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     22/11/2024            
 
 
    

O Brasil é referência mundial em produtividade florestal. Os plantios de eucalipto nacionais produzem, em média, 44 m³/ha/ano de madeira; já os de pinus proporcionam 38 m³/ha/ano, somente para citar as principais espécies plantadas. Essa produtividade é quase o dobro da alcançada por outros países com elevada produção florestal, como o Uruguai, o Chile e a África do Sul. Certamente, as condições climáticas do país contribuem muito para essa realidade, porém, de nada valeriam se não houvesse a contribuição de outro fator: a pesquisa.

Há 30 anos, a produtividade média de pinus e eucalipto no Brasil era metade da atual. Além disso, elevadas produtividades podem ser observadas em todas as regiões do país, mesmo regiões de baixa pluviosidade, como o norte de Minas e o interior do Nordeste, ou muito frias, como na região Sul. O potencial natural das espécies para produção de madeira foi impulsionado pelo melhoramento genético e o desenvolvimento de práticas silviculturais eficientes, consolidando os recordes de produtividade.

Desde sua criação, há 40 anos, a Embrapa desenvolve pesquisas para o setor florestal, tanto na área de manejo sustentável, como em silvicultura, seja de espécies nativas ou exóticas. A empresa conta, inclusive, com um centro especializado no tema, a Embrapa Florestas. Porém, as pesquisas em florestas são realizadas pelas diversas unidades da empresa, em especial as localizadas na região Norte, que estão inseridas no bioma Amazônia.

Consultando-se a carteira de projetos da Embrapa com a palavra-chave “silvicultura”, encontram-se 30 projetos concluídos e 26 em execução, abrangendo diversos temas, como proteção florestal, fertilização e nutrição, melhoramento genético e mudanças climáticas, entre outros. Ressalta-se que esses números incluem somente projetos liderados pela Embrapa, ou seja, não contam projetos de outras instituições nos quais há colaboração da Empresa.

Recentemente, a Embrapa modificou seu sistema de gestão de projetos, agrupando-os em “portfólios” e “arranjos”, cada um com um tema estratégico, como Mudanças Climáticas, Agroenergia e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Isso é bastante positivo para os pesquisadores, que podem direcionar melhor os seus esforços para elaborar projetos atrelados às prioridades da Empresa.

Com esse novo sistema, a Embrapa mostra mais uma vez seu compromisso com a pesquisa florestal brasileira, aprovando um portfólio e um arranjo de grande importância: o Portfólio de Recursos Florestais Nativos e o Arranjo de Projetos em Silvicultura de Espécies Exóticas na Amazônia. Percebe-se a preocupação em valorizar a biodiversidade brasileira ao mesmo tempo em que reconhece a importância do segmento de essências exóticas.

O Portfólio de Recursos Florestais Nativos engloba 44 linhas de pesquisa e desenvolvimento divididas em três vertentes: adequação ambiental, florestas plantadas (silvicultura) e florestas nativas (manejo florestal). No contexto da silvicultura, o objetivo do portfólio é desenvolver sistemas de produção que permitam aumentar a viabilidade dos plantios comercias de espécies nativas, diversificando o mercado e a base florestal brasileira, hoje dominada por um par de essências exóticas. Convém lembrar que não se pretende substituir as espécies exóticas pelas nativas, mas sim, agregar valor à biodiversidade brasileira e contribuir para o crescimento do setor florestal como um todo.

O Arranjo de Projetos em Silvicultura de Espécies Exóticas na Amazônia, liderado pela Embrapa Rondônia, é reflexo da tendência observada no setor florestal brasileiro de expansão de plantios para a região Norte e Nordeste. O arranjo abrange oito linhas temáticas, como melhoramento genético e propagação, tecnologia de produtos florestais, impactos e serviços ambientais e transferência de tecnologia. Embora sejam priorizados os eucaliptos e a teca, o arranjo também engloba acácia-mangium, pinus, mogno-africano e cedro-australiano, buscando a diversificação dos produtos florestais, madeireiros e não madeireiros, e a expansão sustentável da silvicultura na Amazônia.

Para que o portfólio de recursos florestais nativos e o arranjo de silvicultura de exóticas na Amazônia sejam bem sucedidos, as parcerias como setor público e privado serão de grande importância. Com os esforços e os recursos das equipes de pesquisa concentrados nos devidos objetivos, o setor florestal brasileiro seguirá batendo recordes por anos a fio.

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