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     24/11/2024            
 
 
    

As perdas de água pelo escoamento superficial são menores em sistemas de integração lavoura-floresta do que em sistemas produtivos apenas com culturas anuais. Isso é o que indicam os primeiros dados coletados pela Embrapa Agrossilvipastoril em um experimento realizado em Sinop (MT).

A pesquisa, que ainda está em andamento, comparou o volume de perda de solo e o escoamento da água da chuva em seis situações: solo descoberto, lavoura (rotação soja e milho com braquiária), integração lavoura-floresta, pastagem, silvicultura de eucalipto e mata nativa.

A análise dos dados do primeiro ano de monitoramento mostra que há menor volume escoado no sistema de integração lavoura-floresta do que na área apenas com lavoura. Enquanto na rotação de soja na safra e milho com braquiária na safrinha, o escoamento foi de 2,4% do total de precipitação, no sistema silviagrícola, esse número foi de apenas 1,7%. Em um local onde chovem cerca de 2.000 mm/ano, isso representa 14 litros a mais infiltrados a cada metro quadrado. Em um hectare, são 140 mil litros a mais disponíveis no solo.

"Há um período de transição, quando ocorre o plantio, que o solo fica desprotegido. Nesse período temos eventos intensos de chuva e isso ocasiona a perda de solo. No sistema integrado, embora também tenha havido a retirada da cultura anual, o componente arbóreo estava lá. Ele atua na diminuição da energia cinética da chuva e reduz o escoamento da água", explica o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Cornélio Zolin.

De acordo com o pesquisador, quanto menor o escoamento, melhor é para a conservação dos recursos hídricos. Isso porque a água que escoa tem menor oportunidade de infiltração. "Quando se fala em disponibilidade de água, estamos preocupados com a água que infiltra. Essa água vai ficar no solo para ser usada pelas culturas e também vai alimentar o lençol freático. É esse lençol que abastece os rios na seca, garantindo uma vazão mais constante", explica.

Perdas de solo e nutrientes
A pesquisa também analisou a perda de solo pelo efeito da chuva. Observou-se que, com exceção do solo descoberto, todos os outros sistemas tiveram perda de solo por erosão hídrica dentro do limite tolerável para o tipo de solo da área experimental (Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de textura argilosa).

Além disso, em uma próxima etapa, o trabalho irá quantificar e avaliar os nutrientes e a matéria orgânica presentes no solo e água que são perdidos com o escoamento da chuva nos diferentes sistemas produtivos estudados. Para isso, os pesquisadores estão começando a fazer análise química do solo erodido. Os dados preliminares têm mostrado, mais uma vez, que a integração lavoura-floresta é mais eficiente na conservação de nitrogênio e carbono orgânico do que a lavoura solteira. Outra informação importante é a eficiência da pastagem na conservação do solo.

"Observamos nessa pesquisa que a pastagem apresentou perdas de solo, água e nutrientes relativamente pequenas, o que mostra que uma pastagem bem-manejada é uma importante forma de conservação do solo e água", afirma Zolin.

Método de coleta
Coletar os dados para essa pesquisa não é tarefa simples. Em cada parcela do experimento foi montada uma estrutura com calhas e uma trincheira em que foram colocadas duas caixas d'água. A água da chuva que escoa é recolhida por essa calha e fica armazenada nas caixas d'água. Sempre que chove é necessário fazer a medição do volume de água coletado.

No campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, essas informações já estão sendo coletadas há três anos. Além dos seis tratamentos (solo descoberto, lavoura, integração lavoura-floresta, pastagem, silvicultura de eucalipto e mata nativa) também está sendo monitorada uma área de recomposição de reserva legal.

A meta é que o trabalho continue por mais três ou quatro anos, dependendo do tratamento, formando-se assim uma base de dados robusta e confiável. A partir daí, a expectativa é de se trabalhar com índices de sustentabilidade para sistemas produtivos e também de se obter parâmetros para o desenvolvimento de modelagens, que são simulações computacionais que permitem prever efeitos de intervenções ou mudanças de sistemas produtivos em uma paisagem.

"Sabendo a quantidade de de água infiltrada dos sistemas produtivos, podemos calcular o impacto da mudança do uso da terra em uma microbacia. Podemos, por exemplo, estimar o efeito do aumento da faixa de mata em termos de conservação de água", explica Zolin.

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