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Sustentabilidade    
Pela racionalização do uso de fungicidas na pomicultura
Embrapa e Proterra planejam iniciar neste ano ação que visa à otimização do uso de agroquímicos na produção de maçã
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Giovani Antonio Capra, Embrapa Uva e Vinho
15/07/2013

A Embrapa e a Proterra – Engenharia Agronômica, de Vacaria (RS), planejam iniciar, no próximo ciclo produtivo da macieira (a partir de outubro), ação que visa contribuir para a racionalização do uso de fungicidas na pomicultura no país. Trata-se da determinação de técnicas para viabilizar o monitoramento, nos principais polos brasileiros produtores de maçã, da perda de eficácia dos agroquímicos usados no controle de doenças da cultura, por conta do desenvolvimento, pelos fungos que as causam, do mecanismo de resistência (leia mais a seguir) a tais produtos. Com esses métodos será possível identificar os fungicidas que se tornaram ineficientes no manejo, auxiliando, assim, no processo de substituição desses princípios ativos.

O processo teve seus ajustes ultimados semana passada, tendo em vista a estada, no Rio Grande do Sul, do pesquisador Kerik Cox, da Universidade de Cornell, nos EUA. Na terça-feira, dia 2, ele foi um dos palestrantes no Seminário sobre resistência de patógenos da macieira aos fungicidas – conceitos, mecanismos e detecção, que aconteceu em Vacaria. Na quinta-feira, 4, e na sexta, 5, Cox apresentou, na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, os métodos que permitem a detecção do desenvolvimento de resistência aos fungicidas de parte dos patógenos que causam danos à pomicultura.

Segundo pesquisadores, perda de eficácia dos agroquímicos aumenta resistência dos patógenos

Essas metodologias, resumem as pesquisadoras Patricia Ritschel, da Embrapa Uva e Vinho, e Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, da Proterra, baseiam-se no uso de ‘marcadores moleculares’ que permitem a identificação de alterações no DNA dos patógenos. A técnica, de acordo com elas, já é usada, no Brasil, em commodities como a soja. Quem a aplica são as empresas fabricantes de fungicidas, que, dessa forma, monitoram a ‘vida útil’ dos produtos por elas desenvolvidos.

Em tal contexto, a ação envolvendo Embrapa e Proterra será a primeira do gênero na pomicultura do país. O inicio da obtenção dos métodos para viabilizar o acompanhamento contou com apoio da Estação Experimental de São Joaquim da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

As pesquisadoras Patricia e Rosa sublinham que, como decorrência do monitoramento, serão beneficiados meio ambiente, consumidor e produtor. O ganho se dará pela interrupção do uso de um fungicida que não funciona e que só está ‘sujando’ o ambiente, sem cumprir seu objetivo, que é controlar a doença.

Para médio e longo prazo, cogita-se cooperação com a Universidade de Cornell para o desenvolvimento de métodos que permitam a identificação de resistência em outros patógenos de interesse em cultivos de clima temperado, informa Patricia.

Estrangeiro bem impressionado com pomicultura brasileira
O pesquisador norte-americano Kerik Cox diz ter ficado com boas impressões da pomicultura brasileira. Os pomares de maçã que visitou em Vacaria são “modernos, com o uso de métodos de manejo muito atuais e eficientes, equivalentes aos mais avançados utilizados no Estado de Nova Iorque” (onde fica a Universidade de Cornell), descreve ele. A propósito, em comparação à norte-americana, a produção brasileira de maçã apresenta o diferencial de usar eficientemente, em áreas bem maiores, técnicas que nos EUA os produtores conseguem adotar em extensões de no máximo 15 hectares, anota. “Também não vi no Brasil manejos inadequados que já vi nos EUA”, afirma Cox. O pesquisador ressalta, ainda, a integração entre os diferentes elos da cadeia produtiva, personificados por produtores, Embrapa e Proterra, “todos trabalhando juntos, com um mesmo objetivo”. O estrangeiro também elogiou a “estrutura bastante moderna da Embrapa Uva e Vinho, possibilitando que diversas linhas de pesquisa sejam desenvolvidas”.

A resistência
Com o uso continuado de um determinado produto para o controle de patógenos, a porcentagem de indivíduos resistentes (que não são eliminados pela substância) vai aumentando, até um ponto em que a aplicação não é mais eficiente. Neste momento, é necessário substituir o princípio ativo ao qual os patógenos desenvolveram resistência, para manutenção de um nível adequado de controle da doença.

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