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Gabriel Faria, Embrapa Agrossilvipastoril
27/12/2013
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Começou neste mês de dezembro o primeiro desbaste florestal na integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) da fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte. A propriedade é uma das Unidades de Referência Tecnológica acompanhadas pela Embrapa em Mato Grosso. O desbaste ocorre nas áreas com eucalipto, com configurações de linhas simples, duplas e triplas. As árvores foram plantadas há cinco anos.
Neste primeiro corte, são eliminadas do sistema as plantas mortas, defeituosas e as dominadas, ou seja, aquelas que tiveram um crescimento menor do que as demais. Com isto, busca-se aumentar a incidência de luz solar na pastagem, que serve de alimento para o gado dentro do sistema produtivo, e reduzir a competição entre as árvores, beneficiando os indivíduos com maior potencial de venda para serraria.
A madeira cortada nesta etapa será utilizada na própria fazenda. Estacas de 2,20 m de comprimento e com mais de 8 cm de diâmetro serão aproveitadas nas cercas. Já a madeira com menos de 8 cm será utilizada como lenha no secador de grãos.
De acordo com o engenheiro florestal e integrante do Grupo de Trabalho em iLPF da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop, MT), Diego Antonio, a intensidade deste primeiro desbaste não chega a 30% das árvores do sistema. Cada indivíduo abatido tem rendido, em média, de quatro a cinco estacas.
“Poderíamos até deixar as árvores engrossarem um pouco mais neste período de chuva, mas preferimos cortar agora porque é a época ideal para descascar o eucalipto. Como será feito o tratamento das estacas para uso nas cercas, o período de chuvas é a melhor época para descascá-las”, explica.
Antes de serem utilizadas na construção de cercas, as estacas cortadas na fazenda Gamada passarão por um tratamento de autoclave em uma usina da região como forma de aumentar a durabilidade.
De acordo com Diego Antonio, a expectativa é de que um novo desbaste seja feito em mais dois anos. Neste caso, entretanto, o critério para escolha das árvores abatidas será outro.
“Faremos o próximo desbaste não somente pelo diâmetro das árvores, mas sim pela quantidade de luz que incide na pastagem. Queremos equilibrar a entrada de luz no sistema visando à manutenção da produtividade da pastagem. Depois, o corte final será feito do 12º ao 15º ano. O produtor pode ir colhendo aos poucos, dependendo da demanda do mercado e do preço de madeira”, afirma Diego Antonio.
Avaliação econômica
Todo o procedimento de desbaste florestal está sendo monitorado, como forma de avaliar os custos operacionais, o rendimento do sistema integrado e o lucro da atividade. Este trabalho faz parte de um projeto em parceria entre Embrapa, Senar-MT e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que visa avaliar economicamente a iLPF em dez locais em Mato Grosso, as chamas Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTEs).
A Fazenda Gamada é uma delas e todo o trabalho de corte das árvores foi acompanhado de perto pela pesquisadora do projeto, Maria Denize Euleutério. “O objetivo é mensurar tempo de abate e se os diferentes tipos de renques (linhas simples, duplas e triplas) terão tanta influencia no desempenho (produtividade) do sistema. Também pretendemos obter um rendimento médio para tomada de decisão se é viável terceirizar ou utilizar funcionários próprios para essa atividade, pois ela é esporádica. Com isso, saber a relação custo beneficio nesse primeiro corte do sistema integrado”, explica Denize.
Além da fazenda Gamada, a avaliação econômica da integração lavoura-pecuária-floresta é feito nas fazendas Bacaeri (Alta Floresta), Brasil (Barra do Garças) Certeza (Querência), Gaúcha (Nova Xavantina), Pégasus (Marcelândia), Dona Isabina (Santa Carmen), Guarantã (Juara) e no campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop).
Fazenda Gamada
De propriedade de Mário Wolf, a fazenda Gamada tem como atividades a agricultura e a pecuária de corte. Desde 2009, instalou em uma área de 70 hectares sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. Nas configurações adotadas são testadas como espécies florestais o eucalipto e o pinho-cuiabano (paricá) em linhas simples, duplas e triplas; e a teca e pau-de-balsa em linhas triplas.
Nas três primeiras safras do sistema, foram plantados soja, arroz e milho. A partir do terceiro ano agrícola, com o crescimento das árvores, o capim entrou na área e iniciou-se a fase silvipastoril.
Conheça mais sobre a iLPF na fazenda Gamada no vídeo “iLPF: uma alternativa sustentável para a Amazônia mato-grossense”
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