A agricultura brasileira, ao longo dos anos, tem apresentado desempenho espetacular sob o ponto de vista quantitativo. Para ilustrar, vamos tomar como exemplo a cultura da soja em Mato Grosso do Sul. No período de 1977/78 a 2013/14, a área cultivada com soja saltou de menos de 500.000 ha para mais de 2.000.000 ha; no mesmo período a produtividade saltou de menos de 1000 kg/ha para 3.000 kg/ha. Apenas como observação, a produtividade de 3000 kg/ha foi alcançada em 2000/01 e no ano de 2009/10 houve um pico que ultrapassou os 3000 kg/ha (Figura 1).
Mas será que estamos utilizando de forma adequada todo o conhecimento que vem sendo gerado? O sistema de produção predominante nas principais regiões agrícolas do Brasil vem passando por profundas transformações. Antes a semeadura da soja era realizada em outubro - novembro e a colheita em março/abril. Agora a semeadura é realizada em setembro/outubro e a colheita em janeiro/março. Estima-se que até final de fevereiro de 2014, 42% da soja brasileira da safra 2013/14 já tenha sido colhida. Como está sendo feita a adubação? Está sendo adubada a cultura ou o sistema de produção? E o potencial produtivo da cultivar está sendo levado em consideração?
Antes, a agricultura era conduzida com foco em um produto; hoje é necessário delinear o processo. Não se pode mais pensar apenas na soja, mas também na cultura antecessora e na sucessora; isto é fundamental para o controle de pragas, doenças, plantas daninhas bem como para a adubação. A cultura anterior interfere no estabelecimento e na produtividade da cultura subsequente. Temos que ter a visão de sistema de produção. Na tabela a seguir é apresentado três alternativas de sistemas de produção. Entretanto, é possível sistemas mais complexos, como aqueles em que é feita a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).
Sejam eles simples ou complexos, precisamos consolidar tecnologias focadas em sistemas de produção e cada vez mais nos atentarmos para a qualidade de todas as operações agrícolas.
Quando se deixa de trabalhar com produto e passa-se a trabalhar com processo, uma das grandes transformações é o número de variáveis trabalhadas. Na maioria das vezes, nos processos o número de variáveis envolvidas é muito maior, demandando esforços no sentido de otimizar cada variável envolvida no processo, assim como a interação entre elas. Ou seja, é preciso aumentar a base de conhecimento dos envolvidos diretamente com a produção.
E os implementos agrícolas? Esses estão mudando a forma de se fazer adubação, mas não deveria ser o contrário?
O que está sendo chamado de semeadura direta está muito distante daquilo que seria adequado segundo os conceitos ideais para esta prática. Existe pouca preocupação em otimizar a utilização dos fertilizantes. Práticas como época de semeadura, arranjo de plantas, controle de pragas, doenças e plantas daninhas e controle da qualidade das diversas operações, são fatores de produção que precisam ser melhor trabalhados e otimizados, o que terá como consequência imediata ganhos e estabilidade de produtividade.
É preciso lembrar também que alguns fatores de produção são recursos naturais não renováveis, a exemplo do fósforo e potássio. Como pode-se melhorar a eficiência do uso destes dois elementos? Uma alternativa é melhorar o ambiente de produção eliminando camadas compactadas, aumentando o nível de matéria orgânica do solo, permitindo o aprofundamento do sistema radicular das plantas, e proporcionando condições para que os fertilizantes adicionados ao solo possam dar o máximo de resposta.
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