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Flávia Bessa, Embrapa Café
19/03/2014
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A produção cafeeira do Brasil melhorou muito nos últimos anos, especialmente depois da criação do Consórcio Pesquisa Café, que reúne dezenas de instituições de ensino, pesquisa e extensão em prol da geração e transferência de tecnologia. Pesquisadores, agentes da cadeia produtiva e consumidores cada vez mais conscientes da necessidade de investir em qualidade se uniram para buscar a valorização do café produzido com base na sustentabilidade econômica, social e ambiental e em boas práticas agrícolas por meio da Produção Integrada de Café.
A Produção Integrada de Café é constituída por normas técnicas para produzir alimentos de alta qualidade, por meio de normas adequadas de sustentabilidade para substituir antigas técnicas de produção que prejudicam o meio ambiente e que não asseguram, a longo prazo, uma agricultura sustentável. O Consórcio, juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e representantes do setor cafeeiro, reuniu esforços e contribuiu para a promoção de ampla discussão nos meios envolvidos sobre esse tema. O resultado foi o desenvolvimento de normas de boas práticas agrícolas para a produção de café dentro dos requisitos de segurança alimentar e de sustentabilidade de produção, levando em conta as peculiaridades da cafeicultura brasileira.
Consórcio Pesquisa Café está abrindo novas perspectivas para a cafeicultura brasileira
A norma favorece a rastreabilidade de toda a produção e o desenvolvimento de uma certificação nacional do produto, desde a instalação da lavoura até a comercialização. É um conjunto de princípios, muitos dos quais parte do dia-a-dia do produtor, que atendem às exigências internacionais, de custos reduzidos e fácil aplicabilidade a pequenos e médios produtores organizados. A iniciativa busca excluir práticas inaceitáveis e propiciar uma melhora contínua de boas práticas agrícolas. A adesão ao sistema é voluntária até que o governo forneça as bases para que o produtor possa escolher por uma das certificações existentes no mercado.
De modo geral, eles incentivam melhorias na gestão da propriedade que, em médio e longo prazo, refletirão na adoção de técnicas produtivas com baixo impacto ambiental, qualidade diferenciada dos produtos e mais competitividade para o café brasileiro. O sistema é totalmente monitorado, isto é, toda tomada de decisão sobre a aplicação de pesticidas, aplicação de fertilizantes, de corretivos agrícolas etc só deve ser feita se o monitoramento indicar a necessidade, o que significa economia de custos com insumos agrícolas.
Segundo o professor Laércio Zambolim, da Universidade Federal de Viçosa – UFV, uma das instituições fundadoras e participantes do Consórcio, o desenvolvimento da produção integrada de café melhora a qualidade de vida do produtor, do ambiente pelo respeito à capacidade de suporte do ecossistema, aumenta a longevidade do sistema produtivo pela maior proteção do solo e da água, e ainda proporciona maior retorno econômico por utilizar menos defensivos e fertilizantes químicos. “Esse modelo de produção sustentável proporciona melhor tratamento social aos trabalhadores e mais qualidade a produção e ao produto, contribuindo também para aperfeiçoar a organização de um sistema permanente de monitoramento dos problemas da cultura e de identificação de pontos críticos, que requeiram maior atenção da pesquisa ou da transferência de tecnologia”.
Para o gerente geral da Embrapa Café (Brasília, DF), Gabriel Bartholo, a liderança brasileira na produção mundial de café pressupõe cada vez mais uma postura correta em relação ao meio ambiente, ao trabalhador e à segurança dos produtos. “A Produção Integrada de Café é uma iniciativa brasileira que oferece um café com valor social e ecológico agregado e vem ao encontro das exigências dos consumidores que já cobram e valorizam condições apropriadas de produção e rastreabilidade do produto. O que se propõe com ela é a apresentação de uma norma que incentive o aperfeiçoamento gradativo de um maior número de cafeicultores que desejam ter seus produtos reconhecidos através de certificação”, completa o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo.
PI Brasil Café
O sistema foi inspirado em outros similares para café e, principalmente, no modelo já implementado com sucesso pelo Ministério da Agricultura para Produção Integrada de Frutas. Fará parte do Programa Brasileiro de Produção Integrada e do Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade, do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia). No País, é denominado Produção Integrada - PI BRASIL CAFÉ. A previsão é de que seja implantado este ano, sendo um dos principais objetivos do Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Cafeeiro (2012 a 2015).
Consórcio Pesquisa Café
Congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.
Reportagem originalmente publicada em 03/04/2013
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