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Uso e cobertura da terra no Cerrado serão mapeados
Projeto vai identificar e delimitar áreas de produção de grãos e de culturas perenes, pastagens, silvicultura, entre outras
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Nadir Rodrigues, Embrapa Informática Agropecuária
05/02/2014

Mapear e monitorar a dinâmica de uso e cobertura da terra no Cerrado brasileiro é o objetivo do projeto multi-institucional “Políticas para o Cerrado e monitoramento do bioma”, que vai detalhar as formações naturais remanescentes e as áreas antrópicas, isto é, aquelas modificadas pela ação humana. Os pesquisadores envolvidos nos estudos buscam melhor compreensão sobre as mudanças ocorridas na região e os impactos sobre o Cerrado. Para isso, estão elaborando um mapeamento, chamado TerraClass Cerrado, para identificar as áreas de vegetação natural e as alteradas, delimitando as áreas de produção de grãos e de culturas perenes, pastagens, silvicultura, entre outras.

Os estudos inéditos, que devem ser finalizados até o final de 2014, vão gerar bases de dados anuais que permitirão, por exemplo, um planejamento muito mais integrado da relação entre o uso da terra para agropecuária e a conservação ambiental. “Esse entendimento do uso da terra é fundamental para se ter uma visão estratégica e criar cenários para o futuro da agricultura brasileira e da conservação do Cerrado”, explica Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, diretor do Departamento de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e coordenador do projeto.

Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, conta com 2.039.386 km² de extensão, ocupando cerca de 25% do território nacional

O principal benefício é uma visão sobre como a agricultura está usando o Cerrado. Do ponto de vista da agenda brasileira de conservação da biodiversidade, é importante entender o uso da terra para conhecer onde estão acontecendo as maiores pressões para o desmatamento, onde devem ser criadas áreas protegidas, qual o impacto que podem ter sobre espécies ameaçadas, além da criação de corredores ecológicos entre as áreas protegidas existentes, afirma o diretor do MMA.

Entre as atividades a serem desenvolvidas estão o mapeamento das áreas de cobertura vegetal natural, cobertura vegetal antrópica, massas d´água, área natural não vegetada (afloramentos rochosos, dunas e praias fluviais) e áreas não-observadas (com cobertura de nuvens e queimadas). Nas áreas de cobertura vegetal antrópica, serão identificadas pastagens, culturas agrícolas anuais e perenes, silvicultura, espaços urbanos e mosaico de ocupações.

Além da geração de dados básicos para atender às demandas atuais relacionadas ao cálculo e modelagem de emissão e sequestro de gases de efeito estufa, pela dinâmica de uso da terra, os pesquisadores também querem entender o impacto que as políticas públicas de uso da terra promoveram no bioma Cerrado. Os estudos podem ajudar a compreender, por exemplo, qual a relação entre a legislação ambiental referente às reservas legais aplicada na Amazônia e a expansão de culturas temporárias e pastagem no Cerrado, de acordo com o pesquisador Alexandre Coutinho, da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

As pesquisas usam metodologia compatível com a adotada no TerraClass Amazônia, levantamento de informações de uso e cobertura da terra nas áreas desflorestadas da região para os anos de 2008 e 2010. O TerraClass Cerrado é uma ação desenvolvida no contexto do subprojeto “Monitoramento do bioma Cerrado”, realizado com o apoio da Iniciativa Cerrado Sustentável, implementada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). Essa iniciativa busca promover o aumento da conservação da biodiversidade e melhorar o manejo dos recursos ambientais e naturais do bioma, por meio do apoio a políticas e práticas apropriadas.

O TerraClass Cerrado reúne cinco instituições e conta com apoio financeiro do Banco Mundial. “É um esforço multi-institucional que mostra a importância de as organizações atuarem de forma integrada, aportando diferentes especialidades num esforço de buscar as complementaridades para gerar resultados importantes”, diz Scaramuzza. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, o projeto é realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (Unidades Amazônia Oriental, Cerrados, Informática Agropecuária e Monitoramento por Satélite), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe e Universidade Federal de Goiás – UFG.

Bioma
O Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, conta com 2.039.386 km² de extensão, ocupando cerca de 25% do território nacional. Sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo, além do Distrito Federal. Nesse espaço territorial, encontram-se as nascentes das quatro maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica, Araguaia-Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em considerável disponibilidade de recursos hídricos.

Com relação à diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando, nos diversos ecossistemas, uma flora com mais de 10 mil espécies de plantas, das quais 4.400 são endêmicas, ou seja, exclusivas daquela região. O bioma também abriga 111 espécies de fauna ameaçadas de extinção. De acordo com estudos de monitoramento do Ibama, baseado em imagens de satélite, 49,16% da cobertura vegetal original já foi desmatada.

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Fernando Cardoso-USP.ESALQ 10936
08/02/2014 11:39:18
Mais estudos e levantamentos, quando o problema de cultivar terras fracas de cerrado é um só: mais palha. Criar novo nível de fertilidade é especialidade dos produtores capazes de dar aulas a nós técnicos. Vamos todos motivar os produtores a manterem o solo recoberto de resíduos ensinando a eles as tecnologias existentes enquanto aguardamos procedimentos ainda mais eficientes resultantes da pesquisa. Estudos teóricos podem ensejar artigos na revista "Nature", mas têm significado menor para quem está produzindo.

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