dos trabalhos que conduziram à B6 (ouça a entrevista com todos os detalhes da nova braquiária), o manejo é parecido com a Marandu, portanto mais fácil do que Xaraés.
“A B6 é plástica, adaptando-se a diferentes alturas de pastejo entre 15 e 30 cm (altura recomendada é os 30 cm para pastejo contínuo, como para Marandu e Piatã) e cobrindo muito bem o solo pelo forte perfilhamento que exibe; o que chama mais atenção é o desempenho na seca: maior disponibilidade de matéria verde, maior capacidade de suporte e maior ganho de peso do que a Piatã (média de 3 anos de avaliação)”, destaca a pesquisadora.
Diversificação
A B6 foi testada com sucesso nos Cerrados. Apesar de produtiva, como ela não é resistente a cigarrinhas, no ambiente amazônico deverá sofrer mais com essa praga, portanto a recomendação de uso vai abranger os solos de média fertilidade nos cerrados com chuva acima de 800 mm por ano. A recomendação de uso é semelhante à Marandu e BRS Piatã.
Ainda segundo a pesquisadora, a Marandu, variedade lançada em 1984 e mais usada hoje, já teve seu auge e necessita de substituição apesar de ainda responder por cerca de 40% das sementes comercializadas de todas as forrageiras tropicais no Brasil.
“Liberamos a Xaraés e a BRS Piatã e ambas ainda têm muito a contribuir para a pecuária nacional. A nova brizantha entrará no contexto de recuperação de pastagens degradadas via agricultura (programa ABC, por exemplo) por se mostrar uma excelente forrageira para consórcio com milho ou sorgo safrinha”.
Cacilda explica ainda que sob pastejo contínuo em condições de Cerrado ela também mostrou-se “mais interessante na seca do que a própria BRS Piatã que já havia sido liberada com essa característica e sabemos quão crítica é a situação de pastagens no período seco. Três cultivares de B. brizantha ainda é uma diversidade restrita se considerarmos os 100 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil. Portanto temos que ter um portfólio de opções forrageiras para os produtores de todo o Brasil, com já e realidade para grandes culturas como milho e soja”.
B6: 2,5 vezes mais ganho cabeça/dia e taxa de lotação dobrada na seca quando comparada à BRS Piatã
Meados de 2013
Segundo a pesquisadora, o que faz o sucesso de uma cultivar é sua adoção em larga escala sob diferentes condições ambientais e isso só se tem após alguns anos após o lançamento.
“O que podemos oferecer é mais uma boa alternativa de diversificação de pastagens para uso por bovinos, mais uma alternativa para sistemas integrados com lavoura, ainda vamos testar na integração com florestas e aguardar a resposta dos produtores para então dar por aceita”.
Mais informações ainda não estão disponíveis, mas Cacilda avisa que assim que o folder sob a B6 for produzido, o que só deve acontecer entre maio e junho de 2013, esse estará disponível nos sites da Embrapa Gado de Corte (www.cnpgc.embrapa.br) e no da UNIPASTO (www.unipasto.com.br).
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