No artigo anterior o foco foi direcionado aos combustíveis utilizados nas máquinas agrícolas, neste a discussão será sobre os fertilizantes nitrogenados. Ao contrário do que ocorre em relação ao consumo de combustíveis de origem fóssil, onde existiram e existem tecnologias capazes de diminuir esta dependência, em relação aos fertilizantes nitrogenados o panorama é bem menos otimista. O consumo de fertilizantes nitrogenados no Brasil no ano de 2007 foi da ordem de 2,8 milhões de toneladas (ANDA, 2007), deste total 75% é importado! Praticamente todos os fertilizantes nitrogenados são provenientes da amônia anidra que é proveniente segundo a IFA (International Fertilizer Industry Association) essencialmente de matérias primas fósseis, Figura 1.
Figura 1. Fontes de amônia, adaptado de Montenegro-Franco (2009).
No Brasil praticamente 100% da produção da amônia anidra é proveniente do gás natural, principalmente sintetizada em plantas da Petrobrás e da Fosfértil. Neste contexto, considerando que de uma forma ou de outra os fertilizantes traduzem-se em energia, a agricultura brasileira é totalmente dependente de matérias primas fósseis. Portanto há graves entraves em se pensar à viabilidade de nossa agricultura sem o gás natural e carvão mineral. Existem louváveis estudos, pesquisas e tentativas de se utilizar outras fontes de nitrogênio, algumas bem interessantes, como a reutilização de dejetos animais ou a produção de composto orgânico, mas todas estas novas alternativas não têm possibilidade de abarcar o imenso volume de quase 3 milhões de toneladas consumidas anualmente pelo Brasil. Mesmo quando se considera a agricultura alternativa, agroecológica e etc., se vislumbrarmos a produção que estas milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados geram é difícil imaginarmos uma produção de alimentos para nós e o mundo sem o gás natural e o carvão, simplesmente não há escala nem viabilidade econômica para as tecnologias alternativas atuais (salvo comunidades que produzam apenas para subsistência, ou que vendam excedentes para nichos de mercado dispostos a pagar “caro” pelos produtos).
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