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Software auxilia gestão de produtores de pupunha
Tecnologia analisa economicamente sistema levando em conta custos de produção, taxas de juros e preço do palmito no mercado consumidor
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Katia Pichelli, Embrapa Florestas
17/10/2017

Produtores de pupunha para palmito têm agora disponível um software para gerenciar sua propriedade rural. O Planin Pupunha é um sistema que realiza a análise econômica da produção e auxilia na gestão do plantio em função dos custos de produção, taxas de juros e preço do palmito no mercado consumidor. Desenvolvido por pesquisadores e analistas da Embrapa Florestas (PR), o sistema também permite o registro e o acompanhamento dos custos operacionais de implantação, manutenção e colheita da pupunha.

De acordo com o analista Joel Penteado Júnior, da Embrapa Florestas, “para planejar e gerenciar um estabelecimento agrícola, é necessário utilizar algumas técnicas e metodologias de administração que estimulam a reflexão sobre como estão sendo conduzidos os trabalhos e como as ações devem ser executadas”. Com essa premissa, o Planin Pupunha possibilita ao produtor rural simular diversos cenários de manejo do seu plantio, personalizando cada caso. Além de saber o volume de entradas e saídas financeiras, é importante que o produtor compreenda quais os itens que geram impacto na rentabilidade da atividade. “Por isso, o sistema analisa o impacto de custos de operações necessárias ao cultivo de pupunha, como aração, gradagem, adubação, mão de obra, roçadas, colheita a cada período do cultivo”, explica Penteado Júnior. “Entender como esses custos influenciam a rentabilidade é fundamental para o sucesso do empreendimento”, alerta.

De acordo com seus desenvolvedores, o sistema visa cobrir uma lacuna. A pesquisa e extensão criaram e transferiram técnicas para o estabelecimento da cultura, mas ainda era necessário ajudar o produtor a gerenciar sua propriedade. “Todo produtor rural, por mais simples que seja, no momento da decisão do que plantar, sempre faz uma análise dos benefícios que aquela determinada cultura pode trazer a ele, como retorno ambiental, social, econômico, mercado e mão de obra disponível, quer familiar, quer contratada”, conta Sebastião Bellettini, extensionista da Emater/PR. Por isso, para ele, essas ferramentas de gestão são de grande valia, e o sucesso da propriedade depende delas para uma análise durante a tomada da decisão.

O alto custo de implantação do cultivo de pupunha para palmito e o fato de ser um sistema de produção voltado à agricultura familiar serviram de motivadores para a criação do software. A implantação de um hectare de pupunha para palmito custa em torno de R$ 11 mil. “Por isso”, explica Bellettini, “os produtores precisam fazer esse tipo de análise. Além do custo e do tempo de retorno do investimento, é uma cultura permanente que vai ficar implantada na propriedade por muitos anos.”

O Planin Pupunha foi baseado nos casos de sucesso dos softwares Planin desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Florestas para pínus, eucalipto e outras espécies florestais. “Os itens que compõem o custo de produção são próprios para cultivos de pupunha, e o sistema está estruturado para cobrir todos os segmentos de custos operacionais das atividades de implantação, manutenção e colheita. O software possibilita o cálculo dos parâmetros de análise econômica mais utilizados no agronegócio”, explica o pesquisador Edilson Batista de Oliveira, da Embrapa Florestas.

O sistema de produção
O sucesso da introdução do cultivo de pupunha para palmito por agricultores familiares na Mata Atlântica foi reconhecido como boa prática pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e também faz parte do banco de tecnologias sociais da Fundação Banco do Brasil. Este tipo de cultivo ajuda a preservar a Mata Atlântica, uma vez que oferece a opção de plantio e colheita de palmito de forma regular e mais organizada. “Antes, a produção de palmito era baseada no extrativismo da juçara”, explica Álvaro Figueiredo dos Santos, pesquisador da Embrapa Florestas. “A juçara, ao ser colhida, não rebrota. Ou seja, a árvore morre, por isso está em extinção. Já a pupunha, além de levar menos tempo para produzir, rebrota e possibilita colheitas da mesma árvore por cerca de 20 anos,” compara.

O trabalho de pesquisa com pupunha envolveu a adaptação da espécie às regiões litorâneas da Mata Atlântica, definição de espaçamento, adubação, controle de doenças, colheita, tratos silviculturais e outros. “Hoje, temos informações e orientações sobre todo o sistema de produção e uma ampla aceitação por parte dos agricultores familiares, que viram na pupunha uma forma de geração de renda com preservação ambiental”, comemora o pesquisador. Só no Paraná, por exemplo, são 8,5 milhões de plantas, cultivadas em uma área de 1,65 mil hectares, envolvendo aproximadamente 650 famílias. O plantio é feito em cinco municípios do litoral paranaense: Morretes, Antonina, Guaraqueçaba, Paranaguá e Guaratuba.

Do Norte para o Sul e Sudeste
Resultado de mais de 15 anos de pesquisas nas regiões leste dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e sul da Bahia, a introdução do cultivo de pupunha para produção de palmito transformou a realidade de milhares de agricultores familiares nessas regiões. Nativa da Amazônia, onde é utilizada na produção de frutos, a pupunha encontrou espaço para produção de palmito na Mata Atlântica, bioma no qual foi introduzida por meio de plantios organizados em áreas abandonadas pela agricultura. No Paraná, por exemplo, o valor bruto da produção saltou de R$ 480 mil em 2000 para R$ 19,5 milhões em 2016.

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