A produção de mudas pode ocorrer de forma convencional, ou seja, pela propagação via sementes, pela propagação vegetativa de estacas, ou então por meio da propagação vegetativa em laboratório (in vitro), técnica também conhecida como micropropagação. A produção de mudas em larga escala por meio de micropropagação é realizada em instalações denominadas biofábricas. Estas possuem laboratórios com equipamentos modernos, onde ocorre a utilização de técnicas biotecnológicas, que permitem a produção industrial in vitro de uma determinada planta, cujo processo produtivo já esteja bem definido.
A disponibilização de mudas por esse sistema pode aumentar a competitividade do produtor, já que as mudas micropropagadas permitem a obtenção de plantas uniformes e isentas de doenças, além de possibilitar que o planejamento da produção seja cumprido durante todo o ano. Isso estabelece uma melhoria no padrão de rendimento da produção, implicando em uma maior competitividade na comercialização dos produtos agrícolas, o que colabora ainda com a geração de emprego, renda e fixação do homem no campo.
As plantas são produzidas por meio de um sistema de clonagem, pelo uso de técnicas especializadas, em que a partir de um fragmento das plantas matrizes (explantes) podem ser obtidas milhares de cópias. Em condições de campo, por exemplo, a partir de uma planta de bananeira, em 8 meses são obtidas de 10-12 mudas, e se essa propagação for realizada in vitro, podem ser obtidas aproximadamente 100-500 mudas/explante, no mesmo prazo.
A produção de material homogêneo, que conserve ou aprimore as características genéticas iniciais da planta que lhe deu origem, o ciclo de produção mais curto e a melhor qualidade fitossanitária das mudas são algumas das vantagens desse tipo de multiplicação.
O processo de biofabricação de vegetais pode ser dividido em quatro fases distintas: a) seleção dos explantes e estabelecimento in vitro, que se caracteriza pela escolha do tipo de explante (gemas apicais ou laterais, folhas e outros materiais que possuam células com potencial para gerar uma nova planta). Em seguida, ocorre o processo de preparação dos explantes, no qual são realizados procedimentos de assepsia, de forma a torná-los livres de contaminação. O objetivo é iniciar uma cultura asséptica com explantes vivos, introduzindo-os em meio de cultura nutritivo; b) multiplicação, na qual ocorre a duplicação dos brotos mediante sucessivos subcultivos, em meio de cultura específico para cada espécie; c) enraizamento, que se inicia pela transferência das partes aéreas, produzidas na multiplicação, para um novo meio, no qual ocorrerá o desenvolvimento de raízes adventícias; d) aclimatização, etapa final da micropropagação. Este processo envolve a adaptação dos brotos a condições ex vitro, até que estejam prontos para o plantio definitivo no campo.
A busca de novas tecnologias é o caminho para promover melhoria de vida dos agricultores. Desse modo, a utilização de ferramentas biotecnológicas para a produção de mudas de algumas espécies vegetais em larga escala, com alta qualidade sanitária, fidelidade genética, vigor e uniformidade, tem contribuído para o desenvolvimento da agricultura em determinados setores, além de reduzir o impacto negativo em relação ao ambiente, à saúde dos trabalhadores rurais e do consumidor, devido à menor utilização de agrotóxicos.
Como exemplos, no Brasil, podemos citar a Biofábrica de Cacau (BA); Campo Biotecnolgia (BA), empresa especializada na micropropagação de bananas; a biofábrica do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste, especializada na micropropagação de cana-de-açúcar, e a Bioteca (MT), que como o nome já diz é especializada na propagação in vitro da teca.
Na Embrapa Acre o setor de cultura de tecidos do Laboratório de Morfogênese e Biologia Molecular desenvolve inúmeras pesquisas que visam à obtenção de protocolos de cultivo in vitro de várias espécies importantes economicamente para a região Norte. Atualmente, os técnicos desse setor estão reproduzindo, in vitro, cinco cultivares de bananeiras resistentes à sigatoka-negra, para distribuir aos produtores do Acre, contribuindo para minimizar os prejuízos causados por essa doença nos plantios da região.
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