Muito se diz que a busca e construção da sustentabilidade está associada a conceitos novos, que sempre nascem de ações e atitudes inovadoras. Isso não é 100% verdade, mas tem uma grande dose de razão. Como no caso das vending machines (máquinas automáticas de venda) de hortifrutis instaladas na cidade de Tours, na França.
É um sistema de venda automática, que funciona paralelo às próprias instalações da produção agrícola, realizada em estufas. Lado a lado convive a produção e a venda, em um esquema de auto serviço com atendimento 24 horas, no qual o cliente faz toda a operação e, por meio de três ações interativas com a máquina, recebe o seu produto já embalado.
A máquina oferece frutas, verduras, ervas aromáticas e legumes frescos, que podem ser adquiridos a qualquer momento do dia ou da noite, bastando passar pelo local. O equipamento possui uma série de gavetas transparentes (feitas em acrílico e aço), que ajudam a conservar os produtos e também permitem aos consumidores visualizar e analisar a sua qualidade.
A vending machine dos franceses foi fabricada na Alemanha e está em operação desde 2011, com vendas crescentes desde então. Segundo seus operadores, o preço dos produtos é competitivo para a realidade local e com cinco euros é possível adquirir – por exemplo – um combinado de dois quilos de tomate, alface, rabanetes e pepinos. Tudo à vista, pois a máquina não aceita cartões, embora forneça troco aos clientes.
Para atrair as pessoas, o serviço foi posicionado como um fator agregador de conveniência, pelo seu horário de funcionamento e por não haver praticamente perda de tempo na compra. Também foi trabalhado como fator de segurança alimentar (alimentos frescos e saudáveis), sem contar a própria atratividade da máquina automatizada de vendas, em si, como um fetiche tecnológico.
Não faltou nem mesmo um eco-posicionamento da vending machine hortifruti, explorando a sua contribuição para diminuir as emissões de carbono, já que o sistema dispensa estruturas logísticas e transporte dos produtos, reduzindo assim o seu impacto ambiental. Um prato cheio para os novos segmentos de consumidores que subordinam suas decisões de compra a valores de vida.
Claro que a vending machine de Tours não é – e nem será – solução abrangente para as equações de sustentabilidade do agronegócio. Mas pode ter o seu papel em realidades específicas e dentro de um conceito de “local farming” (valorização da produção local), que vem crescendo no gosto popular.
Mas não é essa singularidade da vending machine o que importa, do ponto de vista do pensamento estratégico para dar novas dimensões sustentáveis ao agro. Importa, aqui, o exemplo de que para se entender e tentar resolver as equações da sustentabilidade é preciso, na maioria das vezes, pensar fora da caixa. Inovação e marketing criando novas realidades sustentáveis.
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