
No Brasil, mais de 70% da produção de arroz é oriunda da Região Sul e é cultivado no sistema de irrigação por alagamento do solo. A produtividade do arroz irrigado tem aumentado anualmente em função de novas tecnologias, entre essas, novas cultivares mais produtivas e manejo adequado da água, de plantas daninhas, doenças e fertilizantes.
No entanto, em relação ao manejo do solo e da palha do arroz para o cultivo da safra do ano seguinte, essenciais para obtenção de altas produtividades, pouca evolução ocorreu ao longo dos anos, sendo o sistema de preparo convencional com arações e gradagens e o cultivo mínimo predominantes em quase sua totalidade na Fronteira Oeste do RS, que é a maior produtora de arroz. No sistema de cultivo mínimo, denominado erroneamente de “plantio direto”, faz-se o preparo anual e convencional do solo após a colheita e até um mês antes da semeadura e, antes desta é realizado apenas a aplicação de herbicida para o controle de plantas daninhas, aumentando assim, a quantidade de dias úteis para a semeadura. Isto é importante, pois nesta época ocorrem chuvas torrenciais e o solo permanece impróprio para semeadura vários dias após a chuva, por serem terras baixas e de difícil drenagem.
Segundo resultados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o preparo convencional do solo com arações e gradagens está diminuindo anualmente e está aumentando o sistema de cultivo mínimo (plantio direto) que já é utilizado em 75% das lavouras. Porém, nesse sistema é necessário preparo do solo com arações e gradagens e posterior contrução das taipas para retenção da água na superfície do solo durante o cultivo, demandando consumo elevado de combustíveis fósseis e de máquinas nessas operações, com danos ao meio ambiente e redução da rentabilidade do produtor.
Estudos desenvolvidos a partir da safra 2009/2010, cujos resultados já se encontram publicados em artigos científicos da área, foi verificada a viabilidade do cultivo de arroz irrigado por inundação em sistema plantio direto, mesmo sem cultivo de plantas no inverno, pois o arroz produz grande quantidade de palha que pode ser até prejudicial quando em excesso.
Por sua vez, o primeiro grande entrave para o cultivo de arroz irrigado em sistema plantio direto, em terras baixas que permanecem úmidas/alagadas grande parte do ano, é a elevada quantidade de palha que permanece na superfície do solo após o cultivo de arroz irrigado, em alguns casos superior a 10 toneladas por hectare de massa seca. Sabe-se que a palha apresenta elevada relação C/N, sua decomposição é lenta e que quando ocorre o alagamento do solo há a decomposição anaeróbica e liberação de ácidos orgânicos que podem prejudicar a germinação e crescimento do arroz na fase inicial, com resultados prejudiciais pouco expressivos na produtividade de grãos, conforme resultados obtidos na safra 2009/10, 2010/11, 2011/12, para várias cultivares de arroz, comparando sistemas de manejo com preparo convencional e sistema plantio direto. Assim, segundo os produtores, o preparo convencional prévio do arroz acelera a decomposição da palhada, diminuindo a quantidade desta quando inicia o cultivo na safra seguinte.
O segundo entrave é em relação à colheita do arroz que é realizada em condição de solo úmido/alagado gerando grande quantidade de sulcos superficiais, devido ao tráfego de máquinas, destruindo taipas e deixando a superfície irregular para o cultivo da safra seguinte, sendo necessário o preparo convencional e passagen de remaplan para nivelar o solo e posterior construção das taipas.
Diante deste cenário, estudos realizados durante três anos, na fazenda Fonte Rica, em Uruguaiana, RS, utilizaram uma tecnologia simples e barata. Inicialmente, a colheita deve ser realizada com solo mais seco possível, para diminuir a profundidade dos sulcos e o dano às taipas. Na sequência, com o solo úmido é realizado a passagem do equipamento rudimentar denominado tapadeira (fotos abaixo), utilizado no passado para incorporar a semente de arroz ao solo, que consiste de anéis e “dentes” de 5 cm de altura, que é passado na superfície do solo após a colheita com um trator de baixa potência e com alto rendimento de área diário, sem causar danos as taipas, acamando e misturando suavemente a palha ao solo e deixando a superfície do solo plana e apta para a próxima semeadura. Na fazenda citada acima, esse sistema já é utilizado em sua plenitude e está sendo difundido, pelos seus benefícios em economia de máquinas no preparo do solo e baixa necessidade de remonte de taipas da safra anterior, aumentando assim a rentabilidade ao produtor.



Além da economia de combustíveis e aumento da rentabilidade do produtor, outra vantagem do sistema plantio direto é a redução na emissão de metano e gases de efeito estufa, conforme já foi verificado em vários estudos, resultando em benefícios ambientais.
Para mais informações, o Prof. Amauri Nelson Beutler disponibiliza o fone: (55) 9974-6373.
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