
Em um contexto de mercado de grãos caracterizado majoritariamente pelas commodities, a cadeia produtiva do trigo diferencia-se pela complexidade, devido à variabilidade de aptidão tecnológica e a potencial presença de contaminantes, como as micotoxinas. Nos sistemas atuais de produção, armazenamento e processamento de trigo, as informações importantes são indisponíveis e/ou inacessíveis entre os elos da cadeia produtiva, inviabilizando a segregação e a garantia de autenticidade dos produtos disponibilizados aos consumidores.
Os sistemas de rastreabilidade são ferramentas que podem garantir a eficácia dos métodos de controle de qualidade adotados na produção de alimentos. Para tanto, as fases de produção, armazenamento, processamento e distribuição, devem ser documentadas de maneira atualizada e fidedigna. Esta ampla e dinâmica geração, captação e transmissão de dados, demanda soluções informatizadas, para conferir agilidade e confiabilidade na comunicação destas informações.
O Sistema de Rastreabilidade Digital para Trigo apresenta uma solução inovadora e prática, contribuindo para preservar a segurança dos alimentos, gerar critérios objetivos para a comercialização e disponibilizar produtos de acordo com as especificações requeridas pelos moinhos e indústrias.
O sistema de rastreabilidade digital foi desenvolvido através de parceria estabelecida entre a Embrapa Trigo e a Universidade de Passo Fundo. A validação do sistema de rastreabilidade digital está sendo realizada, junto a produtores, cooperativas, moinhos e indústria de alimentos. Nos quais são registrados o manejo adotado na fase de produção e de pós-colheita, conforme preconizado na Produção Integrada de Trigo (PIT). Desta forma, diferentes estruturas na cadeia produtiva de trigo, incluindo produtor, armazenador, moinho de trigo e indústria de alimentos, estão sendo envolvidas na inserção e transmissão de informações para a rastreabilidade.
A operacionalização do sistema de rastreabilidade está sendo realizada através da Internet no domínio http://www.e-rastrear.com.br, com restrição de acesso, através de cadastro de usuário e senha. Atualmente, 200 usuários de diferentes estruturas na cadeia produtiva de trigo, totalizando 21 instituições parceiras, estão cadastrados no sistema; foram incluídos 356 cadernos de campo e 21 cadernos de pós-colheita.
O sistema de rastreabilidade digital permite identificar a procedência e o manejo adotado nas diferentes etapas de produção e de pós-colheita do trigo. A inovação deste sistema consiste na transmissão de informações sobre a procedência e a qualidade dos produtos, em tempo real e de forma segura, ao longo das etapas da cadeia produtiva.
O banco de dados armazena todas as informações de forma segura e eficiente, viabilizando a captura, a análise, o processamento e a transmissão, visando melhorar a exatidão e a velocidade de acesso às informações do trigo rastreado. As informações cadastradas são confidenciais, e somente poderão ser visualizadas pelos usuários da mesma instituição.
O cadastro de cultivares de trigo, principais pragas e doenças, agroquímicos e dosagens recomendados para trigo, possibilita a seleção no momento do registro, agilizando a atualização de informações e minimizando o risco de erros na digitação. Adicionalmente, o sistema de alerta para a ocorrência de giberela e brusone no trigo – SISALERT (http://www.sisalert.com.br), foi associado ao sistema de rastreabilidade digital, viabilizando o monitoramento destas doenças.
O caderno de campo digital é específico para cada parcela, que corresponde à área homogênea semeada com a mesma cultivar de trigo, e contém as informações do manejo adotado na lavoura, como: tratamento de sementes, semeadura, adubação, controle de plantas invasoras, monitoramento de doenças e de pragas, aplicações de fungicidas e de inseticidas. Da mesma forma, a rastreabilidade digital na pós-colheita está sendo desenvolvida para manter as informações dos lotes de trigo nas diferentes etapas de armazenamento e de processamento.
Os registros de aplicação de agrotóxicos na produção e na pós-colheita, são importantes para disponibilizar informações quanto ao agroquímico utilizado, dose e data de aplicação. Ainda, na fase de pós-colheita poderão ser acessadas informações quanto ao resultado de análises de qualidade tecnológica e de contaminantes.
Desta forma, a adoção do sistema de rastreabilidade digital possibilita o acesso, em tempo real, às informações de procedência, de manejo e de qualidade de lotes de trigo, viabilizando a diferenciação de produtos no mercado, além de ser adequado para fins de certificação de acordo com diferentes programas de controle de qualidade.
O sistema de rastreabilidade digital, por ser genérico e modular, uma vez validado para a cadeia produtiva do trigo, poderá ser adaptado e utilizado para outras cadeias produtivas, viabilizando a rastreabilidade de outros produtos. Considerando a expansão do mercado de produtos diferenciados, evidenciando características específicas relativas a qualidade, aptidão tecnológica e/ou indicações geográficas, haverá ampliação da demanda por sistemas de rastreabilidade, visando atender exigências de normativas e do mercado consumidor. A disponibilidade de informações referentes a um lote determinado de grãos, possibilita a segregação, de acordo com as especificações para o produto final, otimizando a logística de distribuição e de armazenamento disponíveis. Mais informações podem ser obtidas no domínio http://www.cnpt.embrapa.br/e-rastrear/
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