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Ao contrário da maioria dos fungos, as espécies micorrizas são aliadas dos produtores. Elas trabalham em simbiose com as raízes, desenvolvendo uma grande quantidade de hifas extrarradiculares que ajudam na absorção de água e nutrientes e aumentam em 100 vezes a área de exploração do solo pelas raízes, segundo o pesquisador Élcio Libório Balota, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Isto traz uma série de benefícios nutricionais e faz com que as plantas se desenvolvam mais rapidamente, aumentando a produtividade e o teor de óleo das oleaginosas. Além disso, os fungos micorriza fazem com que a planta tenha maior tolerância a metais pesados, possibilitando o plantio de culturas em áreas contaminadas ou de mineração.
— A princípio, as pessoas pensam nos fungos como patógenos, causadores de doenças. Mas quando a gente fala em fungos micorrízicos estamos falando de um fungo com a capacidade de formar simbiose com as raízes das plantas, em que tanto o organismo quanto a planta têm benefícios. As plantas micorrizadas têm maior desenvolvimento, maior tolerância a sais, metais pesados e a patógenos. Em condições de baixo teor de fósforo, as plantas micorrizadas têm um padrão fotossintético até 40% superior às plantas não micorrizadas. Muitas plantas como a mandioca não conseguem se desenvolver sem a presença de micorrizas no solo, precisam da parceria com os fungos micorrízicos. É uma tecnologia que está pronta para ser usada em condições de viveiros, mas logicamente, ainda não dá para ser usada em larga escala. É muito importante para a gente conhecer a dinâmica dos fungos com a cultura para que a gente determine o melhor manejo que se deve dar ao solo para aumentar a população de fungos e aumentar as espécies mais eficientes — explica Balota.
Um grande benefício para os produtores do uso de fungos micorrízicos é a economia com gastos de fertilizantes. Como uma planta micorrizada tem a capacidade de absorver muito mais nutrientes, a quantidade de insumos aplicadas ao solo pode ser muito menor. Uma planta micorrizada em que é acrescentado 50 quilos de fósforo por hectare tem o mesmo desempenho do que uma não micorrizada em que será preciso de 200 a 300 quilos de fósforo. O produtor pode fazer uma economia muito grande gastando 6 vezes menos com fertilizante. Além de melhorar a absorção de nutrientes das plantas, aumentar a produtividade e reduzir custos, os fungos micorriza melhoram as características do solo. Eles têm a capacidade de agregação das partículas e produzem uma proteína chamada gomalina, que é responsável por cerca de 7% do carbono presente no solo. Ou seja, esta espécie de fungos contribui para o sequestro de carbono.
A tecnologia de aplicação dos fungos nas raízes das culturas ainda não está disponível em larga escala, mas os produtores podem tomar algumas medidas para aumentar naturalmente a população de fungos na plantação. Eles estão presentes na plantação de forma natural, o que se deve fazer é favorecer a proliferação destes fungos. Não revolver muito o solo, evitar utilizar máquinas pesadas, diversificar o plantio e não aplicar químicos sem necessidade são atitudes muito importantes. Segundo Balota, a maioria das práticas sustentáveis como rotação de culturas, diminuição do uso de fertilizantes e de agroquímicos e a adoção do plantio direto aumentam a atividade microbiana no solo e a diversidade de fungos micorrízicos.
— Estes fungos micorrízicos não só tem efeito na nutrição das plantas como aumenta a tolerância das plantas a metais pesados. Nas áreas em que há processo de mineração ou sofrem com metais pesados, estão sendo utilizadas plantas micorrizadas porque elas tem uma maior eficiência na regeneração desse solo. Foi descoberto há dez anos que estes fungos produzem uma substância chamada gomalina, que produz uma alta capacidade de colar as partículas do solo, aumenta a agregação do solo, observou-se que cerca de 7% de todo o carbono presente no solo é proveniente de gomalina, que é uma proteína de origem micorrízica. Na verdade, as micorrizas ocorrem de forma generalizada em todo o ecossistema, por isso ela tem uma grande importância econômica e ecológica porque ela tem um efeito nutricional nas plantas que são economicamente cultivadas e têm um papel-chave na sustentabilidade dos ambientes — ressalta.
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